Motorola Edge 70 é o rival do iPhone Air?
A linha Edge da Motorola tem sido uma escolha consistente para quem procura bons smartphones Android a preços razoáveis, combinando estilo e excelente relação qualidade-preço. E, apesar de Portugal ser um país onde a Motorola não tem tanto impacto, a verdade é que tem vindo a ganhar o seu espaço, tornando-se uma marca de referência para alguns segmentos.
No entanto, o novo Motorola Edge 70 rompe com essa tradição ao aderir à recente tendência dos telemóveis ultrafinos, uma aposta que já tem mostrado resultados ligeiramente abaixo da média, pois trata-se de um conceito relativamente novo e que ainda tem que ser melhorado. Embora fino e leve, o Edge 70 mantém as dimensões típicas de um Android normal e, por isso, estas alterações não oferecem qualquer revolução drástica no design. Isso nota-se, principalmente quando se olha para o salto de preço face ao Edge 60 e ao Edge 60 Pro, modelos lançados apenas seis meses antes e que, apesar de mais baratos, apresentam excelente desempenho e não são muito mais grossos.
Embora o Edge 70 seja um smartphone sólido de gama média, com um processador competente, bastante RAM, um ecrã de muito boa qualidade para este preço e uma estética cuidada, sofre com cortes importantes: as suas fotografias não estão ao nível dos do Edge 60 Pro, abdica do carregamento rápido e não existe uma melhoria de performance que seja significativa. A própria experiência de software, baseada em Android 16, é prejudicada por algumas aplicações pré-instaladas e por funcionalidades de IA que não oferecem muito, embora continue a ter excelentes opções de personalização e navegação, além de quatro anos de atualizações de sistema e cinco de segurança.
Em termos de design, o Edge 70 destaca-se pela espessura reduzida de apenas 5,9 mm e pelo peso de 159 g, o que o torna bastante agradável de segurar. As opções de cor criadas em colaboração com a Pantone conferem-lhe um estilo distinto, e a textura traseira dá-lhe um toque premium. Contudo, a ausência de um ecrã curvo — algo que antes diferenciava a gama Edge — retira-lhe algum charme visual, mas também lhe dá um aspeto mais robusto que gostei, mas depende dos gostos de cada consumidor. O telemóvel mantém um conjunto de portas e botões simples, inclui certificação IP68/69 e resistência militar MIL-STD-810H, e a verdade é que é um daqueles smartphones que prende o olhar de qualquer pessoa. É diferente, bonito, arrojado.
Ultrafinos é um conceito para o futuro?
O ecrã de 6,7 polegadas, com resolução 2712 x 1200, oferece bons níveis de brilho, 120 Hz, suporte HDR10+ e melhorias visuais Pantone. O ecrã é, claramente, um dos pontos fortes deste smartphone, principalmente para quem quer bom contraste, boas cores e uma experiência que seja realista. A função Water Touch, que permite usar o ecrã com as mãos molhadas, é particularmente prática e pode tornar, por si só, este smartphone numa escolha óbvia para algumas pessoas.
A performance fotográfica é aceitável, com duas câmaras traseiras de 50 MP — principal com OIS e ultra-angular — e uma câmara frontal também de 50 MP. Ainda assim, a ausência da teleobjetiva presente na geração anterior reduz bastante a versatilidade. Em boas condições de luz, as fotos têm cor e detalhe satisfatórios, mas o software de processamento continua abaixo do dos principais concorrentes. Em baixa luz, os resultados são bons e até foram uma boa surpresa. A câmara frontal beneficia do pixel-binning para captar mais luminosidade e gostei das fotos que tirou, apesar de este não ser, claramente, o foco deste smartphone, que prefere abdicar da qualidade fotográfica para melhorar noutros aspetos.
O desempenho geral é sustentado pelo chipset Snapdragon 7 Gen 4, acompanhado de 12 GB de RAM e 512 GB de armazenamento, permitindo jogar títulos exigentes sem engasgos. Aqui, tanto o processador como a RAM estão muito bem para este preço. Os resultados de benchmark refletem a natureza de gama média do processador, mas a experiência prática revela fluidez suficiente para tarefas intensivas e jogos competitivos. Foi um dos aspetos mais positivos dos testes, porque senti que estava a usar um smartphone mais caro do que realmente é. O áudio é fornecido por altifalantes estéreo com Dolby Atmos e, para utilização com fios, é necessário um adaptador para a porta USB-C. Também aqui a experiência foi uma boa surpresa para algo ultrafino onde o som, na maioria das vezes, perde qualidade. Aqui, o Dolby Atmos tem mais “corpo” do que o esperado.
A bateria de 4.800 mAh, apesar da espessura reduzida do dispositivo, garante um dia completo de autonomia, chegando frequentemente a metade do segundo dia. Tendo em conta o seu peso e espessura, é difícil pedir mais para este preço e os utilizadores terão de aceitar que algo superfino não poderá durar tanto quanto outros smartphone que pesam bem mais. O carregamento de 68 W permite ir dos 0 aos 100% em menos de 40 minutos, e há suporte para carregamento sem fios a 15 W.
No conjunto geral, o Motorola Edge 70 é um smartphone bem construído, bonito e competente, mas o seu preço elevado e as várias regressões em comparação com o Edge 60 e o Edge 60 Pro tornam difícil recomendá-lo para o público em geral, até porque o Motorola Edge 60 Pro é mesmo muito bom! Contudo, para alguns utilizadores, que não queiram tanto foco na qualidade das fotografias, e que preferem mais performance, bom ecrã e bom som, então esta é uma escolha acertada dentro dos ultrafinos deste preço.
A aposta num corpo ultrafino está ainda numa fase inicial e nem tudo corre bem. Se tivesse que escolher entre o Motorola Edge 70 e o 60 Pro, a versão 60 Pro acaba por ganhar em vários aspetos e é muito mais barato. Mas, se o foco for ecrã, corpo ultrafino, poder usar com mãos molhadas e um design arrojado, então passem por uma loja e vejam este Edge 70 ao vivo. Provavelmente vão gostar muito!

