Sombras da Escuridão, em análise

 

Realizador: Tim BurtonAtores: Johnny Depp, Michelle Pfeiffer e Eva Green

Género: Comédia

Zon | 2012 | 113 min

Classificação:

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Depois de encarnar um barbeiro demoníaco ou um dono de uma fábrica de chocolate ou até o pior realizador da história do cinema, já não nos podemos admirar se à 8ª parceria com Tim Burton, Johnny Depp desempenhar o papel de um vampiro fora do comum. E para Tim Burton, também já não somos capazes de ficar admirados de saber que o seu próximo filme é uma histórica cómica e vampiresca sobre maldições, fantasmas, vampiros e bruxas. Talvez resida aqui o grande problema de «Sombras da Escuridão».Há uma evidente incapacidade de Tim Burton conseguir surpreender. E essa incapacidade traduz-se na simples escolha do elenco que para além de Chloë Grace Moretz ou Eva Green é em tudo semelhante a tantos outros sucessos do cineasta. Parece que Tim Burton tenta, a cada filme que passa, repetir fórmulas que tantos louvores já lhe concederam. Com isto não quero dizer que repete o conteúdo, porque tal seria impossível (a história de um vampiro é dissemelhante da história reinventada de «Alice no País das Maravilhas»), mas que tenta inventar os personagens mais esquisitos possível, juntar o elenco fetiche sempre que pode e uma história mirabolante que, se for sólida e bem contada, a malta até gosta muito. Não é o caso de «Sombras de Escuridão». Tim Burton precisa urgentemente de um novo «Ed Wood» ou «Grande Peixe». Um filme que lhe abra novos horizontes dentro do seu estilo peculiar e uma história viva e cativante, algo que «Sombras da Escuridão» não beneficia. 


 

 

E depois de o primeiro trailer ter mostrado que se tratava afinal de uma comédia (quando meio mundo pensava que iria ser um filme de terror), o melhor que Tim Burton teria a fazer seria fazer uma comédia negra com graça, inteligente e aproveitando todas as capacidades do elenco que tinha ao dispor. Nem tudo foi cumprido por completo.

O início até é promissor. Barnabas Collins (Johnny Depp) é um rapaz riquíssimo que vive numa grande mansão com os seus pais. A família Collins é a fundadora da terra onde vivem e possuem um grande negócio de peixe. Barnabas é também um grande mulherengo à procura da mulher ideal para casar. Mas uma das senhoras que descartou da sua vida é uma terrível bruxa que o amaldiçoou (tornando-o vampiro) e o fechou num caixão por dois séculos. Barnabas acorda em 1972 e regressa à sua mansão onde restam apenas quatro membros da família Collins (que se encontra na iminência da pobreza) aos quais se juntam dois criados (Jackie Earle Haley e Ray Shirley), uma perceptora (Bella Heathcote) e uma psiquiatra desvairada (Helena Bonham Carter). É neste ambiente que Barnabas decide salvar a sua família, o negócio do peixe e ao mesmo tempo, conquistar o coração de Victoria Winters, a perceptora. Tim Burton consegue um filme relativamente interessante até a este ponto da história, utilizando, para isso, os clichés habituais de um homem que acorda num tempo que não é o seu. A admiração de Barnabas com a tecnologia e maneirismos da sociedade atual consegue captar uma boa dose de gargalhadas. Contudo, tudo muda quando a bruxa regressa (Eva Green), pronta a tornar a vida de Barnabas num inferno.

 

 

Tudo se torna confuso, tudo se parece com um filme de Robert Rodríguez mas sem sangue, tudo se desmorona e quase que os personagens caem nos buracos do próprio enredo que de repente une a comédia a um filme série B. Os últimos minutos gozam de uma previsibilidade abismal e de um terrível exagero na união da bruxa, o vampiro, os fantasmas e outros elementos que convém não revelar para não contaminar a visualização. Não que os atores não estejam bem (muito pelo contrário, não há um elo mais fraco e as personagens são todas muito boas), não que o guarda-roupa ou a maquilhagem não estejam no ponto ideal (são, na verdade, o melhor do filme), mas «Sombras da Escuridão» vai se tornando em algo que o espectador não quer ver vinda de quem vem.

Pode não ser o pior filme de Tim Burton mas é, ainda assim, um dos piores. Há quem vá gostar das tiradas cómicas e entreter-se minimamente, há quem vá odiar o rumo da película e desejar que o filme acabe rapidamente. Esperava-se mais e melhor.

DR

*****

Sombras da Escuridão é um filme divertido, quase sempre, o que é bom, mas é o menos homogéneo dos Burtons. Para além de vincar qual o caminho que Tim Burton parece querer seguir ultimamente (uma espécie de Fellini do século 21, mas a brincar), SdE embora centrado no tema do dente afiado, tem dificuldade em se concentrar num género, gozando aliás com os próprios estereótipos que tipicamente para isso contribuem e daí boa parte da controvérsia que gera. Não considero por isso que o filme saia diminuido por isso. Francamente depois de Alice, nao esperava nem mais, nem melhor. E como diria o Depp, reveal yourself … Eva steals the show !

 

 

 

RR

 

Trailer

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