Top MHD | As 15 Melhores Personagens de Séries 2014 (Parte II)

 

Que estamos a viver a Era Dourada da televisão, disso não há quaisquer dúvidas. Mas agora, depois de fazermos a despedida do ano, chegou a altura de olhar para trás e eleger as melhores personagens das séries que foram exibidas em Portugal durante 2014.

Treze membros votantes da Magazine.HD da secção de Televisão ordenaram as Quinze Melhores Personagens de Séries 2014 na opinião de cada um, sendo essas classificações individuais convertidas em pontos, numa lógica progressiva. A lista abaixo apresentada traduz o somatório de todas as pontuações atribuídas.

Eis a segunda e última parte do Top Melhores Personagens de Séries 2014, para a MHD:

 

#6 Vanessa Ives (Eva Green) | Penny Dreadful

vanessa ives

Cabe a Eva Green o papel de protagonista na série “Penny Dreadful”. Eva interpreta Vanessa Ives, uma mulher misteriosa, sedutora e bela. Envolta em segredos e sinónimo de perigo. Uma mulher que oscila momentos de grande controlo emocional com ocasiões em que o seu corpo dá lugar a estranhos hóspedes do mal.

Em Londres do século passado, sombria e suja, Vanessa Ives lida com forças sobrenaturais e criaturas temíveis. O sobrenatural faz parte do seu ser, dotando-a de capacidades únicas mas ao mesmo tempo representam uma pesada tormenta. Os demónios de Vanessa colocam a sua vida em perigo, a sua sanidade mental em colapso, mas também põem em perigo aqueles que a rodeiam.

Vanessa Ives foi o fio condutor da primeira temporada da série. A interpretação monumental de Eva Green ofuscou o restante elenco e prendeu a atenção do espectador em quase todos os episódios. Seja pelas suas aventuras amorosas, seja através dos seus contactos com o além. Nos primeiros oito episódios de “Penny Dreadful” assistimos à luta que Ives trava com as trevas para manter a sua personalidade e individualidade, sendo que estas transições da Vanessa normal para a “alterada” são sinónimo de aptidão e marca incontornável do talento de Eva Green como actriz. (Sofia Santos)

 

#5 Lorne Malvo (Billy Bob Thornton) | Fargo

lorne malvo

Não há outra maneira de o colocar: Lorne Malvo é a prova incontornável de que a qualidade da escrita para televisão pretende reverberar para lá da estratosfera. Billy Bob Thorton arrebatou-nos, literalmente, num dos melhores trabalhos da sua versátil e errática carreira, com a demoníaca personificação de um assassino sem a menor réstia de compaixão ou apreço pelo significado da palavra “humano”.

Ele assola-nos com a inquietude petrificante do seu olhar predador, retém-nos com o seu interesse pessoal em manipular arbitrariamente os desejos e frustrações dos que os rodeiam, conquista-nos com o carismático cinismo com que explora a mediocridade alheia. Expandindo o escopo, profundidade e dimensão das possibilidades narrativas que são passíveis de se obter com a exploração combinada da malvadez com a indiferença humanas, a personalidade de Malvo é remanescente da psicopatia de outra personagem que já se tornou um clássico de referência do cinema dos Irmãos Coen: Anton Chigurh, interpretado por Javier Bardem em “No Country for Old Men” (2007).

Sobranceria é muita quando se fala de grandes filmes receberem sequelas e/ou reboots. Mas se essa for uma adaptação televisiva, então a exigência eleva-se a par da expectativa. Lorne Malvo é peça fundamental para que “Fargo” faça uma bifurcação sublime na abordagem à narrativa, conseguindo aludir à história do filme homónimo de referência dos Coen, ao mesmo tempo que nos prende pela ousadia, acutilância e originalidade do que de novo tem a acrescentar à história de violência que nos reune e resume. (Tiago Mourão)

 

#4 Sherlock (Benedict Cumberbatch) | Sherlock (ex aequo)

sherlock

O sociopata funcional preferido de todos regressou dos mortos na brilhante terceira temporada de “Sherlock” e não deixou nada a desejar! O hilariante retorno, o lado mais humano (com um sério candidato a melhor discurso de casamento de todos os tempos!) e a confirmação do estatuto de “anti-herói” com a morte de Charles Augustus Magnussen em “His Last Vow” vêm apenas confirmar o que já não era segredo para ninguém: o Sherlock de Benedit Cumberbatch é uma das melhores coisas que aconteceu na televisão nos últimos anos e, por isso mesmo, tem um lugar inquestionável neste Top. (Erica Franco)


#4 Alison Lockhart (Ruth Wilson) | The Affair (ex aequo)

alison lokhart
A fall season de 2014 ficará eternamente marcada pela lufada de ar fresco que “The Affair” trouxe ao panorama das séries de televisão. E será que “The Affair” se afasta assim tanto do mainstream cada vez acotovelado de tanto hospital, tribunal e esquadra de polícia? Nem por isso, ou não fizessem esses temas parte do nosso incontornável quotidiano. O que à primeira vista parece mais distinguir “The Affair” da generalidade das séries é a sua estrutura, mas rapidamente se percebe que são os seus personagens a sua força principal. São seres humanos, com tão pouco de heróis como de vítimas, nem génios nem psicopatas, apenas pessoas com sonhos e desilusões, conquistas e fracassos, virtudes e … alguns pecados.

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Dois casais, um com quatro filhos e o outro a braços com o fantasma do falecimento recente do seu único progenitor, são confrontados com um affair entre o pai de família dum lado (Noah) e a inconsolada fugaz mãe (Alison) do outro. Não obstante um cast repleto de grandes personagens, do qual é impossível não destacar também Helen Solloway (Maura Tierney), é Allison Lockhart (Ruth Wilson) que conhecemos de Luther e pouco mais, o rosto da série, o corpo do enredo e a força do drama.

A temporada parece voar ao longo dum interrogatório sobre um falecimento, ora o POV de Noah Lockhart, ora o de Allison Solloway. Seguir os detalhes e nuances entre ambas as versões da mesma história arrebata-nos a atenção, mas é o olhar de Alison, os seus silêncios, os pequenos movimentos, a peça de roupa usada ou perdida, que mais revelam. A sua sensualidade deve mais uma Eva bíblica ou uma Afrodite, que ao catálogo de Hollywood, no entanto é a sua simplicidade que lhe agarra os pés à terra e lhe confere o dom raro de nos envolver e mais querer saber e sofrer à medida que o mistério se adensa. O Globo de Ouro 2014 atribuído a Ruth Wilson só surpreendeu quem não viu “The Affair”, mas agora já não há desculpa. (Rui Ribeiro)

 

#3 Rust Cohle (Matthew McConaughey) | True Detective

rust cohle

Os principais láureos vieram no cinema, mas foi na televisão que Matthew McConaughey teve a sua performance mais brilhante de 2014, ao interpretar o enigmático detetive Rust Cohle na igualmente brilhante “True Detective”.

McConaughey interpretou na perfeição o perturbado detetive, uma personagem solitária e a abundar cinismo, elementos que se traduziram numa das personagens mais complexas da história recente.

Ao longo de uma narrativa que percorre várias décadas, “True Detective” mostrou-nos a lenta mudança no interior de Cohle, e o surpreendente rasgo de otimismo mostrado no término da série colocou um ponto final perfeito ao percurso de uma personagem que rapidamente se tornou icónica. (Miguel Conceição)

 

#2 Francis Underwood (Kevin Spacey) | House of Cards

francis underwood

Francis Joseph “Frank” Underwood nasceu a 5 de Novembro de 1959 em Gaffney na Carolina do Sul. Frequentou uma escola militar e formou-se em Direito em Harvard. Membro do Partido Democrata, começou por ser um Magistrado na Câmara dos Representantes depois tornou-se Vice-presidente dos Estados Unidos da América. É actualmente o Presidente da República Constitucional Federal dos EUA.

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A personagem fictícia foi criada por Beau Willimon e é interpretada pelo brilhante Kevin Spacey. Underwood é a adaptação americana do protagonista de um romance e mini-série britânica, Frank Urquhart.

A presença de Frank Underwood neste Top não é de estranhar. O brilhantismo da entrega do actor à personagem é extraordinário. Ao longo de duas temporadas a elevação da interpretação é inteiramente sustentada. Representação que valeu ao actor nomeações aos Emmy, aos Screen Actors Guild, nos Producers Guild of America, aos BAFTA´s e nos Golden Globes.

Só quem segue “House of Cards” é que pode entender a profundidade desta personagem. Underwood é um anti-herói. É um político da pior espécie, um homem que não olha a meios para atingir os fins que lhe agradam e que lhe são convenientes. É manipulativo, ardiloso, impiedoso, mas é terrivelmente genial e agradável de acompanhar. Adoramos ver os seus estratagemas e planos. Veneramos – de forma embevecida – que atinja os seus objectivos, mesmo que isso signifique usar as ferramentas mais diabólicas para os conseguir.

Para terminar e recorrendo às palavras do próprio: “For those of us climbing to the top of the food chain, there can be no mercy. There is but one rule: hunt or be hunted.” (Sofia Santos)

 

# 1 Tyrion Lannister (Peter Dinklage) | Game of Thrones

tyrion lannister

Ao longo das 4 temporadas de “Guerra dos Tronos” muitas têm sido as personagens que, de uma forma ou de outra, deixaram a sua marca, conquistando amores e ódios por parte dos seguidores assíduos da série. Uma das mais improváveis, senão a mais improvável, é a de Tyrion Lannister, protagonizado pelo pequeno grande Peter Dinklage.

Enquanto personagem, Tyrion Lannister exerce um papel de carater maioritariamente secundário, contribuindo sobretudo para o desenvolvimento das personagens mais centrais do Clã Lannister, sendo a sua importância aparentemente relevante apenas nalguns (poucos) momentos específicos da história de “Guerra dos Tronos”. Tyrion Lannister tem, também ele, tudo o que um personagem poderia ter para ser considerado irrelevante, odioso ou mesmo caricato. Para além do aspeto físico pouco atrativo (exacerbado pelo excelente trabalho de caracterização), os aspetos psicológicos também não abonam a seu favor. Personagem repleta de vícios, intriguista, e de um egocentrismo apenas equiparado à sua genialidade e ao seu próprio sentimento de “self pity”, Tyrion é o tipo de personagem a quem dificilmente o espectador se afeiçoa.

Tudo isto que faz de Tyrion um personagem extremamente complexo de interpretar, e um verdadeiro desafio que facilmente poderia levar um ator cair na ratoeira dos extremos ou mesmo do ridículo, e na consequente descaracterização da personagem.

E é aqui que entra o brilhantismo da interpretação de Peter Dinklage. O ator conseguiu transformar Tyrion Lannister numa das mais carismáticas, amadas, e fascinantes figuras de “Guerra dos Tronos”, elevando sobremaneira a importância do personagem, mesmo nas cenas onde este é, claramente, figura secundária. Os aparentes sentimentos de pena, odio ou indiferença que o espectador poderia vir a sentir por Tyrion Lannister acabam transformados num misto de admiração, fascínio e compaixão pelo personagem. Uma espécie de “Fallen Hero”, cujo culminar é atingido no final da quarta temporada.

Independentemente da importância que Tyrion vá ter no futuro desenrolar da história de “Guerra dos Tronos”, Peter Dinklage fez já dele uma mais inesquecíveis personagens que alguma vez passaram pelo pequeno ecrã. (Vitor Simão)

 

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