O stress não é Sinal de Fraqueza
O stress deixou de ser uma sensação pontual e passou a ser um estilo de vida. Vivemos numa era em que a produtividade, a conectividade permanente e os ritmos acelerados se tornaram o novo normal. E se, por um lado, os avanços tecnológicos e sociais nos trouxeram conforto, por outro, deram palco a um dos maiores desafios da saúde atual: o stress crónico.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o stress é já considerado a epidemia do século XXI. O seu impacto não se limita a sintomas passageiros, mas prolonga-se em consequências reais e mensuráveis: ansiedade, insónia, depressão, alterações hormonais, fadiga crónica, burnout e até doenças cardiovasculares.
Embora muitas vezes negligenciado, o stress prolongado tornou-se transversal a praticamente todas as profissões, dos executivos aos empreendedores, dos gestores aos colaboradores. O padrão repete-se: exigência constante, escassez de pausas reais e ausência de autorregulação emocional e física.
O paradoxo da performance: quando a resiliência vira um risco
A narrativa atual glorifica o “aguentar tudo” e a “capacidade de fazer mais com menos”. No entanto, o corpo humano não funciona por metas funciona por ritmos, ciclos e equilíbrio neurofisiológico.
Durante períodos prolongados de stress, o sistema nervoso entra em modo de sobrevivência, activando respostas biológicas contínuas de luta ou fuga. Com o tempo, isso compromete o sono, a digestão, o foco, a imunidade, o humor e inevitavelmente, a produtividade e a saúde mental.
A importância de (re)aprender a regular
Ao contrário do que se pensa, combater o stress não passa apenas por descansar mais ou desligar o telemóvel. Passa por compreender e reequilibrar o sistema nervoso e hormonal de forma ativa e consciente.
A ciência da psicofisiologia tem demonstrado que técnicas integradas, que envolvem a respiração, o sono, o movimento e o foco, podem restabelecer o tônus autonómico (equilíbrio entre sistema nervoso simpático e parassimpático), e prevenir o impacto negativo do stress prolongado.
Estratégias de prevenção do que fazem a diferença
Para quem vive sob alta exigência, não se trata de parar mas de saber parar com propósito, reconectar, reequilibrar e prevenir. Aqui estão algumas estratégias com base científica:
- Micro-pausas conscientes ao longo do dia
- Sono como prioridade não negociável
- Exercício físico regular
- Modolação hormonal natural e suporte nutricional personalizado
- Tecnologias clínicas como o Biofeedback, baseadas em neuromodolação, permitem treinar o sistema nervoso de forma não invasiva e científica.
- São ferramentas de prevenção inteligente, que promovem equilíbrio, foco e resiliência antes que o corpo peça ajuda em voz alta.
Conclusão: o futuro da saúde começa com consciência
O stress não é sinal de fraqueza. É sinal de sobrecarga prolongada e desequilíbrio interno. Ignorá-lo pode comprometer não apenas a saúde, mas também os relacionamentos, a criatividade, a motivação e o propósito.
A boa notícia? Hoje temos ferramentas humanas, clínicas e tecnológicas que nos ajudam a escutar o corpo antes que ele grite. A verdadeira alta performance não se mede só pelo que entregamos. Mede-se também por quanto conseguimos manter-nos presentes, saudáveis e inteiros ao longo da jornada.
Reflexão final
Cuidar de nós não é um luxo é liderança pessoal. E sim, é possível viver com prazos, pressão e desafios… sem que o corpo tenha de gritar para ser ouvido. A saúde começa quando decidimos escutar o que andávamos a ignorar: o cansaço, a falta de ar, o “não sei porquê, mas estou sempre no limite”.
Se a tua vida parece um Excel que não fecha… talvez esteja na hora de abrires espaço para ti. Porque viver bem não é só cumprir metas. É ter energia para o que te faz sentido. Até breve com mais consciência, mais pausa, e talvez… menos café.
Referências
– Organização Mundial de Saúde (OMS). “Stress at the Workplace: The Global Challenge.” (2019)
– Kabat-Zinn, J. “Mindfulness-Based Stress Reduction (MBSR).” Journal of Clinical Psychology (2003)
– Cohen, S. & Williamson, G. “Perceived Stress in a Probability Sample of the United States.” Am J Public Health (1988)
– Hammond, D.C. “Biofeedback and Self-Regulation.” Journal of Clinical Psychology (2005)
– Stewart, S. “The Impact of Biofeedback on Stress Management.” Journal of Occupational Health Psychology (2017)
Autoria de Sónia Chagas Ratinho, Especialista em Longevidade Saudável & CEO da EQA Medicina Integrativa. Edição de Ângela Costa.