Madame

Madame, em análise

“Madame” acompanha Anne e Bob, um casal americano rico que se mudou para Paris, e que decide fazer um jantar com os seus amigos. Após ter chegado um convidado inesperado ao jantar, as contas são alteradas para 13 convidados, e Anne acredita que ter esse número de pessoas à mesa seria mau presságio. Em pânico, Anne decide que Maria vai fazer o papel de convidada e sua amiga de longa data. 

Em “Madame” acompanhamos Anne e Bob, um casal rico que se decide mudar para Paris. Anne, segunda mulher de Bob, decide fazer um jantar requintado com os amigos de ambos, que conta com 12 pessoas. Até aqui, nada de especial, os preparativos estavam a correr bem… Até que chega o filho do primeiro casamento de Bob, alterando as contas para 13! Anne, em pânico, decide que não pode ter esse número de convidados à mesa por ser mau presságio (numa clara referência à “Última Ceia”), e é assim que começa a aventura de fazer passar a empregada Maria por uma convidada e amiga de longa data de Anne, tudo para desmanchar a onda de azar em que se poderiam envolver.

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Por esta sinopse, juntamente com o elenco que parece ser divinal (Harvey Keitel, que fez ótimos papéis em “Cães Danados” e “Pulp Fiction”, Michael Smiley, que entrou em “Doctor Who”, Rossy de Palma, a musa do fantástico realizador Almodóvar e Toni Collette, que entrou no filme “O Sexto Sentido”), o filme parece ser uma comédia leve, mas promissora. Nos primeiros minutos de filme o espectador fica preso na ânsia de assistir à paródia que certamente será o jantar, uma vez que o nervosismo e o aspeto de Maria levam à premonição de que o jantar vai ser um desastre.

Apesar deste elemento típico que ajuda a o espectador a familiarizar-se com o filme (o confronto do jantar), o facto de um dos amigos do casal se interessar por Maria acaba por tornar a história que poderia ser uma interessante comédia numa espécie de Cinderela contemporânea.

Madame

“Madame” baseia-se em estereótipos como a hierarquia social (e Anne, no topo dessa hierarquia, é o estereótipo da mulher que, apesar de rica, é insegura e doentiamente preocupada com o seu aspeto físico), as diferenças entre nacionalidades e os conflitos que existem pelo que uns pensam dos outros países (Maria é espanhola, Bob e Anne são americanos e, dentro dos convidados, há franceses, ingleses e irlandeses). As personagens têm caracterizações já antes vistas: para além da descrição já feita de Anne, Bob é um milionário prestes a perder a sua fortuna e Steven (o filho de Bob do seu primeiro casamento) é o típico rebelde que não gosta da sua madrasta.

Uma vez que o filme tenta cumprir com estes estereótipos, deveria haver algum drama nestes assuntos, tentando dar-lhes mais realismo. Se os estereótipos existem é porque se baseiam numa maioria ou numa ideia/conceito que se associa a comportamentos específicos e a um certo aspeto físico. Por exemplo, se Anne é a típica mulher rica insegura e sempre preocupada com o seu aspeto (no filme, é bulímica), faria sentido que estes seus problemas fossem tratados mais seriamente, pelo menos algumas vezes. Ao invés, há uma parte em que ela diz, descontraidamente, que já não anda a vomitar tanto, mas que ainda o faz de vez em quando, para se manter sexy. A maneira com que ela goza consigo própria com um problema sério que, no filme, ela ainda vive, é apenas descabida e irreal. Sem este tal drama realista que falta no filme, o espectador não cria empatia com a personagem.

Madame

Assim, se “Madame” explorasse mais o conflito entre culturas e gerações, tornar-se-ia certamente mais interessante. Contudo, não só o filme enveredou apenas para uma fraca comédia romântica, como deixou esta linha de comédia de estereótipos numa fase em que parece um rascunho.

Já dentro da categoria de comédia romântica, seria de esperar que o amor entre o casal quase impossível fosse contagioso, mas isso nunca chega a acontecer, parecendo que nem estão verdadeiramente apaixonados.

Por último, espera-se que, uma vez que o filme é um dejà-vu tão grande, o final seja também típico. Aqui, foi o único aspeto em que o filme conseguiu realmente ser contemporâneo; no entanto, por outro lado, precisamente por ser tudo tão cliché, é difícil que o fim seja facilmente interiorizado. Mas a escolha não é fácil: se o filme fosse previsível literalmente do início ao fim, talvez fosse ainda menos bem-sucedido, pois esta história de amor não é cativante e não nos deixa a torcer pelo casal; acabando como acabou, torna-se num final demasiado em aberto para o filme que é.

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Madame
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Movie title: Madame

Director(s): Amanda Sthers

Actor(s): Toni Collette, Harvey Keitel, Rossy de Palma, Michael Smiley

Genre: Comédia, Drama

  • Maria João Sá - 45
  • Luís Telles do Amaral - 60
53

CONCLUSÃO

“Madame”, uma comédia aparentemente promissora, acaba por se tornar numa história de amor pouco cativante e pouco ou nada engraçada.

O MELHOR: Os atores que, apesar de fazerem papéis modestos e de não demonstrarem o quão bons são, cumprem com o seu dever, especialmente Rossy de Palma.

O PIOR: O filme parece ser um rascunho/versão teste de uma comédia que poderia ser promissora.

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