A Feiticeira do Amor

A Feiticeira do Amor, em análise

Anna Biller traz-nos em “A Feiticeira do Amor” a história de paixão e poder de uma mulher que embarca numa perigosa jornada em busca do amor perfeito e da confiança perfeita.

Elaine (Samantha Robinson) é uma jovem que após a perda do marido entra numa viagem em busca de um novo amor. Para isso, junta-se a um culto wicca que adora a mulher num nível quase divino. Inicialmente inocente, a obra vai se tornando cada vez mais negra, explorando o pior das personagens e a sua auto-destruição.

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Símbolo da superioridade e do natural, a mulher é colocada como um ser divino que usa a sua sensualidade para manipular os homens e lhes trazer prazer eterno – contudo, a realidade não é bem assim, algo que Elaine vai descobrir ao longo do filme. Aparentemente forte e determinada, a protagonista é na realidade uma mulher fraca e patética, incapaz de sentir emoção, que usa os outros para seu próprio beneficio, descartando-os quando já não lhes vê utilidade.

Visualmente, “A Feiticeira do Amor” bebe do cinema dos anos 60 quer na direção artistica, como no guarda-roupa e na maquilhagem. O mundo do filme mistura o tempo presente do Século XXI com detalhes de um passado que ainda nos atrai e que encaixa na perfeição – definitivamente um dos pontos altos. O outro ponto alto é a banda sonora que possui sempre um grande significado. Nos momentos mais doces e felizes a música adota um tom negro, sinistro e arrepiante, acompanhado frequentemente de cenas paralelas de violência ou pensamentos violentos pronunciados por uma voz-off. Por outro lado, os momentos mais sombrios são adornados com uma melodia doce.

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A obra começa a pecar perto do fim do segundo ato quando a narrativa pouco já tem a explorar e se torna repetitiva. Para piorar, os pensamentos das personagens, as suas ambições e desejos, começam a ser transmitidos de uma forma um tanto ou quanto preguiçosa – via voz-off. Em vez de nos ser mostrado um pouco da vida de um personagem, que se tornaria no grande amor de Elaine, o filme pura e simplesmente leva-nos a uma peça de teatro desinteressante e onde nada acontece enquanto ouvimos o casal dizer o quão odeia ou adora o amor. E para que servem estar informações adicionais? Nada. As personagens chegam a um ponto em que não evoluem dando a sensação que era preciso terminar o filme mas sem se saber bem como, então as cenas vão decorrendo quase sem ligação ou propósito até chegarmos aos momentos finais que se ligam de forma maravilhosa com o início.

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No final Elaine guia-nos ao fim de um ciclo macabro que quase nos passa despercebido. No final os homens de quem Elaine se apaixona mergulham numa espiral de auto-destruição e não há nada que possa fazer senão aceitar e mergulhar também ela nessa espiral. Nada acontece por acaso. Os planos pormenor, a montagem frequentemente em raccord, a música distorcida, o modo como as personagens se movem, tudo ser um propósito maior, um destino do qual ninguém conseguirá escapar.

TRAILER | SERÁS A PRÓXIMA VÍTIMA DESTA FEITICEIRA DO AMOR?

“A Feiticeira do Amor” estreou nos cinemas portugueses em outubro e já se encontra disponível em DvD. Se gostas de filmes que bebem de um sentimento retro e que exploram o lado mais negro da mulher, então tens aqui uma obra a não perder.

A Feiticeira do Amor, em análise
A Feiticeira do Amor

Movie title: The Love Witch

Director(s): Anna Biller

Actor(s): Samantha Robinson, Jeffrey Vincent Parise, Laura Waddell, Jeffrey Vincent Parise, Jared Sanford, Robert Seeley, Jennifer Ingrum, Randy Evans, Clive Ashborn

Genre: Comédia, Horror

  • Ângela Costa - 60
  • Cláudio Alves - 80
70

CONCLUSÃO

Elaine é uma mulher destroçada que usa os seus poderes e a sua sensualidade para manipular os homens à sua volta e encontrar o verdadeiro amor.

O MELHOR: Uma obra visualmente fantástica que explora o poder da mulher de uma forma macabra mas que te vai agarrar ao ecrã.

O PIOR: A obra deixa-se demorar em demasia e a narrativa pouco evolui entre o segundo e o terceiro ato, tornando-a monotona. Enquanto comédia deixa bastante a desejar mesmo depois de compreender o tipo de humor que explora.

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