Citizenfour, em análise

 

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  • Título Original: Citizenfour
  • Realizador: Laura Poitras
  • Com: Edward Snowden, Glenn Greenwald, William Binney
  • Medeia | 2014 | Documentário | 114′

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“Citizenfour” merece o Óscar de Melhor Documentário devido à importante discussão que lança em relação à privacidade (ou falta dela), e ao envolvimento governamental nas nossas vidas. Revela um contacto mais intímo com Snowden, sem toda a agenda política que esteve presente em 2013, quando foi revelado que a NSA (National Security Agency) guardava indiscriminadamente inúmeras comunicações de cidadãos americanos e estrangeiros.

Tudo começa quando Laura Poitras recebe emails anónimos de uma fonte que afirma ter provas da existência deste acto de procura extensiva de informação por parte da NSA. Desenvolve-se um diálogo entre Laura e o anónimo Citizenfour, que culmina num encontro entre ambos em Hong Kong para discutirem as ditas provas e começar um plano de divulgação ao público. É aí que conhecemos Edward Snowden, a pessoa e não o terrorista que nos foi apresentado por parte do governo dos EUA.

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Muitos mais detalhes importantes são revelados neste documentário, como a existência de uma lista de milhões de pessoas a serem observadas atentamente devido à possibilidade de divulgarem este tipo de informação secreta. Muitos poderão questionar-se por que motivo foi esta divulgação tão explosiva, pensando que as simples conversas que ocorrem no dia-a-dia não serão assim tão importantes, nem terão informação tão sensível. O problema encontra-se maioritariamente na metadata, que basicamente consiste no acto de associar dados a outros dados, formando então uma história que poderá nem corresponder à verdade. É também assustadora a potencialidade de manipulação económica que advém da posse de certa informação.“Citizenfour” revela os bastidores da divulgação de toda esta informação, indo directamente à fonte, Edward Snowden, que toma esta decisão aceitando que nunca mais será livre, no verdadeiro sentido da palavra.

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A acção acompanha Snowden até à sua nova vida em Moscovo, e simultaneamente inclui testemunhos de outras pessoas revelantes para o tema, como William Binney, ex-Director Técnico da NSA. O documentário consegue ser algo lento e informal, por vezes, mas este não é necessariamente um ponto negativo, pois há uma maior noção da urgência com que estas filmagens foram realizadas, não havendo tempo para uma preparação mais intensa.

Não há qualquer dúvida de que o conteúdo supera o estilo no caso de “Citizenfour”, e que o seu tema faz com seja merecedor do Óscar que recebeu.

SL

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