A Viagem dos Cem Passos, em análise

 

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  • Título Original: The Hundred-Foot Journey
  • Realizador: Lasse Hallström
  • Actores: Helen Mirren, Om Puri, Manish Dayal
  • ZON | 2014 | Drama | Romance | 122′

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“A Viagem dos Cem Passos” é um filme extremamente interessante, com várias vertentes, e do qual não é fácil extrair uma mensagem única.

Toda a história gira à volta do confronto entre a família Kadam e Madame Mallory (Helen Mirren), dona de um bem-sucedido restaurante de comida francesa. Os sabores intensos da comida indiana são uma ameaça para Mallory, que decide boicotar todos os esforços que os Kadam fazem para abrirem o seu próprio restaurante. Contudo, tudo muda quando o talento de Hassan Kadam (Manish Dayal) como cozinheiro se torna evidente, e Madame Mallory vê nele a segunda estrela Michelin que pretende ganhar, o que a leva a oferecer-lhe um emprego.

O contraste entre a intensidade da comida indiana e a subtileza da cozinha francesa é extremamente bem caracterizado, com diferentes cores e posturas na preparação dos pratos. No entanto, o que é especial nesta história é a componente humana.

Há momentos bastante cómicos, mas há também todo um leque de sentimentos complexos que são exibidos, e os atores são fabulosos na forma como os interpretam, sendo difícil dar destaque a algum deles, por estarem todos ao mesmo nível.

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“A Viagem dos Cem Passos” consegue retratar de forma fiel a falta de linearidade da vida real. O facto de alguém ter um sonho que pretende atingir pode ser bastante motivador, mas não garante que, uma vez atingido esse objetivo, a pessoa vá necessariamente ser feliz. Talvez acabe por descobrir que a felicidade esteve sempre noutro sítio. É também refrescante que o romance entre Hassan e Marguerite (Charlotte Le Bon) não seja previsível, havendo uma pluralidade de sentimentos contraditórios na sua relação, o que acaba por entreter bastante, pois a cada instante a forma como se relacionam parece mudar.

O problema com este filme é que se arrasta demasiado. Há diversos momentos que parecem, efetivamente, ser o final da história, momentos esses que começam a aparecer cerca de 30 minutos antes do verdadeiro final. Isto é problemático, pois acaba por confundir, e não se torna clara a mensagem do filme. Será que se deve perseguir uma ambição, ou devemos contentar-nos com a felicidade que já temos? Será que vale a pena sacrificar o amor por uma carreira, ou desistir de uma carreira por amor? Em cada um desses momentos, a resposta é diferente, e seria importante que esses momentos fossem algo mais fluídos e menos definitivos.

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No geral, “A Viagem dos Cem Passos” é um filme bonito sobre o valor da tradição, do amor, e da ambição, que nos deixa com um estado de espírito mais alegre, que nos faz mais felizes, ainda que por apenas breves momentos.

SL

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