Jackie Chan reflete sobre o impacto dos efeitos CGI no cinema de ação
Há quem diga que o cinema perdeu o sabor do risco. Jackie Chan concorda—mas não é tão simples como parece.
O cinema de ação já não é o que era. E não falamos apenas de histórias ou personagens, mas da própria essência do perigo que outrora nos prendia à cadeira. Nos anos 80 e 90, assistir a uma cena de luta ou a um salto impossível era uma experiência visceral, precisamente porque sabíamos que o ator estava a arriscar a pele. Hoje, com os avanços da tecnologia, os heróis da Marvel voam, as personagens de Velocidade Furiosa esmagam carros e sobrevivem a explosões sem uma única gota de suor real. E, segundo Jackie Chan, isso tem um preço.
Jackie Chan critica a era dos efeitos digitais
Num entrevista à Haute Living, Jackie Chan não poupou palavras ao falar sobre o estado atual das cenas de ação. “Antigamente, a única opção era estar lá e saltar; ponto final,” confessou. “Hoje, com os computadores, os atores podem fazer tudo, mas há sempre uma sensação de realidade que sentimos em falta.”
O ator de “Karate Kid“, que construiu uma carreira a desafiar a gravidade (e o bom senso), reconhece que os efeitos visuais são uma “espada de dois gumes.” Por um lado, permitem façanhas antes impensáveis; por outro, “o conceito de perigo e limite desvanece-se, e o público fica anestesiado.” Mas Jackie Chan não é hipócrita: “Não estou a incentivar ninguém a arriscar a vida como eu fiz; é perigoso demais.” Ainda assim, há uma nostalgia pelo tempo em que o perigo era palpável—e o público sabia disso.
Aos 71 anos, Jackie Chan continua a fazer as suas próprias cenas de ação, uma marca registada que recusa abandonar. “Claro que faço as minhas próprias acrobacias. Faz parte de mim,” afirmou. “Isso não muda até ao dia em que me reformar—o que nunca vai acontecer! Depois de 64 anos nisto, já não é preparação física. Está na alma; é memória muscular.”
O futuro das cenas de ação
A questão que Jackie Chan levanta não é nova, mas ganha peso vinda de um homem que partiu ossos pelo entretenimento alheio. Se antes um salto de um arranha-céus era um momento de tensão genuína, hoje é apenas mais um efeito entre muitos. O público já não se pergunta “Como é que ele fez isso?”, mas sim “Quantos artistas digitais trabalharam nisto?”
No entanto, será justo culpar a tecnologia? Afinal, os filmes estão mais espetaculares do que nunca, e os atores já não precisam de sofrer lesões permanentes por um take perfeito. Jackie Chan sabe disso—e, no fundo, a sua crítica não é aos efeitos visuais em si, mas à forma como são usados. Quando tudo é possível, nada impressiona.
O próximo projeto do ator, “Karate Kid: Legends“, promete trazer de volta o seu icónico Mr. Han. Será que veremos cenas práticas, ou o digital vai dominar? Chan garante que a sua filosofia não mudou—mas Hollywood já não é a mesma.
Preferes as acrobacias reais de outrora ou a magia digital de hoje? Deixa a tua opinião nos comentários.