Óscares: 6 novas categorias que poderiam ser criadas

6 Novas categorias que os Óscares deveriam criar em vez de ‘Melhor Filme Popular’

A Academia anunciou a criação de uma nova categoria: Filme Popular. Uma decisão polémica que coloca os Óscares numa posição de desespero na recuperação dos ratings televisivos e numa situação frágil face ao estatuto conquistado ao longo de 91 anos de história. Havia, pelo menos, seis outras categorias que poderiam ter sido criadas em vez desta.

A decisão da Academia apanhou em choque, um pouco por todo o mundo, os seguidores fieis da cerimónia dos Óscares. Ao querer premiar filmes que normalmente não são nomeados para os principais prémios nos Óscares (também conhecidos como os blockbusters), a Academia abre um precedente histórico: a celebração da popularidade em vez do mérito. Mas a criação desta categoria tem mais nuances para além desta: é também uma decisão elitista, especialmente num ano onde “Black Panther” se figurava como um candidato a ser nomeado para Melhor Filme, relegando para uma categoria de consolação todos os filmes que as “massas” sempre exigiram que estivessem presentes nos Óscares.

A montante deste anúncio está a tentativa de inverter o declínio dos ratings da emissão televisiva na ABC, tentando conquistar espectadores mais jovens mas, ao mesmo tempo, permitindo que os Óscares percam relevância e identidade. Adicionalmente, com esta decisão, a Academia declara automaticamente como “não populares” todos os filmes que não são nomeados para Melhor Filme Popular. Claramente o aumento do número de nomeados na  categoria de Melhor Filme (de 5 para até 10 nomeados) não permitiu que muitos candidatos mais mainstream se intrometessem na corrida pelo Óscar principal, mas confundir os melhores com os mais populares é um erro grave de identicade para a Academia das Artes e Ciências Cinematográficas.

No nosso entender, existiam categorias que há muito deveriam ter surgido e que a Academia podia ter criado. Eis seis exemplos paradigmáticos:

Melhor Elenco

Elenco de Mudbound

O Sindicato de Atores já o atribui, assim como os Critics’ Choice Awards, e está na altura da Academia também o fazer. O trabalho de equipa realizado através de um elenco não tem sido suficientemente valorizado ao longo da história dos Óscares, e tudo o que um grande elenco tem recebido nas cerimónias dos Óscares são os agradecimentos quando os seus pares vencem prémios individuais. Filmes como “As Serviçais”, “Mudbound”, “Moonlight”, “Grand Budapest Hotel”, e outros, são constituídos por grandes elencos que, à parte de parcas nomeações e alguns prémios (sobretudo em categorias de atores secundários), não foram devidamente reconhecidos pela Academia.

É claro que atribuir um prémio de Melhor Elenco a todos os atores principais desse elenco criaria um novo problema: a possibilidade de grande parte de Hollywood ter um Óscar, esse prémio quase inatingível para a grande maioria dos atores, e retiraria algum sentimento de “exclusividade” da estatueta dourada. No entanto, pesando os prós e os contras, parece-nos que os prós são preponderantes.

 




Melhor Ator/Atriz Jovem

The Florida Project
Brooklynn Prince em The Florida Project, de Sean Baker

Há uma grande dificuldade de atores e atrizes jovens de se intrometerem nas quatro categorias existentes para atores. É claro que há excepções (como os casos paradigmáticos de Anna Paquin e Quvenzhané Wallis), mas recentemente muitos foram os jovens atores que ficaram de fora da corrida, embora tivessem merecido, pelo menos, uma nomeação: casos de Jacob Tremblay (Room), Anya Taylor-Joy (The Witch), Brooklynn Prince (The Florida Project), Hailee Steinfeld (True Grit), Sunny Pawar (Lion) e Tye Sheridan (Mud), por exemplo. A criação de uma categoria dedicada a jovens atores (como já acontece com outros prémios da temporada), seria uma decisão acertada da Academia e o vencedor do próximo ano já teria nome: Charlie Plummer (Lean on Pete).




Melhor Performance Vocal/Motion Capture

O cinema vive de mutações e avanços tecnológicos constantes. O aparecimento da tecnologia motion capture veio oferecer um peso suplementar à categoria de Melhores Efeitos Visuais, mas essa é uma tecnologia que tem também uma componente de performance assinalável. Que o diga Andy Serkis, que na trilogia Planeta dos Macacos se transcende com interpretações sucessivamente superiores e que mereciam reconhecimento da Academia.

Há, por seu turno, um outro tipo de performances em que o ator não surge no ecrã com o seu corpo: as interpretações vocais. Estas são habitualmente associadas a dobragens de filmes de animação, mas não são exclusivas desse “género” cinematográfico (a soberba interpretação vocal de Scarlett Johansson em “Her”, de Spike Jonze, é um exemplo). São performances que envolvem técnica e destreza ao nível das interpretações físicas e que mereciam uma categoria própria. Como anualmente é difícil encontrar um número assinalável de performances vocais e motion capture capazes de originarem duas categorias únicas, propomos a união dessas duas formas de acting numa única corrida (à semelhança do que acontece na categoria de Melhor Maquilhagem e Cabelos).




Melhor Elenco de Duplos

Duplos de Mad Max Fury Road

Os filmes de ação têm vindo a superar-se a cada ano que passa, que o diga Tom Cruise que, a cada novo “Missão Impossível”, faz uma acrobacia mais arriscada que no filme anterior. Os duplos são parte integrante das obras cinematográficas e, sem eles, muitos filmes (de ação e não só) não poderiam ser concebidos. O Sindicato dos Atores já reconhece o desafiante trabalho do elenco de duplos nos seus prémios anuais, e está na hora da Academia fazer o mesmo.




Melhor Primeiro Filme

Jordan Peele
Jordan Peele realizador de Get Out

A Academia é uma associação quase centenária. Em 91 edições dos Óscares, apenas 19 realizadores(as) foram nomeados pela sua primeira longa-metragem para Cinema e, dentro desses 19, apenas 6 venceram: Kevin Costner (“Dances With Wolves”), Sam Mendes (“American Beauty”), Delbert Mann (“Marty”), James L. Brooks (“Terms of Endearment”), Robert Redford (“Ordinary People”) e Jerome Robbins (“West Side Story”). Quer isso dizer que a Academia revela alguma resistência em premiar estreantes. Assim, a criação de uma categoria dedicada a novos realizadores iria colocar os holofotes nesses estreantes e premiar o seu mérito, à semelhança do que o Sindicato dos Realizadores já faz desde 2015.




Melhor Diretor de Casting

Lily James vs Meryl Streep em Mamma Mia

De todos os membros da equipa de um qualquer filme que são creditados nos créditos de abertura desse filme, o diretor ou diretora de casting é o(a) único(a) que não possui uma categoria própria nos Óscares (via Chris O’Falt, do Indiewire). Apenas este facto diz muito sobre a injustiça que é cometida há 91 anos de história da Academia. Um diretor de casting é aquele que adequa o talento de atores para determinados papéis e, como tal, é difícil conseguir vencer um Óscar numa categoria de interpretação sem esse contributo decisivo do diretor de elenco.

Concordas com as nossas sugestões? Que outras categorias pensas que deveriam ser adicionadas pela Academia?

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