ChatGPT desafia o Google Chrome com o seu novo projeto
ChatGPT está de volta e não, desta vez não vem apenas responder às tuas perguntas existenciais às três da manhã.
A OpenAI acaba de lançar um novo projeto que integra a IA diretamente no coração da experiência online. O objetivo? Não apenas competir com o Chrome, mas redefinir o que significa “navegar” na internet.
Atlas é o novo navegador da OpenAI

Imagina um browser que não precisa de abas infinitas, de copiar e colar entre separadores, ou de ter 27 janelas abertas só para descobrir a receita original do bacalhau espiritual. É isso que a OpenAI promete com Atlas, o novo navegador.
Segundo Adam Fry, gestor de produto da OpenAI, o Atlas “deve parecer familiar”, com abas, marcadores e modo incógnito, mas com uma diferença fundamental: o ChatGPT está integrado no próprio design, e não apenas “colado” ao lado. O engenheiro principal, Ben Goodger, reforçou esta ideia: “Não queríamos que o Atlas parecesse o teu velho navegador com um botão de chat colado à pressa.”
Na prática, isto significa que o ChatGPT vive em cada página da web, disponível para interagir com qualquer caixa de texto. Procuras bilhetes de avião, análises de filmes ou queres reformular um email? Tudo pode ser feito diretamente dentro do navegador, sem saltos entre aplicações. O investigador Will Ellsworth, da equipa do Atlas, resume-o assim: “Deve parecer uma extensão natural de mim próprio.”
Será que o Atlas pode ser o rival do Chrome?

Essa é a pergunta que o mundo tecnológico anda a murmurar. O Chrome domina o mercado há quase duas décadas, um império construído sobre a velocidade, integração com o Google e, claro, o controlo absoluto dos nossos dados. Mas este é um momento curioso para o gigante das buscas: um tribunal norte-americano decidiu recentemente que o negócio de pesquisa da Google constitui um monopólio ilegal, abrindo espaço para rivais ousados como o Atlas entrarem em cena.
O timing é perfeito para a OpenAI. Ao contrário de extensões como o ChatGPT for Chrome, o Atlas nasce com o modelo de linguagem embutido, um browser-IA híbrido, uma espécie de copiloto que lê, interpreta e até age por ti. Podes dizer-lhe “reabre o par de sapatos que vi ontem”, e ele fará exatamente isso, percorrendo o teu histórico sem precisar que tu te lembres de onde clicaste.
Atualmente, o Atlas está disponível para utilizadores de Mac, incluindo quem usa a versão gratuita do ChatGPT. Os planos pagos (Plus e Pro) desbloqueiam o novo AI Agent, um assistente capaz de pesquisar, planear e reservar atividades, algo entre um mordomo digital e um assistente pessoal com memória infinita.
O Atlas vai mudar a forma como usamos a internet?

Se a promessa se cumprir, o impacto vai muito além da conveniência. As buscas via IA são, por natureza, conversacionais e personalizadas, o que significa que muitos sites poderão perder tráfego direto. Afinal, se o ChatGPT te entrega respostas completas, qual o motivo para visitar páginas individuais? Isto coloca em risco o modelo económico da web, o mesmo dilema que o Google tenta resolver com o seu “AI Overviews”.
Mas há outro problema menos falado: a energia. Assim, como lembra a Sky News, a pesquisa gerativa consome muito mais eletricidade do que uma simples pesquisa no Google. À medida que mais utilizadores aderirem a navegadores como o Atlas, o custo energético da internet pode disparar, mesmo que os modelos se tornem mais eficientes.
Ainda assim, Sam Altman, CEO da OpenAI, está confiante: “Há muito mais por vir. Estes são apenas os primeiros dias deste projeto.” E, conhecendo o histórico da empresa, não é difícil imaginar um futuro onde abrir o browser seja o mesmo que falar com uma mente digital personalizada, capaz de recordar o que leste, o que queres e até o que sentiste ontem à noite ao pesquisar “melhores memes de 2025”.
O que esperar?
O Atlas pode não destruir o império do Chrome da noite para o dia, mas marca o início de uma nova forma de estar online. Uma onde a navegação deixa de ser passiva e torna-se numa conversa contínua entre humano e máquina. Se a tua janela do Chrome te começasse a responder… continuavas a usá-la?

