Caminha Comigo

Caminha Comigo, em análise

Sai do teu quotidiano com “Caminha Comigo” e embarca numa viagem ao lado de Thích Nhất Hạnh pelo mindfulness (atenção plena) que te levará à paz interior.

Apresentado como um documentário, “Caminha Comigo” de Marc J. Francis e Max Pugh é uma obra contemplativa que transmite paz e serenidade desde o início ao fim. Curiosamente, a grande parte do filme não segue o mestre mas sim os seus discípulos, mostrando desde o momento em que abandonam os seus estilos de vida antigos e ingressam numa jornada essencialmente espiritual até a uma longa estadia e o modo como vivem nesta nova casa.

Caminha Comigo

Atualmente com milhares de seguidores, podendo ser praticado mesmo por aqueles que não desejam abandonar completamente o seu modo de vida moderno, o Mindfulness pretende ajudar o individuo a largar as suas preocupações sobre o passado e o futuro, e a concentrar-se no momento presente. Como explica Thích Nhất Hạnh, um monge exilado pelas suas tentativas de levar a paz a um Vietname em guerra e o homem por detrás da Plum Village, um dos mosteiros mais conceituados do mundo do Mindfulness: “O passado já passou, o futuro está por vir, temos apenas o aqui e agora”.

A primeira parte da obra é passada na Plum Village, com os monges e as freiras. Conhecemos o seu dia-a-dia, os seus rituais, e descobrimos a paz em que vivem. Os planos são longos, com pouco movimento, e a montagem é graciosa, adornada com música calma. Francis e Pugh são uma “mosca na parede” e oferecem um documentário em que a sua presença é maioritariamente invisível – eles não estão lá para mudar a vida destas pessoas mas sim para a observar pacificamente e aprender com ela.

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Eles vivem tão isolados do caos moderno que os únicos sons que ouvimos são a natureza, os murmúrios dos monges e das freiras, os cânticos, e os sinos. Sentimos o seu gosto pelos pequenos prazeres como uma chávena de chá, meditação, o convívio silencioso e até mesmo a neve no exterior do mosteiro. Mas tudo isto termina quando viajam até à cidade e os sons da cidade, para a maioria de nós habitual, tornam-se ruído infernal – queremos sair dali e regressar à natureza. É, aliás, durante esta mudança que vemos uma cena que vale a pena mencionar na qual um grupo de membros do mindfulness meditam na cidade enquanto um senhor grita com eles dizendo que a sua religião é uma mentira – enquanto uns usam a violência para espalhar as suas ideologias e moldar o mundo, os monges vivem o seu momento com a sua meditação, no meio do caos mas, ao mesmo tempo, longe de tudo.

TRAILER | EMBARCA NUMA VIAGEM ESPIRITUAL

Intercalado com os monges temos pequenos trechos de “Fragrand Palm Leaves”, do mestre, lidos por Benedict Cumberbatch. O livro é um conjunto de entradas do diário de Thích Nhất Hạnh, escritas entre 1962 e 1966 (lembrando que a guerra do Vietnam esteve em curso entre 1955 e 1975). Palavras que nos levam a um conceito agora mais importante do que nunca. Numa era de violência, o Mindfulness procura encontrar a paz interior e a paz com os outros. Cumberbatch, narrador, é uma ótima escolha e encaixa na perfeição, com o seu tom de voz calmo e sereno.

“Caminha Comigo” é um filme para todo o tipo de público e uma excelente razão para sairmos do nosso mundo caótico do trabalho – casa, casa – trabalho, e aproveitar hora e meia de paz e reflexão, deixando o passado e as preocupações do futuro para nos concentrarmos no agora.

Caminha Comigo, em análise
Caminha Comigo

Movie title: Walk With Me

Director(s): Marc J. Francis, Max Pugh

Actor(s): Benedict Cumberbatch, Irmão Pháp De, Irmão Pháp Dung, Thich Nhat Hanh, Irmão Pháp Huu, Irmã Chân Không, Irmão Pháp Linh, Irmã Dang Nghiêm, Irmã Dinh Nghiêm, Irmão Pháp Siêu

Genre: Documentário

  • Ângela Costa - 80
80

CONCLUSÃO

O filme apresenta o Mindfulness ao espectador comum e mostra de que forma nos podemos abstrair do caos em que vivemos, das preocupações constantes, e reconcertarmos-nos com a natureza.

O MELHOR: A mistura entre o diários de Thích Nhất Hạnh e o dia a dia dos seus discipulos que nos oferece um olhar próximo ao seu estilo de vida – um convite ao Mindfulness – mostrando que qualquer um pode seguir este pensamento.

O PIOR: Por vezes, especialmente durante a parte filmada na cidade, viaja rapidamente entre espaços sem que haja uma ligação entre eles.

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