Vivienne Westwood e RJ Mitte contra banqueiros e políticos

 

A famosa estilista Vivienne Westwood, esteve presente no passado domingo na Milano Moda Uomo.

 

Vivienne Westwood
Vivienne Westwood

 

A famosa estilista Vivienne Westwood, dona da antiga SEX (mais tarde, Seditionaries), a loja onde, segundo a lenda, em 1975, Malcolm Mclaren, então seu marido, descobriu Johnny Rotten e os Sex Pistols, criticou as atuais políticas de destruição e austeridade, numa declaração bombástica, durante a Milano Moda Uomo, que foi ouvida pelo público, antes do início da apresentação da sua coleção de primavera-verão 2016. Começou por dizer que os políticos, subentende-se os que têm estado no poder no Reino Unido e na Europa nos últimos anos, “são criminosos” (politicians are criminals), pois têm provocado alterações no clima que levam à extinção massiva de formas de vida no planeta, incluindo a nossa (mass extinction of the life forms on planet earth, including us). Após ter criticado “os criminosos, os gigantes e os banqueiros” (the criminals, the giants and the bankers), que disse serem todos a mesma gente (they are the same people), Westwood acabou, concluindo que há que “lutar para vencer!” (Fight to Win). Para a ajudar a fazer passar a sua mensagem, o ator RJ Mitte, conhecido pelo papel de Walt júnior, na série televisiva “Breaking Bad”, desfilou por duas vezes, uma delas com o slogan Giants and Bankers are criminals, estampado na t-shirt.

Foi assim que, em Milão, no Domingo passado, durante a apresentação da coleção primavera-verão de Vivienne Westwood, vários modelos e um ator desfilaram com crachás e roupas com slogans de intervenção diretamente relacionados com a declaração política inicial da sua criadora: Politicians, Giants and Bankers are criminals.

 

 Vivienne Westwood no final da apresentação da coleção de primavera-verão em Milão
Vivienne Westwood no final da apresentação da coleção de primavera-verão em Milão

 

A inclusão de mensagens políticas ou de intervenção social no vestuário tem vindo a ser praticada por vários estilistas desde que Katharine Hamnett fez as primeiras t-shirts com slogans, no final dos anos 1980.

Muito recentemente, por exemplo, na coleção de outono-inverno 2015 do belga Walter van Beirendonck, apresentada em Paris em janeiro, podiam ser lidas as frases “stop terrorizing our world” e “warning explicit beauty”, o que foi interpretado como uma alusão aos atentados em Paris, no início deste ano, e ao Estado Islâmico.

Também em Janeiro, o estilista macedónio Marjan Pejoski, da KTZ (Koto To Zun),  o homem que criou o famoso fato de cisne com que Bjork se apresentou na cerimónia dos óscares, em 2001, incluiu nalgumas peças da sua coleção masculina de outono-inverno 2015, inspirada no fime “A Laranja Mecânica”, de Stanley Kubrick, os rostos de Karl Marx, Lenine e Mao Tse Tung, para além do de Beethoven.

Já as críticas do britânico Christopher Shannon podem ser consideradas mais enviesadas e irónicas, se nos lembrarmos da apresentação da coleção de outono-inverno deste criador, em janeiro deste ano, em Londres, em que modelos desfilaram com sacos de plástico na cabeça e peças com frases como “save me” ou “broken”.

Numa época de crescente alienação e desinteresse pela política, a moda tem-se mostrado afinal bem mais capaz de intervir e de contribuir para a reflexão e a crítica do que muitos pensavam.

Fight to win!

João Peste Guerreiro


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