Cinema Europeu? Sim, por favor | Num Mundo Melhor

 

Hævnen (dinamarquês para “vingança”) ou, na tradução portuguesa, Num Mundo Melhor, é um filme sueco-dinamarquês realizado por Susanne Bier, com argumento de Anders Thomas Jensen, vencedor do Óscar de Melhor Curta-Metragem em 1999 com Election Night.

Abençoado desde inicio com uma veia galardoada pela Academia, Num Mundo Melhor venceu o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2011, bem como o Globo de Ouro com a mesma denomicação.

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Susanne Bier arregaça as mangas ao pé do monitor de cena e exemplifica deliciosamente que é evidente que existe um lugar no pódio para as mulheres europeias.

A película de 119 minutos acompanha duas famílias distintas que se cruzam devido à amizade dos seus respetivos filhos, Christian (William Jøhnk Nielsen) e Elias (Markus Rygaard). Christian acaba de se mudar de Londres com o pai Claus (Ulrich Thomsen) após a morte da mãe, provocada por uma dura luta contra o cancro, Elias vive na pacata cidade com o irmão mais novo e a mãe Marianne (Trine Dyrholm) que está no momento num processo de divórcio com o seu pai, Anton (Mikael Persbrandt).

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Colocando em foco uma história de duas crianças num estado vulnerável, a ação do filme tem um ritmo semelhante a uma infeliz lembrança de infância, que levou a um propósito maior e certamente mais alegre. O filme se Bier é um deleite ensaio sobre a moralidade e o peso das ações e experiências, não só na vida dos mais novos, mas na vivência dos mais velhos.

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Cada personagem tem o seu fardo pessoal e toda a simbiose representa um ainda maior. Christian sofre a morte da mãe, a perda de confiança no pai e a rebeldia de o(s) vingar em alguém; Elias é agredido na escola, torna-se solitário e frágil. Claus fecha-se na sua bolha de luto e de autocomiseração, Marianne amargura uma traição mas anseia o amor e Anton, no papel de médico e individuo social, trava uma batalha entre a ética e a moral. Em conjunto, todos precisam de um novo motivo, um novo céu – um mundo melhor.

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O lugar comum da narrativa é apresentado com acidez e maldade, um universo repleto de violência porque se pode e falta de compaixão porque se quer. Como lição de valores, Jensen pega no exemplo mais antigo e eficaz, que resulta deleitavelmente bem: a educação. Os pilares do desenvolvimento e as estradas percorridas pelo cimento da última telha são enaltecidos através do papel fundamental que a família desempenha neste filme. Evitando uma catástrofe maior após o grande climax, são os progenitores que iluminam o destino das crianças confusas, e as crianças que acordam os pais para o que de mais valioso têm no momento – que está diante dos seus olhos, que é só deles e que deve merecer mais atenção que o passado. Os laços de sangue, e de alma.

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Retratando as temáticas violência-vingança, Num Mundo Melhor representa sobretudo a lição de uma vida. Citando David Hemmings em Blowup (1966) de Michelangelo Antonioni, “Nada como um pouco de caos para pôr as coisas em ordem”.

 

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