Oscares todos os filmes em analise

Óscares 2019 | Todos os filmes, em análise

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Os Óscares de 2019, a 91ª edição desta cerimónia histórica da Academia de Hollywood, são já este domingo, dia 24 de fevereiro. Como tal, convidamos-te a recordar e reexaminar todos os filmes nomeados e as críticas MHD dos mesmos.

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Dezenas de filmes estão nomeados para 24 diferentes categorias nos Óscares de 2019. Ao longo dos últimos dois anos, ora no circuito dos festivais ou aquando da sua estreia comercial em Portugal, a equipa de cinema da MHD tem vindo a criticar e analisar muitas dessas obras. Tal como fizemos com os filmes dos Óscares do ano passado, decidimos reunir links e citações de todas estas críticas para que, enquanto leitor, te possas preparar para a noite mais glamourosa de Hollywood.

Para abrires os artigos em si, basta clicares nos links assinalados a azul. Os filmes estão ordenados, mais ou menos, pelas suas nomeações, sendo que, primeiro, temos os oito nomeados para Melhor Filme e, nos últimos slides, estão os filmes somente nomeados nas categorias mais específicas de Melhor Filme de Animação e Melhor Filme Numa Língua Estrangeira.

Sem mais demoras, aqui segue uma retrospetiva MHD das críticas dos filmes preferidos da Academia. Usa as setas para passar os vários slides.

ROMA de Alfonso Cuarón

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Nomeado para 10 Óscares, incluindo Melhor Filme e Melhor Realizador.

NOTA MHD: 88%

Na crítica de Cláudio Alves, aquando do LEFFEST, foi dito:

Não há grande modéstia em “Roma”, que está sempre a esticar os limites do seu virtuosismo e a dimensão do seu retrato humano. Contudo, face ao génio nos esforços de Alfonso Cuarón, que aqui foi realizador, produtor, argumentista, técnico de montagem e diretor de fotografia, não podemos encarar essa falta de modéstia como nada que não pura honestidade. “Roma” é fruto de enormes ambições, sendo que a maior delas é a tentativa de sintetizar em cinema o amor sentido por Cuarón para com Libo e o amor que ele mesmo sentiu vindo da mulher que o criou. A complexidade de tais milagres do coração humano nunca será totalmente capturada por uma objetiva, mas “Roma” consegue chegar bem perto de fazer o impossível.

Antes disso, durante o Festival de Veneza, já José Vieira Mendes tinha partilhado algumas das suas primeiras impressões:

Filmado num preto e branco brilhante em longos planos sequência, ‘Roma’ é efectivamente um retrato íntimo, profundo, angustiante, mas ao mesmo tempo cheio de vida e esperança onde grandes e pequenos, pobres ou ricos, patrões e empregados que constituem os diversos personagens desta história comum, — que faz lembrar um pouco o filme brasileiro ‘A Que Horas Ela Volta’ (2015), de Anna Muylaert — tentam manter o equilíbrio num período de grandes conflitos pessoais, sociais e políticos. É um filme muito emocionante!




A FAVORITA de Yorgos Lanthimos

Melhores bandas sonoras
Nomeado para 10 Óscares, incluindo Melhor Filme e Melhor Realizador.

NOTA MHD: 87%

Na sua crítica, Cláudio Alves disse:

“A Favorita” é um filme desconfortável em todos os seus aspetos e é nesse desconforto, feito de verdades humanas feias a marinar em estilização alienante, que germina seu génio. Por entre risos de escárnio e danças mirabolantes, esta história vai traçando um jogo em que não há vencedor possível, mostrando a fragilidade do coração humano e sua capacidade para a crueldade egoísta. Quem procurava amor, acaba por se encontrar separada da única pessoa que realmente a amou. Quem procurava poder, acaba exilada da mulher a quem dedicou a alma e do país a quem dedicou a vida. Quem queria fugir à humilhação da subserviência, acaba por se condenar à posição de escrava sexual de uma gárgula moribunda. No fim, a miséria é a única certeza e constante. Miséria sob a forma de infinitos coelhos batizados com o nome de crianças que nunca chegaram a ver a luz do Sol.

Para a cobertura do Festival de Veneza, José Vieira Mendes disse:

‘The Favorite’, o novo filme de Yorgos Lanthimos é uma combinação de intriga de palaciana e comédia louca, com um sentido de humor e uma descontração pouco habitual nos seus filmes anteriores, marcados quase sempre pela tensão e pelo inesperado. No entanto, se o filme é rico no excesso da realeza e sofisticação, consegue igualmente ter uma pitada de loucura, especialmente na figura da rainha Anne, interpretada por Olivia Colman, o centro de todas as ‘ligações perigosas’ que marcam a intriga do filme. Mesmo assim maioria das coisas que acontecem, parece um tanto incidentais e realistas, por vezes sob o olhar deformado da lente ‘olho de boi’, utilizada em muitas cenas na sua maioria interiores.




ASSIM NASCE UMA ESTRELA de Bradley Cooper

assim nasce uma estrela
Nomeado para 8 Óscares, incluindo Melhor Filme, Melhor Ator e Melhor Atriz.

NOTA MHD: 87%

Na sua crítica, Cláudio Alves, afirmou:

“Assim Nasceu Uma Estrela” é um melodrama lacrimoso à moda antiga, com sensibilidades modernas e uma banda-sonora pronta a fazer as delícias de muitos. Como atriz, Lady Gaga não é nenhuma revelação, mas suporta bem o drama emocional do filme, enquanto Bradley Cooper e Sam Elliott dão as prestações das suas respetivas carreiras. Não é um filme sem problemas, mas os seus aspetos mais gloriosos ofuscam as falhas.

Aquando do Festival de Veneza, José Vieira Mendes escreveu:

E a grande surpresa é que em ‘Assim Nasce Uma Estrela’, vamos ver tudo natural, as características marcadas do rosto e nariz, livres de maquilhagem e um corpo envergonhado e não tão elegante como poderíamos à primeira vista pensar de uma estrela da pop. O desafio de Lady Gaga neste filme foi exactamente fazer bem dela própria e isso acaba por resultar em pleno no filme, que é de facto o musical desta temporada. O projecto foi igualmente um desafio para Bradley Cooper, um actor já consagrado aqui em tarefas bastante difíceis: interpretar, realizar e dirigir Lady Gaga; como actor Cooper foi capaz de estar à vontade em comédias como as sagas de ‘A Ressaca’, em êxitos como ‘Golpada Americana’, ou no musculoso ‘Soldados da Fortuna’ e ainda no frágil herói de ‘Sniper Americano’, mas lançar-se neste remake de um filme de culto era uma grande responsabilidade, assumir a interpretação e a realização, ao mesmo tempo. E aparentemente saiu-se muito bem nos dois papéis.




VICE de Adam McKay

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Nomeado para 8 Óscares, incluindo Melhor Filme e Melhor Realizador.

NOTA MHD: 61%

Na sua crítica, Cláudio Alves escreveu:

“Vice” é uma obra que exige admiração pela sua ambição, pela qualidade do seu ator principal e pelas intenções por detrás da sua criação. Contudo, é difícil não ver falhas na sua metodologia e ver como, algumas mudanças aqui e ali, mais contenção e nuance, poderiam ter dado origem a um clássico, talvez menos elétrico, mas ainda mais poderoso que o filme que efetivamente temos diante de nós. Enfim, é imperfeito, bombástico, feio e sem gosto, um monstro de filme para um político monstruoso. Nada podia ser mais apropriado.




BLACK PANTHER de Ryan Coogler

black panther
Nomeado para 7 Óscares, incluindo Melhor Filme.

NOTA MHD: 79%

Na sua crítica, Cláudio Alves escreveu:

Representação é importante, mas o filme de Ryan Coogler não se fica pela simples representação. “Black Panther” é uma glorificação da cultura africana oriental, tanto em termos de narrativa como de casting e design. Já falámos um pouco dos elementos textuais, pelo que nos foquemos um pouco na componente visual. Este é, sem sombra de dúvidas, o mais belo filme do MCU e nem a inclusão de alguns efeitos especiais menos bons consegue detrair da qualidade em exibição. A cenografia de Hannah Beachler e os figurinos de Ruth E. Carter são milagres ostentosos que trazem ao grande ecrã uma estética Afrofuturista que é praticamente inédia em cinema. Não há palavras para descrever a variedade e glória do design de “Black Panther” mas convém dizer que nada disso funcionaria sem a contribuição de Rachel Morrison, a diretora de fotografia que com Coogler criou aqui uma série de imagens a rebentar de cor e que jamais parecem saturadas de ruído visual ou de alguma forma desarmoniosas.




BLACKKKLANSMAN: O INFILTRADO de Spike Lee

Nomeado para 6 Óscares, incluindo Melhor Filme e Melhor Realizador.

NOTA MHD: 84%

Na sua crítica, Cláudio Alves escreveu:

Nos tempos que correm, talvez subtileza não seja o caminho certo para uma mensagem política tão urgente como aquela presente nesta obra. Ao longo da narrativa, Lee vai gradualmente passando de comédia a uma tragédia insuflada pela mais pura das fúrias e, nesse contexto, mesmo que problemático, o gesto final é entendível como derradeiro grito de raiva. Lee podia ter escolhido uma abordagem mais comedida e elegante, mas provavelmente não estaria a ser autêntico para consigo mesmo. Na sua forma final, “BlacKkKlansman” é uma obra de cinema político e histórico profundamente pessoal, que vale tanto pelos seus triunfos como pelos seus defeitos, seus problemas e cáustico retrato do mundo em que vivemos.

Sobre o filme, José Vieira Mendes escreveu para a sua cobertura do Festival de Cannes:

O realizador norte-americano Spike Lee foi aplaudido de pé por seis minutos na sessão oficial após a projecção do seu novo filme “BlacKkKlansman”, ontem à noite. O filme, conta a história real de um detetive afro-americano (John David Washington) e do seu parceiro judeu (Adam Driver), que se juntaram e conseguiram infiltrar-se na organização local da Klu Klux Klan, em Colorado Springs, em 1979. O filme não é genial, mas o tema é incrivelmente oportuno já que o filme termina com a conferência de imprensa de Donald Trump, recusando-se a condenar as ações dos nacionalistas brancos, durante o mortal motim de Charlottesville em 2017. Há muitos idiotas a rodearem o atual presidente e o filme faz uns excelentes e irónicos paralelos com a entourage e a ascensão de Trump.




GREEN BOOK – UM GUIA PARA A VIDA de Peter Farrelly

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Nomeado para 5 Óscares, incluindo Melhor Filme, Melhor Ator Principal e Melhor Ator Secundário.

NOTA MHD: 70%

Na sua crítica, Inês Serra escreveu:

“Green Book” tem sido alvo de polémicas, nomeadamente o facto da família de Don Shirley não ter sido consultada, argumentando que a dinâmica entre as personagens e a caracterização do famoso pianista não estão correctas. Principalmente no que toca à sua ligação com a cultura afro-americana, uma vez que segundo consta o mesmo era, por exemplo, amigo pessoal de Martin Luther King Jr. Provavelmente, Don também saberia comer o famoso frango frito, prato tradicional da sua cultura, o qual se acabou por tornar um recorrente elemento cómico do filme. Ainda assim, podemos assumir que “Green Book” narra a versão dos acontecimentos sob a perspectiva de Tony, contada pelo seu filho mais velho, Nick Vallelonga. Segundo o mesmo, a história de “Green Book” acompanha-o desde a infância, sendo a sua adaptação ao grande ecrã um testamento à personalidade e legado do seu pai. Mas, independentemente do grau de veracidade da relação entre a dupla protagonista, é o facto de “Green Book” não deixar de pôr o dedo na ferida que nunca se tornou cicatriz.




BOHEMIAN RHAPSODY de Bryan Singer

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Nomeado para 5 Óscares, incluindo Melhor Filme e Melhor Ator Principal.

NOTA MHD: 57%

Na sua crítica, Cláudio Alves escreveu:

Chegado o final estrondoso de “Bohemian Rhapsody”, durante o concerto Live Aid, é fácil esquecer todos os muitos problemas do filme. A música dos Queen não é vítima da restante mediocridade em cena e é uma das mais valias constantes. Os figurinos e maquilhagem dão boas distrações visuais, especialmente a quem esteja já familiarizado com a história da banda e se possa entreter a avaliar as reproduções históricas. O som, por seu lado, faz vibrar os assentos do cinema e o corpo e, por momentos, até somos capazes de nos emocionar com o magnetismo trágico de Freddie Mercury. Mas aí está o problema. Toda a emoção e arrebatamento que o filme consegue produzir, fá-lo somente porque está associado à figura real de Freddie Mercury. Se nos emocionamos, é porque pensamos em Mercury, o homem real, não em Mercury, o fantoche oco que se passeia pelos décors deste filme que é tão mau que quase constitui um insulto cuspido ao legado dos Queen e seu mítico vocalista.




GUERRA FRIA de Pawel Pawlikowski

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Nomeado para 3 Óscares, incluindo Melhor Realizador.

NOTA MHD: 87%

Na sua crítica, Cláudio Alves escreveu:

Com o tempo, uma canção de amor vai sendo manipulada e transmutada até que nenhuma da glória original se mantém, perdida algures na reinvenção contínua e saltos entre Este e Oeste, entre folclore e blues, entre as contradições de uma cultura nacional cicatrizada pelo nazismo, mas cheia de antissemitismo. Pawlikowski tudo isto regista com um olho e um ouvido que tanto se interessam pela tragédia como pela sensualidade, pela beleza da dor, pela transcendência da perda. Nos papéis principais, Joanna Kulig e Tomasz Kot encontram autenticidade nas contradições de Zula e Wiktor, cuja espiral autodestrutiva é tão mais assombrosa pelo modo como, enquanto espectadores, conseguimos entender e simpatizar com a sua incapacidade de fugir ao destino que está traçado desde o momento em que os seus olhares se cruzaram pela primeira vez.

Aquando do Festival de Cannes, José Vieira Mendes partilhou as suas primeiras impressões:

Trata-se de mais uma profunda história de amor impossível e exílio entre um músico (Tomasz Kot) e uma jovem cantora (Joanna Kulig), dividida entre a Polónia estalinista e a Paris Boémia dos anos 50; e passada ao ritmo de belas canções, de temas jazzísticos e das tournées europeias do Ballet, Coro e Orquestra Nacional da Polónia e do Mazurek Ensemble, símbolos artísticos do regime comunista polaco. Pawel Pawlinkowski reencontra a sua actriz fétiche Joanna Kulig (“Ida”) em mais uma interpretação notável e angustiante no seu desespero que às vezes até faz lembrar Marilyn Monroe. Apesar da aparente angústia da protagonista e do próprio título, “Cold War” é um filme muito mais sensual e mais luminoso, do que possa parecer à partida.




A MULHER de Björn Runge

A Mulher
Nomeado para o Óscar de Melhor Atriz Principal.

NOTA MHD: 66%

Na sua crítica, Cláudio Alves escreveu:

A maior parte da narrativa de “A Mulher” decorre em hotéis faustosos e nas ruas geladas de Estocolmo, onde o casal viaja para todas festividades associadas com o Nobel. Nesse palco nórdico de contenção e frieza, Close é como um vulcão perfeitamente disfarçado de montanha pacífica. Pouco a pouco, a sua superfície treme, e vemos a lava a borbulhar perto da orla. Chegado o clímax do filme, estamos perante uma erupção violenta. Nunca desobedecendo aos ditames do argumento, Close consegue mesmo encontrar gradações de comédia por entre a torrente destrutiva da sua explosão, mas, enquanto espectadores, sentimos todo o tormento pelo qual Joan está a passar com a visceralidade de uma queimadura de primeiro grau.




À PORTA DA ETERNIDADE de Julian Schnabel

at eternity's gate critica leffest
Nomeado para o Óscar de Melhor Ator Principal.

NOTA MHD: 68%

Na sua crítica, publicada aquando do LEFFEST ’18, Cláudio Alves escreveu:

Ver Dafoe deitado na terra a saborear a calidez do sol na cara é testemunhar a comunhão entre um profeta e a divindade da beleza natural que ele prega a todos os que se dignem a ouvi-lo. Ver a sua expressão cabisbaixa transfigurar-se num sorriso enrugado enquanto os olhos brilham com temor é compreender a dor de um visionário que vive aterrorizado da possibilidade da sua própria loucura. Nenhum destes gestos ou mecanismos é nenhuma novidade para quem conhece e aprecia a longa filmografia de Willem Dafoe, mas a familiaridade em nada implica a falta de valor.




SE ESTA RUA FALASSE de Barry Jenkins

se esta rua falasse critica
Nomeado para 3 Óscares, incluindo Melhor Atriz Secundária.

NOTA MHD: 77%

Na sua crítica, Cláudio Alves escreveu:

O espectador quase sente o amor que Jenkins tem pelas personagens a vibrar do ecrã. Certamente sua direção dos atores em cena manifesta e empatia absoluta com que o cineasta encara todas as vidas que passam em frente à sua objetiva. Regina King, por exemplo, é uma âncora de calor doméstico e convicção maternal no meio da tempestade trágica do enredo, enquanto Stephan James tanto retrata Fonny como o amante idealizado de Tish como o homem assustado a viver os horrores da prisão. Melhor do que todos os membros neste que é o melhor elenco do ano é Brian Tyree Henry que, numa só sequência, nos guia por uma montanha-russa de tons e acaba como uma facada no coração. A lâmina é a verdade feia de um mundo onde a justiça é um ideal que ainda nunca foi alcançado e cujos rebentos morrem envenenados pelo preconceito e privilégio. “Se Esta Rua Falasse” não é um filme feliz, mas não se deixa consumir pela miséria. Jenkins e companhia podem apontar o dedo aos males do mundo, mas têm igual capacidade para sorrir face às maravilhas da vida, do amor e do espírito humano que é capaz de resistir aos mais inimagináveis sofrimentos e permanecer de cabeça erguida.




NO CORAÇÃO DA ESCURIDÃO de Paul Schrader

Melhores bandas sonoras
Nomeado para o Óscar de Melhor Argumento Original.

NOTA MHD: 83%

Na sua crítica, José Vieira Mendes escreveu:

‘No Coração da Escuridão’ é um filme a não perder, porque apesar de ser um drama pesado é uma obra extraordinariamente muito bem escrita e dirigida — Ethan Hawke é notável na sua personagem agonizante — mesmo com o seu desenvolvimento depressivo e atormentada. Tem um enorme potencial dramático, que reflecte sem dúvida muito ao nível individual sobre a fé, a esperança e o desespero, mas também a nível colectivo sobre problemas como: a defesa do ambiente, o terrorismo, a crise da espiritualidade e os conflitos entre religiões.

Anteriormente, José Vieira Mendes já tinha escrito sobre o filme para a sua cobertura do Festival de Veneza:

‘First Reformed’ está efectivamente na linha de outros grandes filmes de Schrader quer como argumentistas (Taxi Driver, Touro Enraivecido ou A Última Tentação de Cristo) quer como realizador. (The Canyons, Cães Selvagens ou Confrontação), com personagens atormentadas e um ambiente de tensão.




A BALADA DE BUSTER SCRUGGS de Joel e Ethan Coen

Nomeado para 3 Óscares, incluindo Melhor Argumento Adaptado.

NOTA MHD: 72%

Na sua crítica, Cláudio Alves escreveu:

“A Balada de Buster Scruggs” é uma ambiciosa experiência dos irmãos Coen que tanto mostra as mais-valias desta dupla de cineastas como os limites do seu trabalho recente. Os esforços de uma equipa criativa empenhada e de um elenco requintado tornam toda a experiência numa joia cinematográfica que é ocasionalmente enfadonha e intelectualmente redundante, mas não é por isso desprovida de considerável valor.

Aquando do Festival de Veneza, José Vieira Mendes também partilhou as suas primeiras impressões:

Vários realizadores criaram filmes com temas mais ao menos comuns aos vários episódios que compõem ‘A Balada de Buster Scruggs’, só que os Coen fazem-no sempre de uma forma diferente e particular. Este é também o primeiro filme rodado inteiramente em digital pelos realizadores, no Novo México e no Nebraska; e o mais longo (132’) da carreira desta dupla de sucesso. Apesar dessa estrutura bastante apropriada para televisão ‘A Balada de Buster Scruggs’ é um filme antológico que procura mostrar as múltiplas facetas dos filmes e mitos do oeste americano: um cowboy-cantor (Tim Blake Nelson) que é um exímio pistoleiro, um inepto ladrão bancos (James Franco), uma carruagem de teatro itinerante (Liam Neeson), um garimpeiro (Tom Waits) que enganou todos, uma mulher que viaja com dois guias e finalmente uma diligência direta para o Inferno, que faz lembrar até a peça de Gil Vicente.




NUNCA DEIXES DE OLHAR de Florian Henckel von Donnersmarck

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Nomeado para 2 Óscares, Melhor Fotografia e Melhor Filme Numa Língua Estrangeira.

Para a sua cobertura do Festival de Veneza, José Vieira Mendes escreveu:

‘Never Look Away’ é sobretudo uma história de superação e de um talento consolidado pela simplicidade e vontade de vencer, filmada de uma forma muito competente entre Dresden, Berlim, Görlitz, Colónia, Praga e Düsseldorf, que obrigou o realizador Florian Henckel von Donnersmarck a fazer as necessárias pesquisas e estudo das reproduções de obras de arte, entre elas as principais da histórica exposição ‘Arte Degenerada’ — considerada pelos nazis fora dos padrões do nacional socialismo —, mostrada logo no início do filme em Dresden.




O PRIMEIRO HOMEM NA LUA de Damien Chazelle

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Nomeado para 4 Óscares, incluindo Melhor Cenografia e Melhores Efeitos Visuais.

NOTA MHD: 80%

Na sua crítica, Miguel Simão escreveu:

O Primeiro Homem na Lua encerra, em si mesmo, um acontecimento histórico, não só porque redefine para sempre a memória turva e longínqua que temos desse evento marcante, como suplanta qualquer fasquia alcançada até à data em termos de fidelidade visual e sonoplástica. Contudo, o mordaz docudrama biópico de Chazelle concretiza um feito ainda mais relevante e notável, faz-nos o homem antes de ele se fazer a si mesmo. Se Armstrong ainda fosse vivo, rejeitaria qualquer distinção ou louvor, mas se ele foi capaz de dar “um pequeno passo para um homem, e um salto gigante para a humanidade”, Chazelle dá um pequeno passo para um homem, e um salto “gigante” para a indústria cinematográfica.

Em contraste, José Vieira Mendes escreveu, aquando do Festival de Veneza:

Efectivamente “O Primeiro Homem na Lua”, é talvez um salto demasiado grande e muito diferenciado para um cineasta que apesar do seu grande talento, assinou — e até ganhou Óscares — com um bom par de filmes independentes, quase sempre com temas relacionados com a música: “Guy and Madeline on a Park Bench”, “Whiplash – Sem Limites”, ou mesmo o musical “La La Land: Melodia de Amor”. “O Primeiro Homem na Lua” é no entanto outra música e outra dança, apesar da banda sonora mais uma vez ser muito bem assinada pelo seu habitual colaborador, Justin Hurwitz. A história é tempestiva e fascinante mas o filme de Chazelle, não conseguiu entusiasmar por aí além na sessão de imprensa, desta manhã.




O REGRESSO DE MARY POPPINS de Rob Marshall

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Nomeado para 4 Óscares, incluindo Melhor Cenografia e Melhor Canção Original.

NOTA MHD: 76%

Na sua crítica, Cláudio Alves escreveu:

“O Regresso de Mary Poppins” está bem longe da perfeição cinematográfica do filme original de 1964, mas é uma sobremesa agradável e lacrimosamente alegre. Um estupendo elenco, design elegante e banda-sonora deleitosa, mesmo que não muito icónica, são os ingredientes desta receita de sucesso que é um filme de família perfeito para a época festiva em que chega aos cinemas.




MARIA, RAINHA DOS ESCOCESES de Josie Rourke

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Nomeado para 2 Óscares, Melhor Design de Figurinos e Melhor Maquilhagem e Cabelos.

NOTA MHD: 71%

Na sua crítica, Miguel Simão disse:

“Maria, Rainha dos Escoceses” é uma proposição valorosa, que permite aceder ao lado mais romântico e sensível da mente e espírito destas guerreiras rigidamente estereotipadas pela sociedade durante séculos afio e que, talvez, possam rever-se agora numa fita mais despojada de preconceitos. Rourke tem a coragem de reduzir a figura masculina à selvajaria dos seus instintos mais básicos e primitivos, como lobos em peles de ovelha, mas hoje pode fazê-lo, há quatrocentos anos atrás seria decapitada.




HAN SOLO: UMA HISTÓRIA DE STAR WARS de Ron Howard

han solo Star Wars figura de estilo
Nomeado para o Óscar de Melhores Efeitos Visuais.

NOTA MHD: 77%

Na sua crítica, Miguel Simão afirmou:

Han Solo: Uma História de Star Wars” assume-se como um raro exemplo no pantanal de spinoffs, que geralmente se perdem na reciclagem de ideias frescas. Se por um lado somos convocados a assistir na ponta do assento a esta odisseia furiosa pelos recantos mais sombrios do Cosmos, por outro são pormenores nostálgicos como o blusão vintage à Steve Mcqueen de Solo, o bromance retardado com Chewie e a comunhão de ambos em mais uma missão impossível agregadora de benfeitores e malfeitores no mesmo teto, que nos fazem rejubilar de uma emoção impagável. Será fácil concluir, portanto, que Han Solo, enquanto prequela de “Rogue One” e sequela de “A Vingança dos Sith”, constitui uma das mais importantes adições desta ópera espacial interplanetária, preenchendo um vazio cronológico pertinente. Han Solo é cinema pipoca no seu estado de graça. Han Solo é um dos grandes blockbusters deste Verão.




VINGADORES: GUERRA DO INFINITO de Anthony e Joe Russo

Comic Books
Nomeado para o Óscar de Melhores Efeitos Visuais.

NOTA MHD: 75%

Na sua análise, Ângela Costa escreveu:

“Vingadores: Guerra do Infinito” é uma viagem por todas as personagens que nos foram apresentadas nos últimos anos. Cada uma com as suas aspirações, com os seus medos, certezas e incertezas. Mais do que heróis, elas são pessoas arrastadas para uma situação da qual desejam sair ao mesmo tempo que sentem a necessidade de salvar os seus amigos, e o universo. Se as decisões de Thanos são difíceis, as decisões que os nossos heróis terão de tomar raramente serão fáceis. Nem tudo acabará bem, mas tudo acabará equilibrado. Terá Thanos conseguido o que quer? Terão os heróis conseguido travar o vilão a tempo? Ou terá sido tarde demais?




HOMEM-ARANHA: NO UNIVERSO-ARANHA de Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman

homoem aranha no universo aranha critica
Nomeado para o Óscar de Melhor Filme de Animação.

NOTA MHD: 81%

Na sua análise, Cláudio Alves escreveu:

Tal maravilha cinematográfica tira o fôlego, faz o coração bater mais depressa e, por momentos, consegue transcender as expetativas até do membro da audiência mais cético e ríspido. Tal perfeição é o tipo de transcendência artística e emocional que justificam todo o género de cinema de super-heróis, que nos mostram os limites da animação e nos lembram por que razão amamos a sétima arte.




ILHA DOS CÃES de Wes Anderson

canais tvcine e séries
Nomeado para o Óscar para Melhor Filme de Animação

Aquando da sua cobertura da Berlinale, José Vieira Mendes escreveu:

Quando os maus aparecem no filme e procuram caçar brutalmente os nossos amigos de quatro patas, como num filme de ação “Ilha dos Cães”, continua a ser essencialmente uma fábula, sobre o heroísmo e a resistência, mas também sobre o mundo real em que vivemos das enormes desigualdades e descriminação. Curiosamente, o filme leva-nos mesmo a entender e a vestir a pele dos animais, enquanto sociedades manipuladas pelos media: quase tudo o que os humanos e os noticiários da televisão — como um permanente Big Brother — dizem é traduzido por uma tradutora-humana de serviço. É assim que esta pequena história de Atari (Koyu Rankin), e dos seus peculiares companheiros caninos, King (Bob Balaban), Duke (Jeff Goldblum), Rex (Edward Norton), Chief (Bryan Cranston) e Boss (Bill Murray) acabam por nos divertir, mas sobretudo confrontar-nos com questões tão actuais como: quem somos como seres humanos? que nos distingue dos animais? Que mundo queremos para o futuro das gerações que aí vêm?




THE INCREDIBLES 2: OS SUPER-HERÓIS de Brad Bird

canais tvcine e séries
Nomeado para o Óscar de Melhor Filme de Animação.

NOTA MHD: 73%

Na sua análise, Inês Serra escreveu:

Esta comédia irrequieta (Zezé proporciona alguns dos mais hilariantes momentos da história da Pixar) e visualmente estimulante (Bird trouxe de “Missão Impossível: Operação Fantasma” um delicioso estilo ‘James Bondish’), desfaz estereótipos e brinca com eles, debruçando-se sobre o papel dos homens e das mulheres na sociedade e sobre a importância de permitir que as mulheres se expressem através do seu trabalho. É fascinante olhar para “The Incredibles 2: Os Super-Heróis”, uma longa-metragem de animação, como a derradeira lição de feminismo para os tempos correntes.




RALPH VS INTERNET de Rich Moore e Phil Johnston

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Nomeado para o Óscar de Melhor Filme de Animação.

NOTA MHD: 72%

Na sua crítica, Daniel Rodrigues disse:

Nas relações humanas, todos somos heróis e vilões, por vezes simultaneamente. Nessa perspetiva, é de admirar que “Ralph vs Internet” se exclua de personagens de motivações nocivas. No entanto, o último ato acaba por evidenciar um meta-vilão que o filme parecia não ter. Embora se compreenda essa opção estilística, há uma aura hollywoodesca explosiva que paira sobre o filme e que o aproxima, por momentos, a um qualquer blockbuster de ação que o filme não é. É a sequência mais frágil de toda esta sequela que, mesmo assim, é servida de um dos remates mais amargurantes e inspiradores do ano cinematográfico.




SHOPLIFTERS – UMA FAMÍLIA DE PEQUENOS LADRÕES de Hirokazu Koreeda

shoplifters critica leffest
Nomeado para o Óscar de Melhor Filme Numa Língua Estrangeira.

NOTA MHD: 83%

Na sua crítica, publicada para a cobertura do LEFFEST, Cláudio Alves escreveu:

Durante anos, Hirokazu Kore-eda explorou dinâmicas familiares com um olhar ternamente humanista, mas “Shoplifters” é talvez a primeira vez que os seus olhos se viraram para algo além do seio familiar, para a sociedade, cultura e política que valida, valoriza e protege essas ditas famílias. Talvez por isso mesmo, não obstante a natureza lacrimosa das suas resoluções, a narrativa do filme é marcada por um anti sentimentalismo absoluto que é principalmente motivado pela forte contracorrente de fúria e indignação.(…) Tanto a nível formal como textual, ideológico e emocional, “Shoplifters” é uma joia de humanismo cinematográfico que todos deveriam ver.

Aquando do Festival de Cannes, José Vieira Mendes partilhou as suas primeiras impressões:

De certo modo, “Shoplifters” marca um regresso deste realizador socialmente consciente à temática do seu filme “Nobody Knows”, prolongando um contínuo exame do que é a uma família, e de que forma esta pode constituir ainda o elemento de coesão na sociedade japonesa, em contínua evolução.




CAFARNAUM de Nadine Labaki

capernaum cafarnaum critica leffest
Nomeado para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro.

NOTA MHD: 63%

Na sua crítica, escrita para a cobertura do LEFFEST, Cláudio Alves disse:

“Cafarnaum” está longe de ser pornografia gratuita de miséria e sofrimento humano. Contudo, há que admitir como este é um exercício cheio de passos em falso, talvez o maior deles todos a tentativa desajeitada de parcialmente desculpabilizar as ações dos pais pelo final da narrativa em tribunal. Tais fragilidades trazem muito demérito às boas intenções da realizadora, mas não apagam todo o poder do seu exercício em realismo social da variedade mais lacerante que se consegue imaginar. Afinal, não é todos os dias que somos confrontados com um filme que nos pede para simpatizar totalmente com uma criança e, em consequência, aceitar que esse menino nunca devia ter sido forçado a nascer para um mundo que para ele só guarda sofrimentos sem fim.

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Acompanha a nossa cobertura intensiva da Awards Season. Tudo vai culminar com a cerimónia dos Óscares. Aqui pela MHD mal podemos esperar para ver quem sairá vencedor.

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