Vai Seguir-te, em análise

 

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 FICHA TÉCNICA

Título Original: It Follows
Realizador: David Robert Mitchell
Elenco: Maika Monroe, Keir Gilchrist, Olivia Luccardi
Género: Horror, Thriller
EUA | 2014 | 100 min

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Subitamente, recordamos John Carpenter. E as notas musicais que embalam – ou talvez não – as criações da década de 70. Sim, e as reminiscências asiáticas, mais tarde transformadas em remake de Gore Verbinski (de “Ringu”, de Nakata Hideo para “The Ring”). Saudosismo concluído.

Será que David Robert Mitchell precisou, desesperadamente, de realizar algo que, de forma mais ou menos explícita, abarcasse todos os elementos supra elencados? Terá sido esse um propósito, ou um resultado involuntário?

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Jay (Maika Monroe) é uma jovem cuja batalha diária passará a ser tentar descobrir como fugir de uma entidade que a persegue (sob a capa de pessoa conhecida ou não), situação originada pela consumação de uma relação sexual. Sendo essa espécie de “condutor” transmissível, consoante os contactos vão ocorrendo, o objectivo será desvendar como liquidar o “vírus”.

A sonoridade oferece, no mínimo, cinquenta por cento à película. É verdadeiramente poderosa, pois transmite exactamente o que as palavras, na sua ausência, pretendem expressar: a perseguição constante.

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Em jeito de zombies, os aterrorizantes corpos assumem os mais inesperados moldes, o que nos impede de, não só não ter conhecimento de quando aparecerão, como de que forma tal sucederá, o que se distancia do que é frequentemente visualizado.

Quais descendentes de Michael Myers em “Halloween” (1978), os autores das mortes optam por assassinar de uma forma mais assustadora do que sangrenta.

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Já a identificação de traços idênticos ao argumento de “Ringu” não é difícil de fazer. Como uma doença que se propaga – naquele, através de uma ‘video tape’, aqui pelo contágio de uma relação sexual – só mesmo o teor do “vírus” difere.

Vai Seguir-te, que aparentaria ser um ‘slasher movie’, assume-se, neste momento, como uma das mais aterrorizantes construções dos últimos tempos, segundo vários críticos e analistas da Sétima Arte. Não chegaríamos a tanto. Tem, sim, a particularidade de ser uma abordagem interessante e enigmática do horror psicológico. E porquê?

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Além do motivo mencionado no início – (i) o (in)voluntário objectivo de D. Mitchell – referem-se outras características atípicas: (ii) a subtileza e seriedade no tratamento da sexualidade, considerando o género; (iii) o invólucro de construção simplista, a uma primeira vista e que, afinal, esconde algo para posterior reflexão.

Como se, só bem debaixo da pele – e sem retirar o mérito da fotografia, banda sonora fenomenal e uma cena inicial que nos faz, desde logo, ficar presos à história – estivesse todo o potencial desta estrutura.

“I made the film intentionally to be open to lots of different interpretations.”

“The honest answer – and it’s probably the irritating one – is that I had several things in mind when I wrote the film.”

David Robert Mitchell, The Guardian

Sofia Melo Esteves

 

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