Do Livro à Tela – Aristides de Sousa Mendes

 

 

Do Livro à Tela – Admirado em todo o mundo, mais do que no seu próprio país, Aristides de Sousa Mendes será para sempre um dos grandes nomes da Segunda Guerra Mundial. No entanto, Aristides tornou-se um dos muitos casos em que estamos perante um português mais famoso no estrangeiro do que no seu próprio país.

Agora, com o filme nos cinemas e o livro nas lojas, podemos tentar destruir um pouco o esquecimento construído, e por vezes imposto, sobre os feitos de um dos grandes heróis do nosso povo, mas também do mundo.

 

 

 

 

As diferenças entre filme e livro são pequenas e todas elas se devem à capacidade do livro em ser mais completo. A verdade é que a realização cinematográfica se centra no que Aristides fez, enquanto o livro tenta desvendar o porquê, mostrando-nos a sua educação e crenças com maior rigor.

Esta descentralização do livro torna-o mais “fácil” de ler por mostrar uma maior abrangência, permite uma leitura agradável e compreensiva, levando-nos desde o seu nascimento até aos seus últimos dias numa narrativa que nos mostrará momentos que todos deveríamos ter conhecimento.

 

Pormenores interessantes e um excelente trabalho de investigação tornam livro e filme em obras que devem ser vistas por todos, principalmente para definitivamente conhecermos a obra deste homem, para percebermos o porquê de nunca ter desistido. Quantos conseguiram não desistir, mesmo perante a sua própria destruição?

Com uma convicção impressionante e enorme noção do que estava a fazer e qual seria o seu futuro, Aristides terá sido, certamente, uma personalidade fascinante e à qual deveríamos dar muito mais mérito, e dar a conhecer. As ações serão sempre mais fortes do que as palavras, então mostrem as ações deste homem! Contem-nas aos nossos adolescentes, estudem-nas na escola e, com orgulho, mostrem à humanidade que alguns não se limitaram a ver o mundo arder.

 

Mérito e aplausos para a produção cinematográfica, arriscando trazer à tela uma história esquecida pela generalidade do povo, com interpretações de bom nível e capacidade para nos mostrar o ambiente daquela época sombria, onde os interesses políticos estavam acima de qualquer moralidade…

 

Vejam o filme, leiam o livro… conheçam a história de Aristides de Sousa Mendes.

 

LP

 


4 thoughts on “Do Livro à Tela – Aristides de Sousa Mendes

  • Para além do livro e do filme está online desde 2008, em versão portuguesa, o Museu Virtual Aristides Sousa Mendes com o endereço http.//mvasm.sapo.pt que para além de ter online 1 500 documentos que podem ser lidos ou vistos directamente relacionados com a pesquiza essencialmente realizada nos Arquivos Nacionais (ver Base de Conhecimento) , conta na chamada Exposição Virtual, a história de ASM. Prevê-se que este site seja actualizado informáticamente e em conteudos em 2013, asssim como traduzido em inglês.
    Luisa pacheco marques – coordenadora do mvasm

  • Embaixador de Portugal trava homenagem a Aristides de Sousa Mendes
    Judeus de Buenos Aires descontentes com a decisão do diplomata. Neto de Sousa Mendes classifica esta atitude de “fascista”. E diz que Silveira Borges “deveria cessar funções”

    MÁRCIO RESENDE, CORRESPONDENTE NA ARGENTINA
    Dia 26 de junho, 11h30. Praça de Portugal, bairro Belgrano, Buenos Aires, Argentina. Ansiedade, memória, emoção. A Câmara Municipal presta uma homenagem histórica a Aristides de Sousa Mendes pela valentia de salvar mais de 30 mil vidas (entre 16 e 23 de junho de 1940) ao conceder vistos, desobedecendo às ordens do ditador Salazar.

    Exatamente 75 anos depois, além de uma placa de homenagem, é plantada uma oliveira a partir de um galho da que Jorge Bergoglio, hoje Papa Francisco, então cardeal de Buenos Aires, plantou na Praça de Maio em louvor aos “Justos entre as Nações” — título que descreve aqueles que arriscaram as suas vidas durante o Holocausto para salvar as de perseguidos pelo nazismo. Assistem membros da comunidade judaica na capital argentina, a maior de toda a América Latina, alguns descendentes daqueles que Sousa Mendes salvou e que têm o português como herói.

    Tudo muito bonito se não fosse apenas ficção: três dias antes da homenagem, com tudo pronto, a cerimónia do dia 26 foi cancelada ou, em linguagem política, suspensa. O motivo: uma carta do embaixador português na Argentina, Henrique Silveira Borges, a Lía Rueda, presidente da Comissão de Cultura da Câmara de Buenos Aires em 19 de junho. Na carta, o embaixador português argumenta que “infelizmente, a Embaixada não teve conhecimento prévio da iniciativa. O que me surpreendeu”, destacou o embaixador.

    O ato de homenagem a Sousa Mendes tinha o apoio de diversas instituições dentro e fora da Argentina: Fundação Sousa Mendes, Delegação de Associações Israelitas Argentinas (DAIA), Centro Comunitário Sergio Karakachoff, Observatório Internacional dos Direitos Humanos, Museu do Holocausto em Buenos Aires, as embaixadas de França, Alemanha e Israel, Legislatura de Buenos Aires e até do Instituto Camões.

    “O único apoio que faltou foi justamente o da Embaixada de Portugal. Aquela que deveria ter apoiado com mais ênfase, disse que não com o seu silêncio. Primeiro não respondeu; depois fez gestões para proibir o ato”, explica Victor Lopes, o português autor do projeto. Lopes tinha a autorização de João Correa, diretor do filme “O Cônsul de Bordéus” (a ser transmitido no Museu do Holocausto na semana seguinte), que, em novembro passado, com o apoio da Fundação Sousa Mendes, apresentara o projeto de uma placa de homenagem na Praça Portugal na autarquia.

    De acordo com e-mails a que o Expresso teve acesso, Lopes escreveu ao embaixador Silveira Borges em 21 de janeiro e em 16 de março para lhe pedir apoio institucional. Nunca obteve resposta.

    “ATITUDE FASCISTA”, DIZ NETO DE SOUSA MENDES
    Contactado pelo Expresso, o embaixador começou por dizer não se lembrar se viu os e-mails. Mas depois demonstrou conhecer o conteúdo das mensagens: “Tanto quanto me lembro, nesses e-mails não havia qualquer descrição sobre os contornos concretos da iniciativa da homenagem. Diziam respeito a um projeto que seria submetido à Câmara de Buenos Aires”, diz. “Soubemos que estava em preparação uma homenagem, mas não tínhamos sequer sido consultados sobre a data ou sobre a forma”, escusa-se. “Uma coisa é o objetivo do projeto de dar um enquadramento institucional à homenagem. Outra coisa são os detalhes da homenagem que só soube quando recebi o convite quatro dias antes”, defende-se.

    O embaixador admite que, embora não tenha respondido aos e-mails, entrou em contacto com a Câmara de Buenos Aires em fevereiro “para saber dos contornos do projeto”. Mas não entrou em contacto com o autor do projeto: “Esse senhor é quem tem de andar à minha procura. Não sou eu quem deve andar à procura dele”, justifica. E alega que “os e-mails estavam em espanhol quando um cidadão português deveria dirigir-se à sua Embaixada em português”. “Não é avisar de que vai fazer as coisas e depois pedir o patrocínio. O procedimento correto é falar em primeiro lugar com a Embaixada. E nós preparamos o projeto que se apresenta à Câmara através da Embaixada. A Embaixada não pode ser confrontada com um facto consumado”, argumenta. Ele próprio tentou, em vão, homenagear Sousa Mendes através do MNE argentino.

    A Fundação Sousa Mendes, sediada nos EUA, emitiu um comunicado no qual destaca que “a Argentina foi um destino importante para alguns dos destinatários dos vistos de Sousa Mendes”. “Lamentamos saber que o evento foi cancelado. Confiamos que os beneficiários e admiradores de Sousa Mendes na Argentina possam unir-se para organizar um novo evento pelos 75 anos”, assinam o neto Gerald Mendes, presidente do Conselho, e Olivia Mattis, presidente da Fundação.

    De Portugal, a título pessoal, o neto António de Moncada Sousa Mendes considera que “a atitude do embaixador português na Argentina é uma forma aberta de autoritarismo, de falta de respeito pelos cidadãos portugueses e pela História de Portugal”. “Essa atitude é fascista. É inaceitável o boicote desse senhor que deveria cessar funções”, sentenciou.

    http://expresso.sapo.pt/sociedade/2015-08-15-Embaixador-de-Portugal-trava-homenagem-a-Aristides–de-Sousa-Mendes

  • É filmado en Buenos Aires um documentario sobre a vida de Aristides de Sousa Mendes.
    Arte&Cultura 15.10.16

    “Aristides era um homem como qualquer outro simplesmente que num desses cruzamentos que nos sabe pôr a vida não reagiu como a maioria” começa-nos dizendo Victor Lopes,um argentino com nacionalidade portuguesa que confessa “assim como alguns portugueses me dão vergonha e pelo qual peço desculpa ao mundo inteiro, há também outros, como Aristides de Sousa Mendes que é o orgulho de um Portugal moderno e vigoroso que respeita os direitos humanos e rejeita qualquer tipo de autoritarismo e ditadura”.
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    Sousa Mendes é um dos quatro portugueses declarado “Justo entre as nações” por ter salvado milhares de pessoas perseguidas pelos nazis durante o holocausto, enquanto os argentinos filmam o documentário na cidade de Buenos Aires, o Presidente de Portugal Marcelo Rebelo de Sousa anuncia em Nova Iorque que vai condecorar a Aristides de Sousa Mendes com a “Grande Cruz da Ordem da Liberdade” e reconhece que “hoje lhe devemos a Aristides muito mais do que sabiamos até agora”.
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    “Não se é Santo por ser elegido pelos Deuses, senão que, se é elegido pelos Deuses por ser Santo”. Repete Victor Lopes para significar a obra humanitária do Cônsul de Portugal em Burdeus que assinou 30000 visas em apenas sete dias desobedecendo ao ditador luso António de Oliveira Salazar, quando os nazis invadian França nos cruéis tempos de 1940, “Para Aristides tinha sido fácil desocupar com o exército ou a policia os jardins da Embaixada que nesse momento encheram-se de homens, mulheres e crianças perseguidos procurando un salvoconduto que os levara ao porto de Lisboa sem embargo Aristides não o fez….Sousa Mendes não chamou as tropas alemãs…. o que eu faria?….o que farias tu? o que fariam os nossos atuais Embaixadores de Portugal ao redor do mundo?”.

    É o eterno conflito gerado entre ” o dever e a conciência que não sempre se põem de acordo” diz Lopes, enquanto nos faz lembrar daquele soldado da obra de Javier Cercas que pudendo matar a um Sanchez Mazas indefeso decidiu não o fazer durante a tragédia da Guerra Civil Espanhola

    Portugal teve uma ditadura de mais de quarenta anos e desembaraçar a trama de complicidades com centos, milhares de profissionais e lideres formados na intolerância vai levar muito tempo como sabe suceder nos países que sofrimos os regimes autoritários apesar do esforço e a boa vontade que os atuais dirigentes e novas gerações democráticas realizam.

    Levar ao ecrã do público americano a história de Sousa Mendes é um dos objetivos do realizador com uma equipe formada nas universidades Argentinas de cinema baixo a atenta olhada de Paula Fossatti e Ramiro Klement, junto aos atores Melissa Zwanck y Nahuel Vec, Lopes vai aportar “o seu grãozinho de areia” aos que já vêm realizando faz muito tempo em diversos lugares do mundo, familiares, amigos e ferventes seguidores da causa Sousa Mendes.

    A estréia do documentário “Aristides um homem bom” está previsto para o fim do ano e se realizará no marco do Festival Internacional dos Direitos Humanos., embora Victor Lopes reconhece que pouco a pouco irá respondendo âs convocatórias que a diário lhe chegam já que a proposta causou boa recepção por tratar-se duma história práticamente desconhecida e que ainda desperta certa polémica nos setores mais conservadores da sociedade portuguesa.
    https://www.youtube.com/watch?v=xCezJjLgpio

  • Li recentemente que o atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou Aristides e considero isso um grande gesto do Estado português. Assim como a reconstrução da sua casa natal em Cabanas de Viriato (Viseu), são sinais de que os portugueses veem, pouco a pouco, a figura de Aristides de Sousa Mendes como um herói. Contudo, não percebo como é que o Governo protege o cargo de pessoas como Henrique Silveira Borges na Argentina.

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