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José Condessa (Rabo de Peixe) leva os Açores a Hollywood no seu novo filme

Há quem diga que há papéis que mudam uma carreira, e há ilhas que mudam uma vida. Para José Condessa, os Açores foram ambos. Assim, o ator português, conhecido por trazer alma e humor às tempestades açorianas de Rabo de Peixe, volta agora ao mesmo cenário com outro tipo de maré: um filme norte-americano que marca o seu salto para o cinema internacional.

E se em Rabo de Peixe navegava entre drama e sal, aqui José Condessa traz o surf até à filosofia, encarnando João, um guia turístico açoriano com mais perguntas do que respostas.

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Honeyjoon, o primeiro filme americano de José Condessa

José Condessa entrevista Rabo de Peixe
© Netflix | Entrevista

Foi o próprio quem o disse: “É bonito. Devo estar muito nervoso, porque esse aí é mesmo um salto novo.” José Condessa referia-se à estreia portuguesa de Honeyjoon, a comédia dramática de Lilian T. Mehrel, filmada em São Miguel,  no Tribeca Festival Lisboa, no dia 1 de novembro.

O filme já tinha dado que falar nos Estados Unidos, onde estreou em junho, colecionando distinções do público, algo que o ator não deixou de sublinhar. “Tem andado a rodar alguns festivais e tem tido alguns prémios do público. É maravilhoso, porque para mim até são dos melhores, que são das pessoas que o consomem.” É uma frase simples, mas mostra a maturidade de quem sabe que o sucesso mais honesto vem de quem paga bilhete.

Honeyjoon” foi, segundo o próprio, o seu “maior salto” até à data e não apenas no sentido profissional. Mas a filmagem foi também uma viagem emocional, uma espécie de reencontro com os Açores, onde o ator já tinha deixado a alma em Rabo de Peixe. O Atlântico, pelos vistos, não esquece.

Rabo de Peixe e Honeyjoon, dois lados da mesma onda?

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José Condessa em “Rabo de Peixe” © Netflix

Quando se fala de José Condessa, é impossível não regressar à vila piscatória mais famosa da Netflix Portugal. “Rabo de Peixe” não foi só um sucesso de audiência, foi um fenómeno cultural, uma lembrança de que histórias portuguesas também podem soar a épico.

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Logo, na apresentação da segunda temporada, o ator aproveitou para refletir sobre o lugar da ficção portuguesa no mundo: “Hoje estamos a fazer uma série portuguesa e é da Netflix e tem a dimensão que tem. Eu acho que é o momento certo para pensarmos que não é preciso ser lá fora para ser bom.” A frase, dita com ironia e esperança, resume o espírito do momento, o de um país olha-se ao espelho e a gostar do reflexo.

E José, que tanto filmou com sotaques lusos como norte-americanos, reforça a mesma ideia: qualidade não tem passaporte. “Às vezes o carimbo de ser estrangeiro não traz necessariamente um símbolo de qualidade.” Pode até trazer uma equipa de produção maior, mas não substitui o essencial, talento e autenticidade.

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O ator mais promissor da sua geração?

josé condessa rabo de peixe
© Netflix

O percurso de José Condessa tem sido um crescendo afinado: da televisão nacional à Netflix, da ficção juvenil à introspeção adulta. O ator tem o raro dom de parecer um rapaz da terra e um protagonista de cinema, talvez seja isso que o torna tão exportável.

Quando lhe perguntaram se este seria o seu “momento de ouro”, o ator respondeu com o pragmatismo de quem não acredita em picos, mas em trajetórias: “Eu espero que não seja a partir de agora a descer. Espero que seja uma continuação daquilo que vamos fazendo.” A humildade disfarça mal o foco.

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Entre Rabo de Peixe, Honeyjoon e uma presença cada vez mais constante nos festivais, José Condessa parece pronto para o equilíbrio que poucos conseguem: o de ser reconhecido “lá fora” sem perder o sotaque de quem vem “de cá”.

A maré está a subir e José Condessa sabe nadar

Assim, se Rabo de Peixe o lançou ao mar e Honeyjoon lhe deu o primeiro navio internacional, talvez o que venha a seguir seja um continente novo. Mas entre as ondas dos Açores e os refletores de Tribeca, José Condessa prova que o talento português já não precisa de tradução, só de bilhetes de ida e volta. Achas que esta nova vaga de atores portugueses está finalmente a conquistar o mundo ou o mundo é que está, aos poucos, a descobrir-nos?

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