Ciclo “As Imagens Reencontradas” na Universidade de Lisboa

De 6 de abril a 25 de maio serão exibidos na Universidade de Lisboa, filmes sobre as memórias no cinema, no ciclo “As Imagens Reencontradas”.

Tendo em conta a agora constante “vaga” de filmes que têm a ser re-exibidos no grande ecrã, a Universidade de Lisboa prepara, para os próximos dois meses, um ciclo que tem o propósito de aproximar os jovens alunos das memórias da História do cinema.

As datas estão já afixadas, sendo que entre 6 de abril até 25 de maio, o Salão Nobre da Reitoria da Universidade de Lisboa promete receber espetadores dispostos a redescobrir a magia do cinema de outros tempos. Para mais, as sessões são sempre com entrada livre para todos os interessados, e decorrerão sempre às quintas-feiras pelas 18h30.

Madame De…de Max Ophuls será um dos filmes exibidos no ciclo

O ciclo “As Imagens Reencontradas” é da responsabilidade de Tiago J. Silva, estagiário curricular no Núcleo de Programação Cultural da Reitoria da Universidade de Lisboa, e procura retomar problemáticas ainda contemporâneas relacionadas com a sétima arte. Segundo o próprio

O ciclo As Imagens Reencontradas organiza-se com o propósito de problematizar questões relacionadas com a cinefilia, tentando fazer justiça às memórias e imagens que recordamos da História do Cinema. A escolha dos filmes coube a cada convidado, e pediu-se apenas que se cumprisse um requisito: o filme em questão tem de ser um filme que recordem da História do Cinema — e, portanto, um dos filmes das suas vidas. O fio condutor será então evidenciado pelas relações que se forem estabelecendo ao longo do ciclo, e aquelas serão, porventura, mais proveitosas do que seriam no caso de nos decidirmos focar num tema pré-definido.”

O programa completo e cartaz promocional ao ciclo “As Imagens Reencontradas” pode ser consultado aqui. Já as informações adicionais e sinopses respetivas de cada um dos filmes exibidos podem ser conhecidas abaixo.

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LISTA COMPLETA DE FILMES DO CICLO “AS IMAGENS REENCONTRADAS”

Senso | Realizado por Luchino Visconti (1954) – Apresentação de Tiago J. Silva

6 Abril

Momento absolutamente fundamental na obra de Luchino Visconti, SENSO é o filme em que o melodrama atinge o seu apogeu. A história de amor condenado entre a Condessa Livia Serpieri (Alida Valli) e o tenente Franz Mahler (Farley Granger), que tem como pano de fundo os últimos dias da ocupação austríaca em Itália, começa na ópera para lhe herdar o tom e a teatralidade extasiante. Quando o par percebe que a sua existência não pode ser “alheia ao Céu e ao Inferno”, como se diz no poema de Heine que Franz cita, é já tarde demais.

 

Rio Bravo | Realizado por Howard Hawks (1959) – Apresentação de Mário Jorge Torres

20 de abril

Em RIO BRAVO, Howard Hawks reúne lendas do western para examinar e transgredir as regras do próprio género cinematográfico. O xerife John T. Chance (John Wayne), depois de prender o criminoso Joe Burdette (Claude Akins), sabe que terá de proteger a cadeia com a sua vida: é que Nathan (John Russell), o irmão de Joe, não olhará a meios para libertá-lo. Para o ajudar com a sua tarefa, Chance contará com a companhia de Stumpy (Walter Brennan), Dude (Dean Martin) e Colorado (Ricky Nelson). Entre os tiros, há canções, conversas e paixões antigas.

 

Halloween | Realizado por John Carpenter (1978) – Apresentação de Fernando Guerreiro

27 de abril

HALLOWEEN é um dos mais célebres filmes de terror de sempre, e deu origem a inúmeras imitações e variações que continuam a surgir no cinema actual. Mesmo quem não o viu consegue identificar de imediato a banda-sonora e reconhecer o perturbador Michael Myers. Ancorando a acção no seio da vida adolescente nos subúrbios americanos, John Carpenter foca-se no regresso do assassino a Haddonfield depois da sua evasão do hospício. A data que Myers escolhe para o fazer não é acidental: é noite de Halloween e faz 15 anos desde que assassinou a irmã.

 

Il Divo | Realizado por Paolo Sorrentino (2008) – Apresentação de Simão Valente

4 Maio

Os números que marcaram a carreira de Giulio Andreotti são invulgares: foi ministro dezanove vezes e primeiro-ministro italiano sete vezes. Foi também acusado vinte e nove vezes – e absolvido em igual número. Em IL DIVO, Toni Servillo dá corpo ao homem que chegou a ser comparado a Júlio César, e Paolo Sorrentino detém-se especialmente nos abusos de poder, vínculos criminosos e jogos de influência protagonizados pelo político. O filme, sendo narração de uma biografia com pormenores inusitados, é também retrato de um sistema viciado e decadente.

 

Ladrões de Bicicletas | Realizado por Vittorio De Sica (1948) – Apresentação de Ivo Canelas

11 Maio

“Tenho sido amaldiçoado desde o dia em que nasci”. Quem o diz é Antonio Ricci (Lamberto Maggiorani) em LADRI DI BICICLETTE, filme maior de Vittorio De Sica e exemplo perfeito do neo-realismo italiano em pleno. Depois de lhe roubarem a bicicleta, de que precisa desesperadamente para poder trabalhar, Antonio vagueia por Roma com o filho Bruno (Enzo Staiola) na esperança de a reaver. As deambulações pela cidade, autênticas meditações sobre a pobreza e o pós-guerra, trarão dilemas morais e sérias decepções.

 

Madame De… | Realizado por de Max Ophüls (1953) – Apresentação de Clara Rowland

18 Maio

Max Ophüls, em MADAME DE…, conta uma história de paixão e traição através do percurso acidentado de um par de brincos. A prenda de casamento que o General André (Charles Boyer) oferece à Madame Louise (Danielle Darrieux) será vendida e recuperada inúmeras vezes, e passará pelas mãos de amantes e diplomatas. Os enganos e as infidelidades na Paris do século XIX são filmados por Ophüls de modo fulguroso, e MADAME DE… contém aquela que é considerada a cena mais bela de todos os seus filmes – o interminável baile entre Louise e o Barão Donati (Vittorio De Sica).

 

Gloria | Realizado por John Cassavetes (1980) – Apresentação de António M. Feijó

25 Maio

Gena Rowlands, na oitava de dez colaborações com John Cassavetes, tem em GLORIA uma das suas mais pungentes e carismáticas personagens. A mulher que dá título ao filme vê-se obrigada a fugir da máfia ao mesmo tempo que protege Phil (John Adames), filho dos vizinhos que acabam de ser assassinados pela organização, e que tem em sua posse informações importantes. Pensado inicialmente enquanto guião que venderia a um grande estúdio, o filme acabou por ser realizado por Cassavetes a pedido da actriz, e tem como referência os primeiros filmes de gangsters da Warner Brothers.

Consulta também: Guia das Estreias de Cinema | Março 2017

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