Amanhecer na Ceifa – Análise
“Amanhecer na Ceifa” regressa aos 50º “Jogos da Fome” para contar a história do favorito dos fãs, Haymitch Abernathy.
Até hoje, a trilogia inicial de “Hunger Games” já vendeu mais de cem milhões de cópias. A saga distópica de Suzanne Collins tornou-se num fenómeno após a adaptação para o cinema, em 2012.
Assim, a saga recebeu quatro adaptações, que fizeram quase três biliões de dólares. O que também contribui para este fenómeno foi a qualidade do casting, que contou com Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Donald Sutherland, Sam Claflin, Woody Harrelson, Elizabeth Banks, Jeffrey Wright, entre outros.
Em 2020 a autora, Suzanne Collins decidiu voltar à saga que a popularizou com a prequela “A Balada dos Pássaros e das Serpentes”, que nos levou aos décimos jogos, para contar a história do vilão da trilogia, o Presidente Snow.
Tanto o livro como a sua adaptação, que estreou em 2023, foram sucessos e, por isso, a escritora não ficou por aí. Assim, em abril de 2025, Suzanne Collins lançou a nova prequela “Amanhecer na Ceifa”, que revela a história do famoso mentor de Katniss e Peeta, Haymitch Abernathy.
Em “Amanhecer na Ceifa”, vamos até aos quinquagésimos “Jogos da Fome”, uma edição que conta com o dobro dos tributos, ou seja, quarenta e oito. Acompanhamos, assim, como Haymitch conseguiu vencer numa edição ainda mais brutal do que as anteriores.
E para seguir o sucesso da restante saga, mesmo antes de lançar o livro, Suzanne Collins já tinha anunciado a adaptação ao cinema, que estreia em outubro de 2026. O casting é incrível, como sempre, contando com Kieran Culkin, Ralph Fiennes, Elle Fanning, Maya Hawke, Steve Zada e McKenna Grace.
Suzanne Collins tenta homenagear os fãs
Enquanto na “Balada dos Pássaros e das Serpentes” a autora se focou maioritariamente na história de Snow, em “Amanhecer na Ceifa”, Suzanne Collins tenta incluir o maior número de personagens da trilogia original que consegue.
Acaba por parecer muito um “fan service”, ou seja, interligar um grande número de personagens adoradas só para agradar aos fãs. Há conexões que não fazem sentido, idades e histórias que não jogam com o que já conhecemos daquelas personagens.
Assim, a história de Haymitch acaba por se focar demasiado no conhecimento dessas personagens e como a relação com elas influenciou o seu futuro.
Amanhecer na Ceifa estende a introdução
A introdução do novo livro estende-se demasiado. Isto tendo em conta que os fãs já conhecem de trás para a frente o universo de “Jogos da Fome”. Aliás, os verdadeiros jogos só começam a mais de cinquenta por cento do livro, perdendo tempo com uma interminável introdução de personagens e planos que acabam por nem acontecer.
Este tempo poderia ser utilizado para um maior desenvolvimento e criatividade nos jogos e nas personagens que realmente fazem diferença no livro, como o Ampert, a Maysilee ou a Lenore Dove.
E por falar em Lenor Dove, a personagem que é uma figura tão importante no livro acaba por não ter presença na sua maior parte, o que torna menos credível a sua história de amor com Haymitch.
A sensação final é de que a primeira parte se alonga demasiado tempo e, a partir do momento em que entramos nos jogos, parece que tudo acontece demasiado rápido e é difícil conectarmo-nos com qualquer personagem, até o próprio Haymitch.
O comentário social de Suzanne Collins
A autora gosta de encaixar uma crítica política nos seus livros, um paralelismo exagerado da nossa realidade. “Amanhecer na Ceifa” não é exceção. O novo livro da saga foca-se muito e de forma inteligente, na propaganda e na forma como os cidadãos de Panem são manipulados pelo poder de Snow.
Apesar de ser uma série de distopia e fantasia, estes aspetos podem muito bem ser aplicados à nossa realidade. À propaganda e manipulação que todos os dias podemos ver, por exemplo, nas redes sociais, por vezes sendo difícil distinguir a verdade da mentira.
A relação entre Katniss e Haymitch
Uma das partes mais bonitas de “Amanhecer na Ceifa” é, na verdade, o seu epílogo. Na última parte do livro Suzanne Collins dá-nos a perspetiva de Haymitch do início da sua relação com Katniss e Peeta.
É um dos momentos mais emocionantes do livro, ainda que sendo um dos mais simples. Porque consegue estabelecer uma conexão com o público, que adora este universo e estas personagens.
Sendo assim, quais foram, para ti, os melhores momentos de “Amanhecer na Ceifa”?
Conclusão
- “Amanhecer na Ceifa” expande o universo de “Jogos da Fome” com novos elementos e personagens familiares, mas perde algum impacto ao tentar agradar demasiado aos fãs. Apesar das falhas no ritmo e desenvolvimento, Suzanne Collins mantém a sua marca através da crítica social e de momentos emocionais que relembram aos leitores porque se apaixonaram por esta saga.