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Rabo de Peixe T2 | Entrevista com Helena Caldeira, Rodrigo Tomás, André Leitão e Kelly Bailey

A segunda temporada de “Rabo de Peixe” estreia hoje na Netflix. Após dois anos da estreia da primeira temporada, que foi um grande sucesso, continuamos a acompanhar a história de Eduardo (José Condessa) e dos seus amigos, que recebem, agora, novos desafios e problemas. A MHD esteve à conversa com o elenco principal da série, formado por Helena Caldeira, Rodrigo Tomás, André Leitão e Kelly Bailey, que nos revelaram os maiores desafios das gravações da segunda temporada. Também podes acompanhar a entrevista em formato vídeo, neste vídeo abaixo.

MHD: Qual foi o vosso maior desafio em regressar para a segunda temporada?

Rodrigo Tomás: Eu estava com receio que a personagem se tornasse enjoativa. Na primeira temporada não havia esse risco porque assim que chegasse ao momento em que se podia tornar enjoativa morria. Então eu estava com receio e se calhar continuo a estar. Esse foi o meu maior desafio.

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André Leitão: Para mim foi de facto esta nova aventura do Carlinhos, ou seja, toda essa envolvência que ele teve e que trouxe da América e que o leva para um lugar muito diferente do que ele estava na primeira temporada, foi o grande desafio. Foi, nunca esquecendo a essência desta personagem e todas as características básicas que já tinham sido construídas, mas complementar agora neste novo mood que não tem nada a ver.

A questão de ver de fora também é muito complicado de gerir. Porque nós na primeira temporada nunca nos tínhamos visto neste contexto do “Rabo de Peixe”. E na segunda temporada, às vezes há uma tendência de querer replicar aquilo que resultou na primeira ou querer mudar aquilo que não resultou tão bem.

E, às vezes, este olhar de fora acaba por nos prejudicar um bocadinho. Esse compromisso de conseguir estar exclusivamente focado naquilo que é o nosso trabalho, naquilo que nós queremos realmente entregar ali, acho que é importante também para não nos desvirtuarmos.

Kelly Bailey: Falo por mim, mas todos nós estamos em zonas muito diferentes por tudo aquilo que passámos, portanto há que manter a personagem que já existia, mas puseram-nos em zonas tão diferentes que, no meu caso, foi um desafio, porque a Bruna realmente está numa zona que é o oposto daquilo que ela fez na primeira.

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E então é descobrir essa nova Bruna, essa zona dela de tentar ser mais responsável. Pensar, que era uma coisa que ela não fazia, simplesmente fazia sem pensar nas consequências.

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Helena Caldeira: Há vários desafios. O primeiro é, dois anos depois, voltar a pegar nestas personagens. Nós próprios já somos pessoas diferentes. Passaram dois anos, muita coisa mudou. Ok, vamos buscar aquela personagem, do ponto de partida onde ela ficou, que é todos em zonas meio trágicas. E depois, além de ter de fazer essa viagem para trás, fazer essa viagem para baixo. Há muita coisa para escavar.

E no caso da Sílvia, a questão da gravidez acho que foi uma coisa que eu tive sempre super consciente. Ainda andei a batalhar bastante tempo para perceber o que é que era ser uma mulher grávida, que tipo de preocupações é que ela tinha ou não tinha e fui também descobrindo isso em conjunto com os meus colegas.

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MHD: Tendo em conta as críticas, os elogios, o sucesso da série. Que novas camadas é que tentaram trazer para as vossas personagens nesta segunda temporada?

André Leitão
André Leitão regressa também para novas aventuras açorianas. ©Netflix/Divulgação

André Leitão: Lá está. Eu acho que aí há esse perigo. Temos de fazer essa filtragem porque é ótimo receber o carinho das pessoas, obviamente. Mas acho que depois o trabalho que nós fazemos é cingido àquilo que está escrito, àquilo que nós pretendemos enquanto equipa.

Às vezes é normal, nós somos seres humanos, temos o nosso ego e às vezes queremos resvalar e fazer coisas que sabemos que resultam cá fora, porque já tivemos a primeira experiência e outras que não resultam tanto. Mas é tentar eliminar isso.

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Helena Caldeira: A primeira temporada acabou a levantar muita poeira. Havia imensa coisa que nós todos podíamos trabalhar. Eu acho que as personagens todas cresceram muito com todas as dores que isso traz e acho que nesta segunda temporada é precisamente andar aí a vasculhar essas dores, a resolver coisas.

Algumas resolvem-se, outras não. E no caso da Sílvia eu queria muito tentar perceber esta questão da gravidez. Como é que era ser uma rapariga grávida neste contexto, neste tempo. Que não é o mesmo que estar em 2025, que não é o mesmo estar em Lisboa. E como é que eu posso fazer isso tudo sem me tornar uma pessoa áspera e cinzenta.

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Ao mesmo tempo dar essas camadas de sensibilidade. Então foi um exercício super fixe, que é o que eu mais gosto no nosso trabalho como atores, de tentar perceber que há dualidades. Ela é isto, mas também pode ser aquilo, nada tem que se fechar, é fixe é abrir portas.

Lembro-me agora de uma coisa que acho que é muito importante, que o meu colega (Rodrigo Tomás) me disse uma vez, e acho que esse foi o meu maior desafio de todos. Tu me disseste-me assim: “mas isto é a Sílvia, não é a Helena”. Porque às vezes dizia: “mas se ela decidir isto, o que é que isto faz dela? Que tipo de mulher é que ela é?”.

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E às vezes é um bocado difícil não ter julgamento, especialmente nesta era em que é preciso nós, enquanto mulheres, afirmarmo-nos. Como é que eu faço isso, deixando de lado a Helena e trabalhando só sobre o personagem. E foi fixe tu teres-me dito isso, porque isso tirou-me um peso dos ombros.

Rodrigo Tomás: Eu percebo isto que a Helena está a dizer porque muitas vezes nós inflamamos as personagens com as nossas próprias convicções. E a época é outra. 2001 é uma época muito diferente de 2025.

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MHD: As séries que envolvem máfia e crime são sempre muito dominadas por homens. Nesta segunda temporada temos muitas mulheres no destaque. Como é que foi para ti, Helena, interpretar uma mulher que está a tomar as rédeas da vida dela e a ganhar poder?

Helena Caldeira: Eu não senti grande diferença, vou ser sincera. Foi fixe poder tomar decisões, mas eu também senti, ao mesmo tempo, que ela também não estava sozinha nessas decisões. Portanto, eu também estive a tentar perceber o que é esse lugar da mulher que comanda ou que também sabe olhar à volta e perceber, ok, mas esta pessoa tem esta capacidade, vou usar, ou vou deixar esta pessoa resolver desta maneira.

Mas é super fixe de repente ter um human power. Mais do que comandar, eu acho que o mais fixe de tudo é a pessoa estar centrada e estar bem nela própria, e não precisar de aprovação, não precisar de validação. Às vezes não é preciso tu mandares um berro, basta tu estares plena. E isso é um lugar muito mais interessante.


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