MOTELX 2025 | Freaky Tales – Análise
Já não há como negar. 2025 é, definitivamente, o ano de Pedro Pascal. De “Last of Us” a “Materialists”, passando por “Fantastic 4”, o ator tem feito fantástico. Uns adoram, outros criticam, mas tem sido incrível a ascensão de Pedro Pascal nos últimos anos.
Ainda assim, um filme do ator que me passou ao lado foi “Freaky Tales”. Isto até ver que ia passar no MOTELX. É essa a vantagem dos festivais de cinema, descobrimos filmes que talvez não iríamos ver se não fossem essas oportunidades.
Assim, como o nome indica, “Freaky Tales” junta quatro contos diferentes, irreverentes até, que se interligam para um final épico. Além de Pedro Pascal, o filme conta com nomes como Ben Mendelsohn, Normani, Angus Cloud, Jack Champion, Jay Ellis e um cameo hilariante de Tom Hanks.
Uma comédia de terror
Este é um filme campy, que o sabe ser. “Freaky Tales” assume-se como uma história cómica, a partir do momento em que utiliza figuras desenhadas para abrir a história. Deixa o seu tom marcado desde o início e, por isso, ficamos imediatamente preparados para o que vamos ver.
É cómico, não só na sua história, mas no timing como entrega as suas piadas. E nas subtis interações entre contos, que se interligam num final tão engraçado como violento.
A linha ténue entre homenagem e cópia
“Freaky Tales” é um filme que não se desculpa pelas suas homenagens. É uma carta de amor ao cinema e isso ganha-me quase sempre. Atualmente, é difícil escrever e realizar um filme, que junte referências, sem se tornar uma cópia da sua inspiração.
Contudo, é isso que “Freaky Tales” faz corretamente. É algo entre “Scott Pilgrim” e todos os filmes de Quentin Tarantino. Ainda assim, consegue ser um filme absolutamente criativo, algo que faz falta em Hollywood.
Narrativas não lineares
As narrativas não lineares são, talvez, o meu device narrativo favorito num filme. Sou muito atenta às narrativas dos filmes e adoro algo criativo e que nos troca as voltas. Este ano, já é o segundo filme do género que adoro. Em julho, Mike Flanagan surpreendeu e emocionou com “The Life of Chuck”.
Agora, no MOTELX, “Freaky Tales” utilizou esta técnica para nos deixar curiosos com a parte mais sobrenatural do filme. Mas para quem está atento, há várias pistas durante o filme, e muitas delas são reveladas no final. Neste filme, a narrativa não linear é utilizada para percebermos gradualmente o que liga cada uma daquelas personagens. A conclusão é… o poder da mente.
Uma conclusão que dá que pensar
Por mais cómico que isto pareça, o poder da mente é a conclusão e mensagem deste filme. Sim, o filme utiliza a “Psytopics” para ligar estas personagens e mostrar o que a meditação, a espiritualidade e o treino da mente pode fazer.
Tal como uma homenagem ao cinema em si, “Freaky Tales” também mostra o seu amor pelos anos 80. Assim, a “Psytopics” é, também, inspirada nos centros espirituais que surgiram na Bay Area em 1987.
Assim, o final do filme deixou-me a questionar se todas aquelas histórias interligadas não eram um grande anúncio publicitário para a “Psytopics”, fundada pelo famoso jogador de basket Sleepy Floyd.
Conclusão
No fim, “Freaky Tales” é um conjunto de contos que mistura humor, terror e uma homenagem ao cinema e aos anos 80. Ainda assim, conjuga tudo com criatividade e irreverência. É exagerado, campy, mas surpreendente, daqueles que é bom descobrir em festivais como o MOTELX.