A polémica por trás da nova campanha de Sydney Sweeney
Sydney Sweeney está no centro da nova campanha da American Eagle com um trocadilho que provocou mais do que sorrisos.
Ao primeiro olhar, tudo parece dentro do esperado: uma atriz em ascensão, um par de jeans bem e uma marca a capitalizar a tendência. Mas, como tantas vezes acontece, o diabo está nos detalhes ou, neste caso, na semântica. O novo anúncio protagonizado por Sydney Sweeney para a American Eagle trouxe consigo uma frase aparentemente inofensiva, mas carregada de história e polémica: “Sydney Sweeney has great jeans.” (“A Sydney Sweeney tem bons jeans”) Ou será genes?
A campanha que não passou despercebida
No vídeo promocional, Sydney Sweeney, de camisa de ganga e olhar sedutor, declara: “Genes são passados de pais para filhos, muitas vezes determinando características como cor do cabelo, personalidade e até cor dos olhos… os meus genes são azuis.” Enquanto abotoa um par de calças, o duplo sentido instala-se, e com ele um incêndio digital.
A jogada de marketing, que pretendia ser um trocadilho entre “jeans” (calças de ganga) e “genes” (código genético), rapidamente se transformou num caso de estudo sobre racismo estrutural, eugenia e a forma como a linguagem publicitária pode resgatar, mesmo que inadvertidamente, narrativas perigosas. Robin Landa, professora na Michael Graves College, foi taxativa ao falar com a Newsweek: “O trocadilho não é apenas insensível. Está carregado de peso histórico.”
Landa lembra que expressões como “bons genes” estiveram no cerne da ideologia eugénica americana, que promovia a suposta superioridade genética branca e justificava esterilizações forçadas. Neste contexto, associar beleza, pureza e valor comercial à herança genética de uma mulher branca num anúncio, não é apenas uma piada de mau gosto, é reviver fantasmas históricos que nunca desapareceram verdadeiramente.
Sydney Sweeney na ribalta
No TikTok e no Threads, os comentários dividiram-se entre o aplauso e a indignação. Portanto, como escreveu @goodlifebreeze: “A História da América é feia… tão feia e profunda que as pessoas negras e quem ‘sabe o que se passa’ detetam as microagressões, veem a tinta invisível, ouvem os corações pesados e cheiram o preconceito.”
Outro utilizador, @ephem3ra, confessou que inicialmente achou que o anúncio apenas sexualizava Sydney Sweeney, mas que ao ver a versão completa, percebeu os subtons racializados: “Mas ESTE? Sim, agora percebo.” É esta leitura de camadas, de significados que não estão à superfície mas ainda assim são sentidos, que torna a campanha um ponto de fricção cultural.
Assim, a escritora e tiktoker E.B. Johnson foi mais longe e comparou o anúncio aos infames anúncios da Calvin Klein com Brooke Shields nos anos 80, quando esta tinha apenas 14 anos. “O segredo da vida está escondido no código genético”, dizia uma das frases de então. Logo, para Johnson, não é inocente que o novo anúncio ecoe esse passado.
Um símbolo cada vez mais ambíguo
Portanto, esta não é a primeira vez que Sydney Sweeney é associada a símbolos conservadores. Recentemente, o seu nome tem surgido ligado à tendência da “Hot Conservative Girl”, uma estética digital que mistura feminilidade clássica, patriotismo e valores tradicionalistas. Se bem que a atriz nunca se mostrou ser a favor dos valores conservadores até hoje.
Assim, a fusão entre o subtexto ideológico da campanha e a imagem que Sydney Sweeney vem cultivando parece ter sido o combustível para a controvérsia. E, paradoxalmente, o resultado imediato foi um aumento de 4% nas ações da American Eagle, um sinal de que o escândalo vende, mesmo quando fere.
Por outro lado, muitos internautas criticaram o que consideram uma reação exagerada. “Esta polémica em torno da Sydney Sweeney é tão estúpida. Queridas mulheres brancas liberais, parem de nos envergonhar. Isto não é um apito de cão. É só marketing”, escreveu @ashbart90, referindo-se a outros momentos controversos envolvendo a atriz, como a campanha de sabonetes com água de banho “inspirada nela”.
American Eagle | Anúncio da Sydney Sweeney
E tu? Achas que foi só um trocadilho infeliz ou há coisas que já não se deviam “brincar”? Escreve nos comentários.
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