Segurança Nacional Season 4 | Em Análise
Segurança Nacional regressa à fórmula original para devolver à série a sua identidade mais marcante. A agente Mathison e a sua equipa de carrinha, voltam aos convívios de vigilância, e outras personagens em pano de fundo emergem para atribuir caráter e dinamismo junto dos intervenientes mais rodados.
De Regresso A Casa?
Desde o 11 de Setembro, o terrorismo começou a ter uma cara islâmica difundida e mediatizada mundialmente. A omnipresença do terror passou a colocar os países visados em estado de alerta permanente, obrigando a espiar o inimigo mesmo debaixo das suas barbas “binladeanas”. Aliás, é em terras longinquamente áridas e odiosamente povoadas que as coisas começam a ficar mesmo “IslamaBAD”, na sequência de uma pista errada que motivou Carrie Mathison (Claire Danes) a pressionar aquele botão vermelho dos segredos matrimonialmente obliterados. E, não haveria problema nenhum, se os danos colaterais fossem apenas a perda de dinheiro virtual como num qualquer reality show, mas acontece que estamos num teatro de guerra em que as vítimais humanas são reais e irreparáveis.
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Por um lado, ainda bem que o chefe de estação da CIA Sandy Bachman (Corey Stoll) meteu o pé na argola, precipitando o reacendimento acérrimo da temática anti-terrorista quase a diluir-se num romance de espiões. Não é que isso fosse necessariamente nefasto, mas era visível a léguas a necessidade urgente de devolver “Mathison & Co.” ao simples “spycraft”. Claro que, regressar a solo firme e confortável acarreta sempre o risco de um grande déjá vu, mas parece-nos que Segurança Nacional está a jogar bem a sua cartada fazendo emergir da sombra as suas figuras menos rodadas.
Quem É Peter Quinn?
O escuteiro “black ops” da CIA que limpa o caixote do lixo sem fazer perguntas, arromba finalmente com as portas do armário para se dar a conhecer ao mundo. Quinn (Rupert Friend), há muito que justificava uma presença mais vincada e um papel de relevo ao nível dos grandes “players” desta série dramática. E mais sentido faz a promoção da sua personagem nas cogitações amorosas, agora que Brody (Damien Lewis) saiu de cena e Saul (Mandy Patinkin) foi remetido ao estatuto de “turista” para reaparecer cirurgicamente.
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De facto, Segurança Nacional bem pode sentir-se mais segura com a presença audível de Peter Quinn na hora de premir o gatilho para salvar a pele dos seus compatriotas, mas por detrás dos feitos heróicos existe um lado negro que só agora é, efetivamente, tangível. E é nesse quarto escuro na companhia dos esqueletos brilhantes que o ator britânico atinge classificação elevada, gladiando entre a tentativa de desmame dos demónios do passado e o talento congénito de matar, mesmo que isso signifique fazer justiça pelas próprias mãos.
A Rainha Dos Drones?
Foi preciso muito comprimido, suor e lágrimas para Carrie subir na carreira e chegar ao desejado posto de chefia na estação da CIA no Paquistão; talvez porque o novo diretor da Agência (Andrew Lockhart) é um pacóvio politiqueiro com uns calos enormes para se pisar, ao contrário do seu antecessor bem mais expedito e elucidado. Contudo, a estreia auspiciosa da chefe Mathison não poderia ter sido mais amaldiçoada por um bombardeamento via drone que não atingiu o alvo primordial Haissam Haqqani (Numan Acar). E quando tudo e todos ficam reduzidos a nada, e o terrorista continua a monte costuma dizer-se que se fez asneira da grossa.
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Assim, tal como na sua génese há quatro anos a esta parte, a fabricação de um pretexto como ato de retaliação vem justificar a sobrevivência de Segurança Nacional quando se pensava que esta tinha atingido o pináculo da sua trama, e esgotado a intervenção das suas personagens mais cintilantes. A agente Mathison volta a reunir a sua equipa original e tudo volta a ser como era dantes: espiar numa carrinha branca, analisar diagramas numa parede intelectualmente complexa, converter ativos valiosos para extrair informações chave. É isto que a atriz norte-americana sabe fazer como ninguém, manipular o espetador com a profundidade dicotómica da sua garra inabalável no substrato da sua demência ocasional.
E Agora…O Que Se Segue?
Segurança Nacional conseguiu equilibrar a balança entre o espaço de atuação das suas vedetas estatutárias e os respetivos “ajudantes” proeminentes com uma palavra a dizer, reagrupando-se para consolidar e diversificar o fio condutor de um enredo à beira da saturação. Agora, o protagonismo é mais repartido possibilitando a exploração de outras histórias paralelas e o escrutínio pessoal dos demais intervenientes, sem nunca perder de vista o cenário principal. A ratoeira está lançada, só falta saber se o gato malvado vai conseguir caçar o rato astuto que teima em escapar entre os dedos, ou será ao contrário?
P.S. – Welcome Home…
MS
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