Classic Fever | Bonnie e Clyde (1967)

 

Bem-parecidos, românticos e… violentos. Bonnie e Clyde armam-se de charme e revólveres para tomar de assalto a primeira ronda da nova rubrica da MHD.

 

Clássicos. Tenho de os ver… já pus aqui na lista. Mas entretanto já não sei por onde começar. O que é que vejo primeiro? O que é que vale realmente a pena?

Porque conhecer Cinema não é só olhar para o presente e para o futuro, mas também aprender com a história do passado, iniciamos hoje uma nova rubrica que revisita alguns dos maiores clássicos do meio. E porque não faz sentido entrar em areias movediças aborrecidas, resolvemos começar com um BANG! – figurativa e literalmente.

 

 

O QUE É QUE VOU RELEMBRAR HOJE?

“Bonnie e Clyde” (1967), de Arthur Penn e protagonizado por Warren Beatty e Faye Dunaway.

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MAS AFINAL DO QUE É QUE TRATA?

Bonnie Parker, uma jovem aborrecida com a vida, anseia por uma mudança radical. Quando conhece Clyde Barrow, um criminoso que acaba de sair da prisão, apaixona-se e juntos dão início a uma espiral de assaltos, fugas e mortes, de Oklahoma ao Texas. Depressa a sua fama se estende a todo o país, e alguns chegam a mostrar orgulho de terem sido assaltados pela dupla de gangsters românticos. Mas para as autoridades, a sua vida de crime deve ter um rápido ponto final…

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PORQUE É QUE NÃO POSSO PERDER?

Depois da chamada “Era de Ouro” que vigorou entre 1927 e meados dos anos 60, Hollywood estava finalmente pronta para sujar as mãos. Depois de este período clássico ter aderido a um código rígido que impedia, entre muitas outras coisas, a glorificação de comportamento criminoso, a glamourização da violência ou a corrupção do véu inocente da união do casamento, a galvanização alimentada pelo incendiário “Bonnie e Clyde” é creditada como uma das principais razões para o desaparecimento deste regulamento apalavrado, abrindo caminho à produção de uma diversidade de outros filmes controversos, particularmente a partir dos anos 70.

Pioneiro e sangrento sem precedentes, o agora clássico de Arthur Penn que ajudou a estrear Nova Hollywood (com pozinhos de inspiração da Nouvelle Vague francesa) foi um dos filmes americanos mais importantes da década de 60 e o “lovers on the run” que inspirou todos os outros “lovers on the run” que se seguiram. Numa combinação explosiva de comédia, romance, terror e violência furiosa, foi produzido pela Warner Bros para redefinir o género gangster (que o estúdio tinha trabalhado por desenvolver nos anos 30) e, com bastante grau de sucesso, romantizar e renovar as possibilidades do retrato da violência no Cinema para sempre.

Foi muito pela sua abordagem polémica que, aquando da estreia, primeiro vieram os olhares enviesados e as críticas ferozes. Grande parte de receção negativa teve origem na massa crítica old school, tendo sido os seus seguidores mais jovens a sair em defesa de um filme que julgavam perfeitamente contextualizado com o horror civil visto na realidade americana da época.

Todavia, e depois de uma cobertura extensiva na revista TIME, um relançamento estratégico e uma posterior aclamação crítica das camadas jovens e mais progressistas, acabou mesmo por ser nomeado para 10 Óscares da Academia (chegando a ganhar dois).

Apesar das liberdades criativas tomadas no enredo em relação à história real em que se baseia, “Bonnie e Clyde” foi ainda um vanguardista narrativo, bebendo do género gangster a maior parte da sua mistura, mas não dispensando o tempero das tradicionais tragédias românticas, road movies e até da comédia screwball.

Pensamos continuar a desenterrar razões para estar na vossa lista de clássicos a ver mas… precisamos dizer mais?

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UMA FRASE PARA A POSTERIDADE

We rob banks!

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PARA FICAR NO OLHO E NO OUVIDO (DA MENTE)

 

 

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