Ate Nos Vermos La Em Cima

Até Nos Vermos Lá em Cima, em análise

 “Até Nos Vermos Lá Em Cima” traz-nos a história de Edouard e Albert, duas pessoas provenientes de classes sociais diferentes e que se conhecem num dos piores cenários possíveis: na Primeira Guerra Mundial. Contudo, nasce uma amizade entre eles, que ajuda a garantir a sobrevivência de ambos.

“Até Nos Vermos Lá em Cima” é um filme adaptado do livro homónimo de Pierre Lemaitre, que foi coroado com o Prémio Goncourt (muito importante na França). Albert (interpretado por Albert Dupontel, também o próprio realizador do filme) confessa alguns crimes que cometeu com boas intenções e leva o espectador num flashback intenso onde conta a sua história desde que conheceu Edouard (Nahuel Pérez Biscayart, de “120 Batimentos por Minuto“) até ao momento presente.

Albert e Edouard conhecem-se num dos piores cenários possíveis – no final da Primeira Guerra Mundial – mas logo aí nasce uma cumplicidade que evolui para uma amizade forte e muito característica. Logo nos primeiros minutos do filme é mostrado o primeiro contacto mais direto entre ambos, onde o espectador é presenteado com uma caricatura do detestado tenente Pradelle, feita por Edouard, introduzindo o público a duas coisas fundamentais e sempre presentes em todo o filme: o humor e a arte, esta última quase que personificada por Edouard.

Ate Nos Vermos La em Cima

Mais do que um filme anti-guerra, este é um filme sobre a importância da união, do altruísmo e da humildade, enfim, sobre o quão essencial (embora certamente difícil) é manter os valores pessoais, especialmente em alturas difíceis como essa, porque quem os mantém acaba por ser recompensado. Esta é a verdadeira mensagem de “Até Nos Vermos Lá em Cima”, mais do que explorar e acompanhar o interessante esquema que os dois recentes amigos juntam para conseguir dinheiro.

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“Até Nos Vermos Lá em Cima” está repleto de duas particularidades que o caracterizam: primeiramente, o humor, que encaixa tão perfeitamente no drama do filme e no que ele retrata (crime, trauma, morte, corrupção, …) que lhe confere um ligeiro toque de comédia negra – na medida certa – e que quase que o encaixa nesse género fílmico. Mesmo nas atitudes e acontecimentos mais graves ao longo do filme existe um toque de humor, que não desfaz a realidade do que o espectador vê, mas que o ajuda a encará-lo de outro modo. Chega a lembrar-nos de Chaplin e da maneira como a comédia ajuda em simultâneo a compreender a gravidade de certos acontecimentos e a retirar-lhes, de certo modo, a sua conotação negativa. Em segundo, a ironia da história, que nos prende do início ao fim e que, na previsibilidade do filme, ajuda a manter a expectativa do que vai acontecer de seguida. Na ânsia de que se chegue ao clímax, o público entrelaça-se em várias linhas de ação, desde a amizade de ambos, ao esquema que tentam pôr em prática, à mentira que ambos guardam da família de Edouard e histórias de (des)amor.

Ate Nos Vermos La em Cima

Desde Albert e Edouard ao tenente Pradelle, os atores fizeram um excelente trabalho, explorando muito bem a importância das expressões faciais, tendo sempre como premissa que, por vezes, o corpo fala mais do que as palavras. Todos eles estão bem caracterizados, especialmente Pradelle que, com o seu sorriso cínico, as suas atitudes deploráveis e o seu bigode cuidadosamente penteado, faz com que qualquer espectador se ponha contra ele. Até a maneira como ele aparece pela primeira vez no filme demonstra um ótimo trabalho de direção dos atores e de fotografia, lembrando os filmes de animação em que o vilão principal aparece da escuridão. Albert é tão altruísta que as suas atitudes são facilmente antecipadas e Edouard, apesar do seu terrível destino, prova que o passado nos influencia mesmo após acontecimentos traumatizantes, ao exigir que o seu amigo trabalhe para conseguir o dinheiro necessário no esquema que o próprio Edouard criou.

A maneira como Edouard se manifesta através da arte e como a usa como meio de comunicação é muito curiosa e interessante: prova a importância da mesma como escapatória e é um dos elementos mais cómicos e surrealistas do filme, tornando-se apaixonante. Aliás, é de sublinhar as fantásticas obras de arte criadas para os figurinos, tanto nos desenhos como nas máscaras.

Ate Nos Vermos La em Cima

A banda sonora do filme também merece destaque, pois as músicas têm a particularidade de incluir elementos sonoros típicos da comédia (especialmente da muda) e tem um papel essencial na criação do ambiente: se ela não existisse, por vezes, certas cenas seriam interpretadas de um modo mais sério e grave do que realmente são.

“Até Nos Vermos Lá em Cima” transmite uma bonita e importante mensagem (que nos dias de hoje parece menosprezada por já tantos filmes, livros, etc. a terem trabalhado) e onde, em certas alturas, se consegue perceber facilmente que existe um livro por detrás de toda a história, presentes no filme numa espécie de poesia imagética.

Já viste este filme e/ou conheces o livro? Concordas connosco? 

Até Nos Vermos Lá em Cima
Poster Ate Nos Vermos La Em Cima

Movie title: Até Nos Vermos Lá em Cima

Director(s): Albert Dupontel

Actor(s): Nahuel Pérez Biscayart, Albert Dupontel, Laurent Lafitte, Niels Arestrup, Émilie Dequenne, Mélanie Thierry

Genre: Drama

  • Maria João Sá - 80
80

CONCLUSÃO

“Até Nos Vermos Lá em Cima” é um filme cativante do início ao fim, com uma bonita mensagem e um toque de humor na medida certa e que, sem ele, perderia a sua essência.

O MELHOR: A mensagem do filme e o surrealismo e humor na medida certa.

O PIOR: Resumir um livro de mais de 600 páginas a 2h horas de filme não é fácil, mas talvez se pudesse ter encurtado um pouco a duração total ao excluir certas cenas que não são essenciais à história.

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