Enciclopédia de Fadas de Emily Wilde, a Crítica | Uma introdução à fantasia
“Enciclopédia de Fadas de Emily Wilde” chegou às livrarias portuguesas para reimaginar o mundo das fadas que conhecemos de outras histórias.
Na “Enciclopédia de Fadas de Emily Wilde” acompanhamos, claro, Emily Wilde. Esta protagonista é uma brilhante académica de Cambridge e especialista em fadas, que viaja para a remota aldeia de Hrafnsvik (no norte da Europa) para aprofundar a sua pesquisa.
Emily é socialmente desajeitada e prefere livros e a companhia do seu cão a interações humanas. No entanto, a presença do seu carismático rival, Wendell Bambleby, complica a sua investigação.
Enquanto desvenda os mistérios das fadas Ocultas, Emily vê-se confrontada com um enigma ainda maior, a verdadeira identidade e intenções de Wendell e os sentimentos inesperados que desperta nela.
Os tropes que definem a Enciclopédia de Fadas de Emily Wilde
Para quem ainda não conhece este termo, muito utilizado para descrever livros nas redes sociais, um “trope” é um elemento narrativo recorrente.
Ou seja, é um padrão de enredo, personagem ou tema que aparece frequentemente na literatura. Assim, os “tropes” que definem este livro, para já ficares a conhecer o seu estilo, são Cozy Fantasy, Light Romance, Low Stakes, Dark Academia, Found Family e Small Town.
A escrita de Heather Fawcett na Enciclopédia de Fadas de Emily Wilde
A “Enciclopédia de Fadas de Emily Wilde” faz parte de uma trilogia, sendo que apenas o primeiro está traduzido para português. Heather Fawcett, a sua autora, conseguiu desconstruir o mundo das fadas neste livro.
Estamos habituados a imaginar fadas como seres bonitos, pequenos e com asas. Aqui, nada disso é verdade. As fadas são enigmáticas, mesquinhas e até cruéis. Podem assumir várias figuras, até a de um humano.
Assim, o facto de as fadas serem tão imprevisíveis e inconstantes, coloca a personagem principal em perigo, várias vezes. É uma forma original de retratar este tema e de deixar o leitor nervoso com o que pode acontecer com Emily Wilde.
Outro aspeto que Heather Fawcett utiliza de forma diferente é a perspetiva. Normalmente acompanhamos as personagens em primeira ou terceira pessoa. Este livro é contado em formato diário. Sendo assim, a protagonista escreve os momentos mais importantes da sua história no seu diário.
No entanto, para quem não adora livros muito descritivos, por vezes a história pode tornar-se maçadora. Uma fantasia já pressupõe uma atenção redobrada, devido a todo um mundo novo que é construído. Por isso, o reduzido diálogo, comparado com os momentos de descrição, pode ser difícil de acompanhar.
Emily Wilde é uma protagonista diferente
Muitas protagonistas são extrovertidas, com personalidades fortes e muitas opiniões. Contudo, Emily Wilde é inteligente, mas recatada. É possível perceber que sofre de ansiedade social e que tem problemas em fazer amigos.
Nesse sentido, é bom ver a sua evolução ao longo do livro, a forma como conseguiu encontrar amigos no lugar em que menos imaginava. A forma como as suas ações, em vez das suas palavras, acabaram por a aproximar dos habitantes da aldeia, que se tornaram na sua família.
Por fim, o final do livro dá a sensação que a “Enciclopédia de Fadas de Emily Wilde” é uma introdução para os restantes livros da trilogia. Provavelmente será uma história que funcionará em crescendo, à medida que as personagens se tornam mais e mais importantes para o leitor.
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Matilde Sousa