Happy Gilmore 2 – Análise
Adam Sandler volta ao papel de Happy Gilmore nesta sequela para a Netflix. Há muitas caras antigas, mas também muitas caras novas, numa comédia com tanta energia que cansa.
O novo “Happy Gilmore”, que saiu este verão 29 anos depois do original, abre com um murro no estômago: Virginia (Julie Bowen), a namorada de Happy Gilmore do primeiro filme, morre atingida por uma tacada de golfe do próprio Happy (Adam Sandler). É absurdo, cruel e, claro, de certa forma, cómico.
Sandler surge então como viúvo arruinado, alcoólico e com cinco filhos para sustentar neste filme. Para pagar a escola de ballet da filha em França, não resta a Happy Gilmore senão regressar ao golfe profissional. É uma premissa quase telenovelesca, mas com a típica gargalhada nervosa e insolente que sempre definiu Adam Sandler.
A partir daí, o filme mergulha no delírio. Cada partida de golfe é como uma cena de anime sobre desporto: tacadas em câmara lenta como se fossem golpes especiais, entradas de jogadores como se fosse wrestling, e montagens frenéticas que piscam o olho ao ritmo de edição do TikTok. Há energia, há excesso, e, quando este exagero serve a narrativa, funciona em algo divertido. O problema é o peso da nostalgia.
Um filme cheio de nostalgia, mas também de caras novas
O vilão do filme passado, Shooter McGavin, regressa de forma forçada, piadas de 1996 ressuscitam sem brilho e há flashbacks que são, literalmente, material reciclado do primeiro filme. É um permanente olhar para trás que não acrescenta nada. Nostalgia de quê, afinal? De um filme ao qual temos agora acesso a qualquer altura, devido ao streaming?
É por isso que as novas personagens brilham tanto aqui. O lutador de wrestling MJF, no papel de filho mais velho de Happy, encarna bem uma arrogância insolente mas adorável. Haley Joel Osment é ótimo como um falso-humilde em fim de carreira, Margaret Qualley e Eric Andre trazem leveza e química em papéis de golfistas amadores, enquanto Bad Bunny, surpreendentemente, ganha peso real na história ao lado de Happy enquanto no papel do seu caddy e novo amigo. Benny Safdie (sim, o realizador), que surge também como vilão, também tem os seus momentos. Nestas alturas, sentimos finalmente uma sequela, não apenas um eco.
As cameos de celebridades são constantes em “Happy Gilmore 2”
No entanto, o vício dos cameos de celebridades estraga quase tudo. Eminem, Steve Buscemi, Post Malone, Guy Fieri, Kid Cudi, Travis Kelce e inúmeros golfistas reais entram e saem sem deixar rasto, como um feed de Instagram. É divertido por instantes, mas esgota o espetador. Quando o filme se foca nos novos rostos que têm mais desenlvolvimento, como Haley Joel Osment e Bad Bunny, o filme respira. Quando se perde no desfile de celebridades e na nostalgia, cansa.
Há caos divertido, há momentos inesperados, mas também demasiado apego ao passado das piadas dos anos 90 e a um presente megadigital e superficial. “Happy Gilmore 2” resulta melhor quando aposta numa nova aventura, e não quando tenta eternizar um álbum de memórias.
Já tiveste oportunidade de ver “Happy Gilmore 2”, na Netflix?
Happy Gilmore 2
Conclusão
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5.5/10
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- O filme tem um tom caótico e bizarro que consegue ser, por vezes, genuinamente engraçado.
- Embora o filme se beneficie de novas personagens que trazem frescura à história, ele é prejudicado pela sua excessiva dependência na nostalgia e nas cameos de celebridades trendy.