14º IndieLisboa | Palmarés e Balanço final
Terminou mais uma edição do IndieLisboa e com ela mais uma cobertura da Magazine HD. Vem descobrir as nossas considerações finais e quais foram os filmes premiados.
Já terminou a 14ª edição do IndieLisboa, um dos maiores festivais de cinema independente, não só a nível nacional como europeu. Como já aconteceu no ano passado, a MagazineHD realizou uma extensiva cobertura do festival, focando-se em críticas de alguns dos principais títulos em exibição, inclusive muitos dos filmes premiados na cerimónia que se realizou na noite do passado sábado, dia 13 de maio. Em termos da competição internacional, por exemplo, o grande vencedor do prémio Cidade de Lisboa foi o boliviano Viejo Calavera de Kiro Russo, aquele que também teria sido a escolha da MHD para a principal honra do IndieLisboa.
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O júri da competição internacional deu ainda um prémio especial, algo semelhante ao segundo lugar, a Arábia, uma longa-metragem brasileira que encara temas de importância sociopolítica. Considerando os temas de ambos estes filmes da América Latina, tem o seu interesse olharmos o resto da competição através do prisma do realismo social de estilo europeu que tem vindo a ficar cada vez mais ossificado por desinteressantes fórmulas e clichés estéticos. Pamilya Ordinaryo e Werewolf, por exemplo, seguem os ditames mais usuais para resultados pueris, apoiando-se fortemente no trabalho de ator. Pelo contrário, Arábia e Viejo Calavera sugerem um neorrealismo contemporâneo com traços de épico e uma abordagem lírica, enquanto Ciao Ciao recorre a um formalismo austero e severo e La idea de un lago traz simplicidade formal e tonal emparelhada com grande poder emocional sobre temas políticos de incontestável seriedade.
Todos esses títulos mencionados são obras narrativas. No panorama do cinema documentário, a competição internacional ofereceu-nos propostas que tornaram a documentação do real no veículo para a poesia cinematográfica, em Boli Bana e The Challenge, assim como experiências avant-garde que procuraram a abstração e imersão sensorial com diferentes níveis de sucesso, Somniloquies e El mar la mar, que inclusive ganhou o prémio das Universidades. O ano passado, a competição nacional foi mesmo dominada por documentários, o que não aconteceu este ano, tendo havido vários filmes narrativos a concorrer, incluindo o vencedor do prémio principal das longas-metragens, Encontro Silencioso de Miguel Clara Vasconcelos. Amor Amor, o único título transversal às competições nacionais e internacionais, foi uma inesperada desilusão apesar de algumas boas prestações e o usual virtuosismo fotográfico de João Ribeiro.
Seguindo essa linha de pensamento, vale a pena mencionar como, em comparação com o ano passado, esta edição do IndieLisboa deixou um pouco a desejar, nomeadamente nas secções paralelas Silvestre, Boca do Inferno e Novíssimos em termos de programação. Mesmo assim, foi precisamente da secção Silvestre que veio o filme que teve a honra de receber o Prémio do Público, votado pelas audiências que, no seguimento de cada visionamento, classificam os filmes de 1 a 5. A obra em questão foi o documentário Venus de Lea Glob e Mette Carla Albrechtsen. Glob já tinha estado no IndieLisboa com Olmo e a Gaivota e o seu regresso ao festival não desiludiu, desta vez com uma proposta orientada à volta do testemunho de jovens dinamarquesas a falarem da sua sexualidade, desejos e vida erótica. Venus, na verdade, é uma apresentação do seu mesmo processo de criação, sendo que, originalmente, as entrevistas que formam o documentário tinham sido realizadas com o intuito de serem um ponto de partida para o desenvolvimento de um projeto erótico.
Tal como a crítica, o público também mostrou afeto para com as propostas destas duas realizadoras, sendo que o filme, para além de ganhar o voto das audiências, esgotou ambas as sessões em que foi exibido. Outro filme que atestou a sala foi I Am Not Your Negro, o documentário de Raoul Peck sobre conflitos raciais nos EUA vistos através da perspetiva de James Baldwin e com narração de Samuel L. Jackson. O filme foi um dos nomeados para o Óscar de Melhor Documentário do ano passado e vai brevemente estrear comercialmente em Portugal, onde idealmente terá tanto sucesso como teve no Indie. Nem que seja pelo seu tema e importante perspetiva ativista, o filme merece tal atenção. O filme de abertura, Colo de Teresa Villaverde, ainda não tem, presentemente, uma data de estreia nacional.
Retomando a conversa de palmarés, o prémio da secção IndieMusic foi para Tony Conrad: Completely in the Present de Tyler Hubby. Entre as curtas nacionais, Num Globo de Neve de André Gil Mata e Antão, o Invisível de Maya Kosa e Sérgio da Costa ganharam o prémio Árvore da Vida, Os Corpos que Pensam de Catherine Boutaud foi premiado como o melhor filme da secção Novíssimos, enquanto Flores de Jorge Jácome foi um justo vencedor do Prémio Novo Talento e Miragem Meus Putos de Diogo Baldaia foi a obra que saiu do festival com a maior honra da competição nacional de curtas-metragens.
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Virando-nos para o panorama internacional e Scris/Nescris do romeno Adrian Silisteanu ganhou o prémio do Público. O júri responsável por dar os prémios patrocinados pelo Turismo Macau, selecionou The Hollow Coin de Frank Heath como Melhor Documentário, 489 Years de Hayoun Kwon foi premiado como melhor Filme de Animação e a coprodução franco-belga de Le film de l’été de Emmanuel Marre recebeu o prémio para Cinema de Ficção. O prémio da Amnistia Internacional foi dado à curta alemã Find Fix Finish de Mila Zhluktenko e Sylvain Cruiziat, enquanto Close Ties de Zofia Kowalewska triunfou perante o júri da competição internacional.
Como nota final, fica a conclusão que, apesar de não ter sido tão espetacular como a edição de 2016, o 14º IndieLisboa foi um bom festival de cinema e fica a o desejo que, para o ano, estas celebrações do cinema independente mundial voltem com ainda mais qualidade e vigor. Se estás interessado em explorar a análise da Magazine HD de títulos específicos, fica aqui uma lista dos vários textos publicados no âmbito desta cobertura. Carrega nos títulos dos filmes para acederes às nossas críticas.
ANÁLISES DA COBERTURA MHD DO 14º INDIELISBOA:
SESSÃO DE ABERTURA
- Colo de Teresa Villaverde
COMPETIÇÃO INTERNACIONAL
- Arábia de João Dumans e Affonso Uchoa
- El auge del humano de Eduardo Williams
- Boli Bana de Simon Gillard
- The Challenge de Yuri Ancarani
- Ciao Ciao de Song Chuan
- La idea de un lago de Milagros Mumenthaler
- El mar la mar de Joshua Bonnetta e J.P. Sniadecki
- Pamilya Ordinaryo de Eduardo W. Roy Jr.
- Somniloquies de Lucien Castaing-Taylor e Verena Paravel
- Viejo Calavera de Kiro Russo
- Werewolf de Ashley McKenzie
SECÇÃO SILVESTRE
- Hermia & Helena de Matias Piñeiro
- Inimi cicatrizate de Radu Jude
- Mister Universo de Tizza Covi e Rainer Frimmel
- Le parc de Damien Manivel
- Rodnye de Vitaliy Manskiy
SECÇÃO BOCA DO INFERNO
- Free Fire de Ben Wheatly
- Grave de Julia Ducournau
- Home de Fien Troch
- I Am Not A Serial Killer de Billy O’Brien
- Prevenge de Alice Lowe
Consulta o nosso Calendário dos Festivais de Cinema 2017 para estares a par de todas as novidades no circuito dos festivais. A próxima cobertura MHD será feita sobre o Festival de Cannes ainda este mês. Não percas!