©Everett Collection Stock via Shutterstock, ID: 755026843 / © HBO Max (Editado por Vitor Carvalho, © MHD)

The Gilded Age, a verdade histórica por trás da série da HBO Max

The Gilded Age não é apenas uma série histórica. É um retrato realista num período que se define pela opulência e pela pobreza.

A série de Julian Fellowes, que estreou na HBO, não se contenta em simplesmente narrar os eventos de uma era dominada por elites sociais. Em vez disso, ela permite-nos respirar o ar carregado de tensões sociais de um dos períodos mais fascinantes da história dos Estados Unidos.

Mas, o que exatamente sabemos sobre A Era Dourada? Quanto da série reflete a verdadeira essência da época e quanto é pura ficção? Vamos explorar os fatos, as figuras históricas que inspiraram os personagens e os eventos que marcaram essa fase crucial da história americana.

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A divisão social, old money e new money

Gilded Age
© HBO Max

Quem assiste a The Gilded Age percebe imediatamente a batalha constante entre old money e new money. Esta é uma luta que define não apenas as personagens, mas o próprio tecido social da época. A série retrata o conflito entre famílias como os van Rhijn e os Russells. George Russell, interpretado por Morgan Spector, personifica o tipo do magnata que construiu sua fortuna na indústria ferroviária, enquanto os van Rhijn representam o dinheiro herdado das velhas gerações.

Esta dualidade, longe de ser exagerada pela ficção, reflete um ponto crucial da história. No final do século XIX, os velhos aristocratas de Nova York viam com desprezo a riqueza dos novos ricos, aqueles que haviam acumulado fortunas em setores emergentes como o transporte, a energia elétrica e a mineração. Este cenário é claramente inspirado por figuras como os Vanderbilts, cujo império ferroviário foi uma das maiores fontes de riqueza da era.

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Bertha Russell, interpretada por Carrie Coon, é, sem dúvida, uma versão ficcional de Alva Vanderbilt. Esta mulher não apenas lutou para estabelecer o seu lugar na alta sociedade de Nova York, mas também conseguiu um divórcio de William K. Vanderbilt, também baseado no comportamento controverso da sua personagem.

O movimento de temperança e o direito ao divórcio

Gilded Age
© HBO Max

Enquanto The Gilded Age explora as batalhas sociais entre as famílias ricas, também mergulha em questões políticas que moldaram a sociedade da época. O movimento de temperança, que preconizava a abstenção do álcool, ganha força com Ada, de Cynthia Nixon, que se alinha ao movimento na série.

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Mas a realidade histórica? O movimento de temperança foi uma das forças políticas mais poderosas da época, culminando na Lei Seca que vigoraria entre 1920 e 1933. A série, portanto, reflete um dos maiores movimentos sociais da história americana, onde o álcool não era apenas um vício; era uma ameaça à moralidade e ao bem-estar da nação.

Mas, e o divórcio? Na época, o divórcio era uma prática socialmente estigmatizada, especialmente entre as classes mais altas. Assim, como retratado na série, o simples ato de considerar a separação era um escândalo, com as mulheres frequentemente a ter de lutar pelos seus direitos. Para as personagens de Gilded Age, o direito ao divórcio era uma arma poderosa, mas também perigosa, um reflexo de uma sociedade profundamente patriarcal e puritana.

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O feminismo em Gilded Age

Taissa Farmiga (The Gilded Age)
Taissa Farmiga (The Gilded Age) © Karolina Wojtasik/HBO

Assim, a série também aborda um dos temas mais importantes da época: o movimento pelo direito ao voto das mulheres. Com a introdução de personagens como Frances Ellen Watkins Harper, interpretada por LisaGay Hamilton, a narrativa expõe as divisões dentro do próprio movimento feminista, especialmente quando se trata da interseção com o racismo e a discriminação.

É importante lembrar que, enquanto algumas mulheres da classe alta defendiam o direito ao voto, muitas também se opunham, como é o caso da personagem Mrs. Fish, baseada em Marion Graves Anthon Fish, uma figura histórica que foi ferozmente contra o sufrágio feminino.

É fascinante como The Gilded Age reflete essas divisões históricas, não apenas entre diferentes classes sociais, mas também dentro do próprio movimento feminista. A série não apenas mostra a luta das mulheres brancas, mas também traz à tona as questões enfrentadas pelas mulheres negras da época, como Peggy, que se envolve na causa em meio a uma sociedade que constantemente tentava silenciá-las.

A divisão dentro da comunidade afro-americana

The Gilded Age
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O que a série apresenta de verdadeiramente inovador na sua abordagem histórica é o foco na elite negra de Newport, Rhode Island. A personagem de Peggy, interpretada por Denée Benton, não apenas luta pelo direito de voto das mulheres, mas também se vê imersa no debate sobre o colorismo dentro da comunidade negra.

A introdução da elite negra de Newport é uma rara representação de um segmento da sociedade que, embora pouco abordado, desempenhou um papel significativo no desenvolvimento da cultura e do capital americano durante a Era Dourada. Essa faceta histórica é muitas vezes ignorada, e a série traz um olhar fresco sobre as complexas divisões dentro das próprias comunidades marginalizadas.

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A expansão do ferroviário

© Max

O final do século XIX foi, sem dúvida, a era de ouro dos barões ladrões, aqueles magnatas da indústria que fizeram fortunas ao esmagar concorrentes e ao explorar trabalhadores. A figura de J.P. Morgan, interpretado por Bill Camp, é uma referência direta ao verdadeiro J.P. Morgan, um dos maiores banqueiros da história, responsável pela reestruturação de várias ferrovias e por consolidar o poder financeiro em suas mãos.

Em The Gilded Age, o confronto entre os barões do ferro e o crescente movimento de sindicalização dos trabalhadores é retratado com uma precisão impressionante, refletindo os intensos conflitos sociais e as tensões econômicas que marcaram a época.

A tecnologia e a inovação em Gilded Age

Carrie Coon
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Uma das características mais marcantes da Gilded Age foi o avanço tecnológico. A invenção do telefone, a eletrificação das cidades e a construção de monumentos como a Ponte do Brooklyn são temas centrais na narrativa da série.

A transição de uma sociedade agrária para uma sociedade industrializada é algo que Fellowes explora com maestria, ao mesmo tempo em que traz uma crítica ao impacto dessas inovações nas vidas dos trabalhadores.

 

O que The Gilded Age nos ensina sobre a história

The Gilded Age mistura habilmente fatos históricos com ficção, ao criar uma história intrigante e, muitas vezes, desconfortável sobre uma época de grandes mudanças. Mas ao fazer isso, a série força-nos a confrontar as desigualdades e os desafios que marcaram esse período.

O que pensas sobre estas dinâmicas de Gilded Age? Será que as tensões sociais da época são relevantes hoje? Deixa a tua opinião nos comentários!

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