Junho no teatro: Lisboa
Indeciso quanto a que peças assistir neste mês? Aqui tens algumas sugestões do que acontecerá nos teatros lisboetas.
Fazemos a pesquisa, lemos, vemos e falamos sobre teatro. Tudo para que possamos sair de casa sem nos perdermos no barulho publicitário feito por uma mão cheia de peças (fazendo com que nos esqueçamos de outras), ou simplesmente para sairmos da nossa zona de conforto.
Junho no teatro promete o seguinte:
JUNHO NO TEATRO | A MINHA EUROPA/MY EUROPE
‘A Minha Europa/My Europe’ acompanha o percurso de vida de um inglês nascido em Birmingham, Inglaterra, que veio viver para Portugal com a família no final dos anos 80 e de uma portuguesa cuja família imigrou para a Londres. Os protagonistas percorrem a sua própria história, refletindo sobre as mudanças sociais e políticas que testemunharam e sobre as transformações provocadas pelo chamado peso do estado moderno europeu. O confronto entre a memória vivida e idealizada destes dois países, numa constante relação com a imagem (fotografias, postais, e vídeo) permite pensar, também, sobre o momento atual que a Europa atravessa.
Depois de uma antestreia em Almada em dezembro do ano passado, o espectáculo estreará na Comuna – Teatro de Pesquisa, integrando a programação das Festas de Lisboa. De dia 1 a 2 de junho às 21h30 e dia 3 de junho (havendo conversa com o público após a performance) às 16h30. O espetáculo será falado em português e inglês, com legendas nas duas línguas, e o bilhete terá o custo de 7€.
JUNHO NO TEATRO | FEIRA DELL’ARTE
Este espectáculo passa-se numa Feira, nos arredores de uma qualquer grande cidade. Entre a roulotte das farturas e a barraca de louça de barro e fogareiros, dois actores anunciam o terceiro espectáculo do dia.
É uma peça de Commedia dell’Arte, representada há muitas gerações, em muitas feiras de todo o mundo, mas sempre da mesma maneira: Columbina e Zanni são os criados de Pantalone, um homem que, de moedinha em moedinha, fez fortuna.
Columbina e Zanni namoram há dez anos e, pelo menos para ela, parece ter chegado o momento de casarem. Entretanto, Isabela e Octávio – o par de enamorados – apaixonam-se perdidamente à primeira troca de olhares e suspiros. Mas Isabela é filha de Pantalone e Octávio é de uma família rival. Quando todas as personagens parecem ter encontrado a felicidade para logo a seguir a perderem, eis que tudo se encaminha para um final próprio da Commedia dell’Arte.
Até dia 3 de junho, no Teatro Meridional, a encenação de Mário Botequilha continuará a trazer aos palcos um exigente trabalho de actor de quartas a sábados às 21h30 e domingos às 17h. Os preços variam entre os 3€ e os 10€.
JUNHO NO TEATRO | MÁRIO OU EU PRÓPRIO-O-OUTRO
26 de abril de 1916, Mário de Sá-Carneiro suicida-se em Paris. Na verdade, não se suicidou, foi suicidado. Pelo Outro, por ele próprio, o espelho de uma mente instável e revoltada em si, de si, para si. Esta peça vem propor um tecido cénico e performativo a este episódio, escrito por Régio e com textos das cartas de Fernando Pessoa, recriando uma relação entre dois personagens com génese apenas num. A atuação das palavras e os diálogos visuais são criados num jogo de conflito, submissão, superioridade e loucura. Os dois personagens não procuram ser o oposto um do outro, mas sim a personificação de desejos e diferenças que Mário almejava. E deu vida ao Outro. E o Outro, deu-lhe a morte.
A encenação de Rogério Paulo estará em cena na sala estúdio do Teatro da Trindade até ao dia 3 de junho. De quintas a sábados às 21h45 e domingos às 17h, a criação da companhia de teatro Umbigo terá bilhetes a 10€.
JUNHO NO TEATRO | FESTIVAL ALKANTARA
O Festival Alkantara celebra este ano a sua 15ª edição e trata-se do maior festival de artes performativas da capital portuguesa.
O Alkantara apresenta criações artísticas desde teatro, dança, performance e música, tendo espaço para a inovação e interligação entre as artes.
O festival, que abriu a sua 15ª edição no fim do mês passado, terminará no dia 9 de junho e os preços dependem da natureza da performance e do espaço onde será apresentada.
JUNHO NO TEATRO | OS QUE REGRESSAM
Recebida escandalosamente na época por trazer à cena uma mão-cheia de assuntos tabu – da hipocrisia moral da religião e do casamento ao incesto, da sífilis à eutanásia – Gengangere, de Henrik Ibsen, nesta encenação de Juvenal Garcês com o título de Os Que Regressam, havia de se tornar uma das peças mais reputadas de Ibsen, onde, mais uma vez, cabe à(s) personagem(ns) feminina(s) o papel principal (Helene Alving, claro; mas também Régine Engstrand, ao abandonar a casa). Num registo naturalista, quase folhetinesco, de que Ibsen é mestre incontestado, assistimos, como nas grandes tragédias gregas, a um ajuste de contas do passado, do qual a Sr.ª Alving parece ser a única a acreditar poder escapar. Escapará Régine? Ironia maior, porém, a doença que lhes mata o filho e meio-irmão, sabe-se hoje, é transmitida geneticamente pelas mães.
Um dos maiores clássicos do teatro norueguês do século XIX é levado à cena sob a direcção de Juvenal Garcês e com interpretações de Lia Gama, André Nunes, Fernando Rodrigues, José Neto e Marlene Barreto. “Espectros” de Ibsen será revisitado no CCB de dia 21 a 23 às 21h e a 24 de junho às 16h. Os preços irão dos 12,50€ aos 15€.
JUNHO NO TEATRO | O HÓSPEDE
‘O Hóspede’, de Joe Orton, é uma comédia bizarra que conta a história de Xavier, um jovem que aluga o quarto a dois irmãos (Catarina e Alberto). Xavier é um jovem amoral que manipula os dois irmãos a seu belo prazer. Todos falam de princípios morais enquanto,e acima de tudo, segregam o cadáver da Civilização Ocidental.
O texto de Joe Orton é levado ao palco da Comuna – Teatro de Pesquisa até dia 24 de junho. De quartas a sábados às 21h30 e domingos às 17h. Quartas e quintas-feiras os bilhetes custarão 5€, enquanto nos restantes dias o preço é de 10€, havendo ainda descontos para menores de 25 anos e maiores de 65 anos (7,5€) e para estudantes de teatro (5€).
JUNHO NO TEATRO | O NOVO MUNDO
A história acelerou. No princípio eram os descobrimentos, depois foi a Lua. Um foguetão saiu da Terra, avançou pelo espaço, e um homem deixou uma bandeira num lugar inóspito. Mas agora a coisa em que mais dinheiro se gasta são as viagens interplanetárias. Quem pode esquecer-se dos problemas do mundo aproveita e tira também umas férias de si próprio – nada como comprimir os meses em minutos para uma vida-sonho longe da aridez da realidade. No novo mundo tudo se torna mais fácil porque não há tempo, pelo menos não este tempo todo: não se espera que a vida comece, da mesma maneira que não é possível ficar aborrecido.
Os Possessos são um coletivo fundado em 2013 por Catarina Rôlo Salgueiro, João Pedro Mamede e Nuno Gonçalo Rodrigues e contam com uma equipa de mais de vinte pessoas. O grupo traz de dia 27 a 30 de junho o espectáculo “O Novo Mundo”, às 21h30 no grande auditório da Culturgest. Os bilhetes irão dos 5€ aos 12€.
Que tal? Alguma destas sugestões te fará ir ao teatro no mês de junho?
