Tribeca Festival Lisboa’25 | In The Hand of Dante, Análise
A segunda edição do Tribeca Festival Lisboa abre oficialmente hoje, dia 30 de outubro. Contudo, no dia 29, o Convento do Beato, em Lisboa, recebeu a Opening Night do Festival de Cinema.
Esta noite iniciou com a tradicional blue carpet, onde as celebridades, nacionais e internacionais tiraram fotos e conversaram com os jornalistas. Seguiu-se um pequeno convívio no recinto, antes de dar início à noite.
Um concerto surpresa e uma homenagem emocionada
Antes mesmo do visionamento de “In The Hand of Dante”, filme que abre o Festival deste ano, o público assistiu a um curto concerto surpresa da artista portuguesa Milhanas. A cantora mostrou a sua poderosa voz, que foi elogiada pelo realizador do filme, Julian Schnabel, logo em seguida, na apresentação de “In The Hand of Dante”.
Em seguida, assistimos aos discursos habituais de início de Festival, que contaram com a presença de Carlos Moedas e Francisco Pedro Balsemão. Nesse sentido, a nova edição do Tribeca Festival Lisboa foi dedicada a Francisco Pinto Balsemão, numa bonita homenagem ao empresário, jornalista e político português, fundador do Grupo Impresa.
In The Hand of Dante abriu o Tribeca Festival Lisboa
A Opening Night do festival contou com o visionamento do filme de Julian Schnabel, “In The Hand of Dante”, que passou pelo Festival de Veneza este setembro. O filme acompanha duas histórias paralelas. No passado, vemos a dificuldade de Dante em chegar à sua obra-prima. Em 2001, o manuscrito original da Divina Comédia é encontrado e cai nas mãos de um gangue de contrabando que tenta autenticar e vender a grandiosa obra a todo o custo.
Nem a premissa é simples, nem o filme o é. É um filme de cerca de duas horas e trinta minutos, de personagens complexas, de um pacing lento, mas com espaço para a comédia e reflexão.
A reflexão sobre o propósito

Sei e digo, pelas razões acima, que este não é um filme para todos. E não tem de o ser. O próprio realizador, após a sessão do filme, esteve presente num Q&A onde se abordou a questão do directors cut.
O filme é efetivamente do realizador, que tem direito a que o filme tenha quase três horas e a liberdade criativa de contar a história que quiser. Depois, será ou não apreciado por quem gostar e sentir a história, ou não apreciar este tipo de filmes. Mas foi positivo que se falasse sobre este tema sem um sentido de ódio, mas sim de diversidade de perspectivas e opiniões.
Assim, apesar de o ter achado longo demais, apreciei a mensagem que queria passar. É um filme sobre a obsessão em encontrar um propósito para a vida. Um propósito quiçá, maior que a vida. E não apreciar os pequenos momentos, ou aquilo que está à nossa volta e não damos conta.
É, também, um filme sobre o que significa a arte para cada pessoa. Para algumas personagens significava, lá está, o propósito. Para outras era uma obsessão. Também podia ser um prazer. E para algumas significava apenas dinheiro e ambição desmedida.
Um largo casting de estrelas

É impressionante a quantidade de grandes atores presentes neste filme. Mesmo em papéis pequenos, o realizador conseguiu juntar Oscar Isaac, Gerard Butler, Al Pacino, John Malkovich e, até, Martin Scorsese.
Todos os atores têm o seu propósito no filme, mas o destaque irá mesmo para Oscar Isaac e Gerard Butler. Duas personagens com propósitos muito diferentes, antagonistas até. Assim, torna-se muito interessante acompanhar a dinâmica entre os dois.
Um último destaque para a banda sonora do filme de Benjamin Clementine. Este score, não só é lindíssimo ao ouvido, como consegue acompanhar a evolução e o estado da trama.
As críticas de Julian Schnabel
A Opening Night do Tribeca Festival Lisboa aconteceu no renovado Convento do Beato. Que por sinal, ficou um espaço lindíssimo, com uma qualidade de projeção e som a elogiar.
Contudo, durante o visionamento aconteceram alguns percalços, como pessoas a sair e entrar, barulho fora do espaço e luzes a acender e incomodar a projeção. Durante o Q&A o realizador partilhou essas críticas com o público e a produção, realçando que “É um espaço lindíssimo mas tem de ter as condições para passar um filme na sua máxima qualidade”.


