Como escolher o lugar perfeito no cinema de acordo com os especialistas

Ir ao cinema não é só escolher o filme. É um ritual, quase um pequeno campo de batalha: a corrida para comprar bilhete a tempo, a fila da bilheteira, o dilema do balde de pipocas… e depois, a grande questão que ninguém quer admitir em voz alta mas que todos pensam, onde raio me sento?

Afinal, a escolha de lugar no cinema pode ser a diferença entre sair com memórias inesquecíveis ou com uma dor no pescoço digna de fisioterapia. E sim, os especialistas já se debruçaram sobre isto.

Qual é, afinal, o melhor lugar numa sala de cinema?

A resposta curta? Nem demasiado à frente, nem demasiado atrás. Segundo Steve Martz, engenheiro de som da THX (a empresa responsável pelo padrão de alta-fidelidade em muitas salas), o ponto ideal encontra-se a dois terços da sala de cinema, a contar da primeira fila, exatamente no bloco central. Se a sala tiver 15 filas, isso significa por volta da sétima ou oitava fila.

Martz explica: “o conjunto de microfones instalados na sala cria um efeito que faz com que essas filas sejam as que têm a melhor perceção sonora. Nem muito alto, nem muito baixo. O nível perfeito.” É ali que os técnicos do cinema alinham colunas, níveis e efeitos surround sound. Claro, a ideia é que todos os lugares sejam “bons”, mas os de calibração central estão otimizados para a experiência mais imersiva.

E isto explica também porque é que esses lugares são os primeiros a desaparecer quando abre a bilheteira de um blockbuster. Quem já tentou comprar para a estreia de um filme da Marvel sabe bem o drama de acabar encostado ao ecrã, num exercício de alongamento cervical.

E em salas IMAX, muda alguma coisa?

Sim, muda bastante. Ao contrário das salas tradicionais, as salas de cinema IMAX foram desenhadas para que praticamente todos os lugares sejam bons lugares. O ecrã ocupa toda a parede, os assentos estão dispostos em formato de “estádio” e o som é calibrado por laser, garantindo que o volume e a clareza se mantêm iguais para a maioria dos assentos. Resultado: independentemente de te sentares à frente ou atrás, a experiência é praticamente uniforme.

Isto não significa que possas relaxar e chegar atrasado. A posição central continua a ser a mais confortável em termos de visão, menos torcicolos, mais equilíbrio entre ecrã e campo de visão. Mas numa sala de cinema IMAX, sentar-te um pouco mais para a frente não é uma tragédia como noutras salas. Aqui, a geometria trabalha a teu favor.

Curiosamente, isto também explica porque muitas cadeiras nessas salas são vendidas ao mesmo preço, não há “lugares pobres” em IMAX. Uma filosofia oposta a alguns cinemas que cobram mais caro pelas filas centrais, como é o caso da AMC nos EUA, que criou categorias de preço para lugares “preferenciais” (os no centro), “standard” e até “económicos” para quem se atreve a ocupar a primeira fila.

Porque é que este é o lugar perfeito?

1. Som envolvente, sem distorções dramáticas: sentar-te nos dois terços da sala de cinema e bem no meio permite que captes o som e os efeitos surround sound do lado e atrás de forma harmoniosa. Fugas laterais ou demasiado perto do ecrã só estragam a magia.

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2. Visão confortável e sem torcicolos: de acordo com os parâmetros da Society of Motion Picture and Television Engineers, o ecrã do cinema deve preencher o teu campo de visão e o ângulo vertical não pode exceder os 35°, justamente o que consegues nesta posição de dois terços, evitando cansaço de pescoço e vista.

3. Opinião de quem sabe (e de quem já lá esteve): o realizador Christopher Nolan confessa que se põe logo na terceira fila do cinema, central, quando vê filmes em cinemascope e ligeiramente atrás da linha central em IMAX. Outros técnicos garantem que esta zona é mesmo onde calibram cor e áudio, o que não é uma coincidência.

Da próxima vez que fores ao cinema, lembra-te: há mais ciência no teu lugar do que na escolha do filme em si. Mas onde costumas sentar-te, és do clã “sempre ao meio”, da equipa da “última fila” ou gostas de viver perigosamente na frente?

About The Author

Vítor Carvalho

Licenciado em Estudos Artísticos – Artes do Espetáculo pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com foco em cinema e teatro, e uma especialização em Guionismo pela World Academy. Como redator na MHD, une o seu conhecimento acadêmico à paixão pela cultura pop e mídia visual. É guionista e atualmente está a trabalhar num livro de fantasia. Apreciador de cinema e artes performativas, tem experiência em edição de vídeo e ilustração digital 2D, o que enriquece a sua perspetiva crítica no entretenimento.

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