Há risco de novo apagão em Portugal, alertam os especialistas
A Red Eléctrica de España (REE) lançou um alerta preocupante sobre a possibilidade de um novo apagão na Península Ibérica. Nas últimas semanas, foram detetadas variações bruscas de tensão na rede elétrica espanhola. Um fenómeno que, apesar de não ter causado interrupções imediatas, gerou alarme entre operadores e reguladores do setor energético.
Instabilidade na rede levanta preocupações
Segundo o comunicado emitido pela REE, estas oscilações de tensão têm potencial para causar desligamentos súbitos de consumo e produção, comprometendo a estabilidade do sistema elétrico. A situação torna-se ainda mais crítica devido à interligação entre as redes de Espanha e Portugal. Qualquer falha em território espanhol pode replicar-se em Portugal em questão de segundos.
O alerta surge apenas meio ano após o apagão generalizado de 28 de abril, que deixou cerca de 50 milhões de pessoas sem eletricidade em Espanha, Portugal e partes do sul de França. Comboios, elevadores, sistemas de comunicação e redes informáticas ficaram inoperacionais durante várias horas, expondo a fragilidade das infraestruturas elétricas face a eventos imprevistos.
Renováveis trazem vantagens, mas também desafios
O relatório divulgado pela REE aponta a integração crescente de fontes renováveis, como a energia solar e eólica, como um dos fatores que contribuem para esta instabilidade. Apesar de tornarem a rede mais limpa, estas fontes são mais imprevisíveis e apresentam flutuações que dificultam a manutenção da tensão em níveis estáveis.
Além disso, muitas instalações ligadas por eletrónica de potência, incluindo sistemas de autoconsumo, conseguem alterar a sua potência em segundos. A ausência de visibilidade sobre estas mudanças representa um desafio acrescido para o gestor da rede, que perde capacidade de antecipar e reagir de forma eficaz a alterações súbitas.
Medidas de emergência em curso
Para evitar um novo colapso energético, a REE ativou os seus planos de alerta e propôs à Comissão Nacional dos Mercados e da Concorrência (CNMC) a implementação de medidas excecionais e temporárias. Entre elas, destacam-se o reforço do controlo de tensão, ajustes automáticos em centrais críticas e maior rigor nas exportações de energia para países vizinhos, incluindo Portugal.
Face ao risco elevado de um novo apagão, a Comissão Europeia reforçou a recomendação de preparar kits de emergência. Ou seja, para uma eventual falha prolongada no fornecimento de energia. O objetivo é garantir a sobrevivência autónoma durante pelo menos 72 horas sem apoio externo.
O kit recomendado inclui:
- Água potável (cinco litros por pessoa);
- Alimentos não perecíveis;
- Rádio a pilhas;
- Lanterna;
- Velas;
- Carregadores portáteis;
- Dinheiro em numerário;
- Roupa quente;
- Saco de cama;
- Medicamentos essenciais;
- Um kit de primeiros socorros.
Em caso de nova falha generalizada, estes itens poderão fazer a diferença entre segurança e vulnerabilidade.
Modernização das infraestruturas torna-se urgente
Da mesma forma o recente alerta da Red Eléctrica reforça a necessidade urgente de modernizar e manter as infraestruturas energéticas em toda a Península. A transição energética exige soluções técnicas que acompanhem o ritmo da mudança e garantam a fiabilidade do sistema.
Ou seja, sem medidas rápidas e eficazes, os riscos de falhas sucessivas continuarão a aumentar. A cooperação entre os operadores ibéricos e os reguladores nacionais e europeus será fundamental para assegurar a estabilidade da rede elétrica e evitar novos apagões em grande escala.
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