Play Dirty – Análise
“Play Dirty” estreou recentemente na Prime Video. O filme surge como uma reinvenção moderna do ladrão Parker, agora realizada por Shane Black, com Mark Wahlberg como protagonista. Esta é a análise do filme.
Uma história conhecida
O enredo apresenta Parker, interpretado por Mark Wahlberg, que sofre uma traição durante um assalto e é deixado à beira da morte. Mais tarde, une forças com Zen, papel entregue a Rosa Salazar, a mesma cúmplice que o traiu, para concretizar um golpe ainda maior.
À medida que o plano se desenrola, Parker atrai novamente antigos comparsas, como Grofield, interpretado por LaKeith Stanfield. Assim, vê-se envolvido em conflitos com a máfia de Nova Iorque, além de interesses políticos num país sul-americano. Desde o início, “Play Dirty” procura equilibrar ação intensa, humor sombrio e uma atmosfera festiva, características habituais na obra de Shane Black.
Ritmos ambíguos
A narrativa começa de forma sólida, evocando a sagacidade de trabalhos anteriores do realizador, como em “The Nice Guys”. Contudo, à medida que a história progride, surgem demasiadas reviravoltas e digressões, o que torna o enredo excessivamente denso.
O estilo de Black continua reconhecível nos diálogos rápidos e afiados, mas a ambição da trama acaba por ofuscar o desenvolvimento das personagens. Muitas vezes, o filme aposta em aumentar a escala dramática em vez de aprofundar motivações, e isso enfraquece o impacto emocional de algumas sequências.
As cenas de ação oscilam entre momentos de pura eficácia e outros de exagero visual. Em certas passagens, a criatividade dos golpes impressiona; noutras, os efeitos especiais menos convincentes retiram força ao conjunto.
O elenco principal
O elenco é diversificado e competente, com Rosa Salazar a destacar-se pela energia e firmeza que confere a Zen. LaKeith Stanfield, no papel de Grofield, garante algumas das passagens mais leves e memoráveis desta estreia de outubro.
Já Mark Wahlberg, no papel principal, cumpre o essencial, mas não consegue imprimir a Parker uma dimensão mais sombria ou surpreendente. Assim, em alguns momentos, a sua performance parece limitada pela própria construção do guião, que privilegia a ação em detrimento da profundidade psicológica.
Altos e baixos
Entre os pontos fortes de “Play Dirty” sobressaem o humor negro, os diálogos rápidos e a energia contagiante das sequências de assalto. Além disso, a tentativa de expandir o universo Parker para dimensões políticas e globais confere ao filme um caráter ousado. No entanto, essa mesma ambição transforma-se também em fraqueza, já que a história se alonga demasiado, perde clareza em certos trechos e sacrifica o desenvolvimento de personagens secundárias.
No balanço final, “Play Dirty” é um filme de ação irregular, mas estimulante. Apesar de não cumprir totalmente as suas promessas, oferece momentos de entretenimento e mantém viva a marca estilística de Shane Black. Quem procura um policial com humor negro e ritmo encontrará valor nesta obra. O filme está disponível no catálogo da Prime Video.