©BBC / © Netflix (Editado por Vitor Carvalho, © MHD)

Produtores de Adolescence confirmam regresso do drama nuclear mais assustador da televisão

Tal como em “Adolescence”, há certas  histórias que teimam em não desaparecer. Pelo contrário, reaparecem, mais vivas do que nunca.

A produtora britânica Warp Films, conhecida por projetos como “Adolescence” (Netflix) e “Reunion” (BBC), anunciou que adquiriu os direitos para adaptar “Threads” para a televisão. A notícia chega num momento em que as tensões geopolíticas fazem o espetro nuclear pairar de novo sobre o mundo – e, por isso mesmo, a decisão não poderia ser mais pertinente ou mais inquietante.

Lê Também:
Dune: Messiah está prestes a dar a Robert Pattinson o melhor papel da sua carreira

Warp Films (Adolescence) confirma remake do clássico apocalíptico “Threads”

Owen Cooper em adolescência ou adolescence da Netflix
Owen Cooper (Adolescence) © Netflix 2024

Se há obra que marcou uma geração, “Threads” é essa obra. Lançado em 1984 pela BBC, o filme – escrito por Barry Hines e realizado por Mick Jackson – não foi apenas uma ficção científica sombria. Tal como “Adolescence”, foi inegavelmente um soco no estômago, um exercício de terror documental que mostrou, sem filtros, o colapso da sociedade britânica após um ataque nuclear. A ação decorria em Sheffield, seguindo um grupo de personagens comuns cujas vidas se desintegravam lentamente, à medida que a radiação, a fome e a barbaridade tomavam conta do país.

Agora, a Warp Films, após o seu sucesso com “Adolescence”, pretende trazer essa história de volta, desta vez em formato de série. Mark Herbert, fundador e CEO da produtora, descreve, à Variety, o projeto como uma “oportunidade única” para explorar a relevância contemporânea de “Threads”. “Foi, e continua a ser, um drama brutalmente honesto que imagina os efeitos devastadores de um conflito nuclear nas pessoas comuns”, afirmou Herbert. “Esta história alinha-se perfeitamente com a nossa visão: contar narrativas poderosas e realistas que criem uma ligação profunda com o público.”

Assim, Emily Feller, diretora criativa da Warp, acrescentou que a adaptação permitirá “descobrir novas interpretações à luz do mundo atual”. “Queremos explorar como a resiliência e a conexão humana podem oferecer esperança, mesmo nos momentos mais sombrios”, explicou. A pergunta que fica no ar é: será que o público do século XXI está preparado para enfrentar, outra vez, este pesadelo? Se o público aceitou “Adolescence” com braços abertos, há esperança que também aceitem este clássico modernizado.

Lê Também:
Nova série da Netflix acaba de destronar Adolescência como a mais vista em Portugal

Por que “Threads” ainda nos assusta

Threads de 1984
©BBC

Tal como “Adolescence”, o que torna “Threads” tão arrepiante não é apenas a sua violência gráfica, mas a forma como desmonta, metodicamente, a ilusão de que a civilização é um dado adquirido. O filme original não tinha heróis, não tinha salvação – apenas a lenta erosão da humanidade perante a catástrofe. Hoje, num mundo de crises climáticas, pandemias e ameaças crescentes, a história ressoa de forma ainda mais perturbadora.

A decisão da Warp de adaptar “Threads” não é, portanto, um mero exercício de nostalgia. É um aviso. Ou um espelho. Assim, a série terá a difícil tarefa de equilibrar o horror do original com uma mensagem que não seja puramente fatalista – algo que Emily Feller já adiantou ser uma prioridade. Mas será possível encontrar “esperança” numa narrativa sobre o fim do mundo? Ou será que, desta vez, o verdadeiro impacto estará em vermos o nosso próprio reflexo no ecrã?

Seja como for, uma coisa é certa: “Threads” nunca foi apenas sobre 1984. É inegavelmente sobre todos os anos em que alguém, algures, apertou o botão errado. E, talvez por isso, a sua adaptação seja mais necessária do que nunca. E quem melhor para nos trazer esta adaptação do que a produtora que nos trouxe “Adolescence”, com a sua complexidade inegável, ao nosso ecrã.

Estás pronto para revisitar este pesadelo? Partilha a tua opinião nos comentários.



Loading poll ...
Em breve
A Tua Opinião Conta: Qual é a melhor?

Também do teu Interesse:



About The Author


Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *