CineEco 2016: Nuclear, Não Obrigado!
O 22º CineEco-Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela, que vai realizar-se de 8 a 15 de Outubro próximos, anuncia na próxima quinta, 22 de Setembro a sua Seleção Oficial 2016, sob o signo do ‘Nuclear, Não Obrigado!’
A sessão de lançamento do CineEco 2016 vai realizar-se na próxima quinta-feira, 22 de Setembro às 21h30 no Cineteatro da Casa Municipal da Cultura de Seia às 21h30. Apesar da actualidade do tema do nuclear — relacionado com os novos desenvolvimentos sobre a segurança da central de Almaraz na fronteira com Portugal — o CineEco vai abrir de uma forma mais soft com o documentário Amanhã, de Cyril Dion, um filme sobre ambiente e sustentabilidade que estreou e passou um pouco despercebido recentemente nas salas nacionais. A questão forte da edição deste ano relacionada com os perigos da energia nuclear ficará para mais tarde de 8 a 15 de Outubro, nos auditorios da Casa da Cultura de Seia, mas igualmente nas escolas do concelho (CineEco Vai às Escolas), na comunidade (CineEco na Cidade) e em redor do Parque Natural da Serra da Estrela.
A Sessão de Abertura propriamente dita do CineEco 2016 vai realizar-se a 8 de outubro, a estreia absoluta em Portugal de A Suplicação-Vozes para Chernobyl, de Pol Cruchten, um filme baseado no best seller de Svetlana Alexievitch, Prémio Nobel da Literatura 2015, um livro publicado em Portugal pela Elsinore. A evocação dos 30 Anos da tragédia de Chernobyl e as recentes dúvidas levantadas sobre a segurança da velha central nuclear espanhola de Almaraz, localizada a uma centena de quilómetros da fronteira com Portugal, e que usa as águas do Tejo para o seu arrefecimento, justificam este regresso ao apelo ‘Nuclear, Não Obrigado!’.
Vê trailer de A Suplicação-Vozes de Chernobyl
O slogan dos activistas das décadas 70 e 80, contra a energia nuclear mantêm-se actual, embora depois do desastre de Fukushima, em 2011, a opção por esta forma de produção de energia, tenha sido abandonada por vários países. Em Portugal felizmente nunca se consolidou, embora da vizinhança Espanha venham alguns riscos em caso de acidente nuclear, pois há várias centrais ainda em actividade.
A Suplicação-Vozes para Chernobyl, de Pol Cruchten (Luxemburgo), um ensaio cinematográfico, baseado na obra de Svetlana Alexievitch, escritora que ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 2015. Trata-se de um extraordinário relato de memórias, que testemunham os 30 anos do desastre nuclear de Chernobyl, a 26 de Abril de 1986, em Pripyat, na antiga União Soviética, (agora Ucrânia). Em outro sentido a Competição de Longas-Metragens fechará com um espantoso espectáculo visual: o filme Furação, de Cyril Barbancon, Jacqueline Farmer, Andy Byatt (França), uma incrível viagem ao coração de um dos fenómenos climáticos mais impressionantes e destruidores da natureza, e que têm aumentado devido ao aquecimento global.
Se ’Nuclear Não Obrigado!’, ajudou a fundamentar a Selecção Oficial e uma linha de programação do CineEco 2016, esta mantêm-se sempre diversificada, incluindo os melhores filmes do mundo, que proporcionam uma reflexão profunda sobre os grandes temas ambientais da actualidade.
Assim ao todo esta Seleção Oficial do CineEco 2016 inclui como em edições anteriores, quase de 100 filmes, de mais de 20 países, repartidos por várias seções competitivas: Longas, Médias e Curtas Metragens Internacionais, Séries, Documentários e Reportagens de Televisão, Longas e Curtas Metragens da Lusofonia, Panorama Regional e ainda as Sessões Especiais: a começar com Crescimento Sagrado, de Marie Monique Robin (França), um filme anti-crise sobre como em todo o mundo é possível regressar ao crescimento económico, obra vencedora do FINCA 2016-Festival de Cinema Ambiental (Buenos Aires).
Na Competição Internacional de Longas Metragens, destacam-se igualmente um conjunto de filmes que reflectem as várias preocupações da crise ambiental no mundo, nos dias de hoje, e esta secção inclui desta vez dois filmes em língua portuguesa: A Morte Diária, de Daniel Lentini (Brasil), sobre as alterações da paisagem e a desertificação no estado de Minas Gerais e Rio Corgo, de Maya Kosa & Sérgio da Costa (Suíça/Portugal), um dos filmes portugueses que esteve na última Berlinale 2016, sobre a solidão e isolamento no interior do nosso País; os dois filmes que dialogam, concorrem em simultâneo à Competição da Lusofonia.
Na Competição Internacional de Longas Metragens destaque ainda para outras obras que vão decerto agradar aos espectadores e que fazem apelo à consciência ambiental: A Vida Em Chamas, de Manuel H. Martín (Espanha), sobre o corpo especial de bombeiros que luta contra os poderosos fogos na Andaluzia, Flores do Futuro: Dobra Voda, de Valérie Valette (França), um filme que oferece um conjunto de perspectivas sobre uma boa utilização da água a pequena escala, incluíndo no dia-a-dia das nossas casas, O Normal É Mais Que Um Filme, de Renee Scheltema (África do Sul), uma viagem pelo mundo à procura de soluções contra o declínio ambiental, Sempre a Terra, de Sarah Grohnert, (Nova Zelândia), sobre a defesa dos direitos de propriedade de uma tribo Maori, Terra Preta, de Dennis Rätzel (Alemanha), uma visão de como transformar as fezes humanas num poderoso fertilizante natural, e por último Os Guardiões da Água. Carnia Revolta-se, de Giulio Squarci, um filme que descreve como os habitantes de uma pequena localidade alpina se mobilizaram para reagir a uma tentativa de privatização dos serviços hídricos.
Estes e outros temas com enfoque ambiental e de sustentabilidade, farão parte da vasta programação do CineEco 2016, que assinala a sua 22ª edição ainda com as habituais Sessões Infantis e Sessões Para Escolas. Este ano o CineEco vai mesmo às Escolas, em vez das Escolas virem ao CineEco. Vão realizar-se igualmente um conjunto de atividades paralelas, como exposições, festas, e debates com destaque para uma conversa com convidados especiais que se debruçará sobre o tema-chave do ‘Nuclear, Não Obrigado!’.
JVM
