10 filmes esquecidos pelos Óscares | Sing Street

Um jubilante triunfo cheio de música espetacular e imaturidade juvenil, Sing Street foi um dos melhores e mais divertidos filmes que os Óscares ignoraram.

 


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Tal como o filme que explorámos na página anterior, Sing Street estreou no festival de Sundance no início de 2016, recebendo imediata aclamação crítica, se bem que neste caso não houve nenhum do burburinho sobre possíveis nomeações aos óscares para Melhor Filme. Também o filme de John Carney se diferenciou do de Nate Parker na sua falta de polémica ou controvérsia, sendo que, ao mesmo temp0o que O Nascimento de Uma Nação se afundava em profundas águas de infâmia, Sing Street ia conquistando uma módica quantia de fãs, escassos mas apaixonados.

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Não é nenhuma revelação dizer que o filme não foi um grande sucesso comercial, mas não deixa por isso de ser uma pequena tragédia. Num panorama cinematográfico em que tantas comédias verdadeiramente estúpidas entretêm milhões de adolescentes e alcançam números estratosféricos no box office, é triste que um filme tão bom como Sing Street seja relativamente ignorado. Este é um filme, temos de sublinhar, perfeito para um público juvenil, sendo a história de um rapaz na Irlanda dos anos 80 que, ao mudar de escola, conhece uma rapariga que o fascina de imediato e cria uma banda para lhe chamar a atenção. Através dessa premissa, o filme torna-se num comovente, inteligente e nada condescendente retrato de adolescentes a crescerem, de pontos de vista emocionais, artísticos e até políticos.

Acima de tudo isso, há que se salientar como o filme é uma espécie de jubilante antidepressivo, constituindo uma das experiências mais divertidas, humorísticas e genuinamente inspiradoras que o ano passado pode oferecer de um ponto de vista cinematográfico. Esta magnífica obra podia ter muito bem sido o filme “feel-good” do ano e, consequentemente, ter arrecadado uma forte presença na Awards Season mas, no final, teve de se contentar com uma nomeação, muito merecida, para o Globo de Ouro de Melhor Filme Comédia ou Musical, assim como uma série de indicações de associações críticas na categoria de Melhor Canção Original.

Essa categoria era mesmo a última esperança para fãs do filme que queriam vê-lo a ser reconhecido pelos Óscares. Afinal, Once e Begin Again, ambas obras musicais do mesmo realizador, conseguiram garantir nomeações nessa categoria. Once até ganhou o desejado galardão e, se formos brutalmente honestos, quase todas as canções de Sing Street se provam melhores e mais merecedoras de prémios que praticamente todas as canções que foram efetivamente indicadas para o óscar deste ano. De destacar está o energético “Drive it Like You Stole It”, não só uma fantástica e divertida canção, mas também o marco do momento mais agridoce e espetacular do filme. Abaixo, deixamos o vídeo dessa cena.

O que o vídeo acima também deverá demonstrar, para além da qualidade da canção em si, é a sublime execução técnica que trespassa todo o filme. Desde a exata recriação histórica dos espaços da Irlanda durante a dura década de 80, à exuberância estilística cheia de referências musicais da caracterização e dos figurinos, passando pela sonoplastia primorosa que possibilita momentos tão mágicos como um plano contínuo em que vamos testemunhando o crescer e desenvolvimento de uma canção, Sing Street merecia ter sido considerado em inúmeras categorias.

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A elas acrescentamos as principais também, pois, apesar do seu caráter juvenil, este é um filme de surpreendente inteligência e complexidade emocional e tonal, e isso deve-se tanto à modesta mas eficaz realização de John Carney como ao seu primoroso argumento original e suas inúmeras pontadas de genuína angústia tecidas pelo meio dos sorrisos contagiantes. Para além do mais, é um autêntico crime que Ferdia Walsh-Peelo não tenha estado sequer em consideração para a nomeação ao Globo de Ouro de Melhor Ator numa Comédia ou Musical, ou que o elenco não tenha estado entre os celebrados pelos SAG. É graças ao trabalho destes atores, muitos deles em início de carreira, que a dimensão humana de Sing Street se prova tão vibrante e transcendente, ao mesmo tempo que evita os clichés desumanos que atormentam tantos filmes semelhantes.

 


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Outras obras que foram provavelmente ignoradas pelos Óscares devido ao seu teor juvenil e cómico, mas que merecem alguma atenção, foram, por exemplo, The Edge of Seventeen. Queen of Katwe, Hunt for the Wilderpeople e Todos Querem o Mesmo!!

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