Tudo sobre o polémico caso de Nuno Lopes, o ator português
O nome Nuno Lopes já brilhou em palcos e ecrãs, mas agora surge associado a uma acusação que ameaça eclipsar tudo o resto.
Antes de tudo: não é este o artigo onde encontrarás respostas fáceis. E, talvez, nem todas as perguntas inegavelmente certas. Mas quando o nome de Nuno Lopes vai das páginas de um guião para os cabeçalhos dos jornais, não o faz como protagonista mas sim como uma pessoa real. Assim, estamos perante um cenário onde a arte e a vida colidem e a realidade raramente se escreve em preto e branco.
Nuno Lopes acusado de violação por A.M. Lukas
Em novembro de 2023, A.M. Lukas — argumentista e cineasta norte-americana que se identifica como pessoa não-binária — apresentou um processo judicial em Nova Iorque, acusando assim o ator português Nuno Lopes de a ter drogado e violado em 2006, durante o Festival de Tribeca.
Segundo a acusação, a cineasta começou a sentir os efeitos de intoxicação apesar de ter consumido apenas “algumas taças de vinho”, descrevendo uma sequência de memórias fragmentadas, alternando entre momentos de inconsciência e consciência dolorosa. Lukas relata que o ator a violou enquanto ela se encontrava sem forças, segurando-lhe “as pernas moles”, e cita a frase de Nuno Lopes — “Este preservativo está a matar-me” — no momento em que o terá retirado ” .
Assim, no dia seguinte, Lukas dirigiu-se ao hospital, foi submetida a um exame de kit de violação e apresentou queixa formal à polícia. Afirma sofrer de stress pós-traumático e ter tentado suicídio. A defesa de Nuno Lopes, por seu lado, pediu um julgamento sumário nos EUA, alegando inconsistências no depoimento de Lukas e apresentando como prova excertos de um diário íntimo da alegada vítima. Alegam que o ato foi consentido e que Lukas teria até descrito o encontro como desejado.
A linha ténue entre memória e trauma
O que separa o consentimento da violação? Um segundo de lucidez? Uma palavra dita ou não dita? Um corpo imóvel? A questão parece simples até se mergulhar nos meandros do trauma, da intoxicação, da memória inegavelmente fragmentada. E aí, tudo se torna densamente nebuloso. A verdade, normalmente, é complexa. E obriga-nos a reconhecer o desconforto dos envolvidos.
Num dos detalhes mais sórdidos do processo, Lukas refere: “Lembro-me de ver o Sr. Lopes ajoelhado, segurando-me as pernas enquanto me penetrava.” Assim, esta frase, lida a seco, é de uma violência tremenda. Mas a defesa de Nuno Lopes contrapõe com uma outra versão da mesma noite, alegadamente registada pela própria Lukas em diário: um plano para tornar público o processo, conseguir contratos de publicação e… um livro de memórias. Manipulação? Sobrevivência? Ou as duas?
A defesa de Nuno Lopes ainda apresentou um parecer do psiquiatra forense Elie Aoun, que indica que o comportamento de Lukas é compatível com um blackout induzido por álcool — onde se age conscientemente, mas sem formação de memória duradoura.
Perguntas e respostas essenciais
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Quem é A.M. Lukas?
Uma cineasta e argumentista norte-americana, que se identifica como pessoa não-binária. Acusa Nuno Lopes de a ter drogado e violado em 2006. -
O que alega Lukas?
Que perdeu a memória parcialmente após consumir vinho, que foi penetrada sem consentimento, e que Nuno Lopes retirou o preservativo durante o ato. -
Qual é a defesa de Nuno Lopes?
Alega que houve consentimento, que Lukas escreveu sobre o encontro em termos positivos no seu diário e que as alegações surgem anos depois, ligadas a um suposto “plano”. -
O caso já foi julgado?
Não. A defesa de Nuno Lopes pediu julgamento sumário. Assim, o processo ainda decorre em tribunal nos EUA.
Assim, nesta altura, como espectador deste caso — e não juiz — pergunto-me: quantos mais processos semelhantes ficarão por contar por medo de represálias? E quantas reputações são destruídas por acusações infundadas? Talvez o que este caso nos exige não é que escolhamos um lado (O de Nuno Lopes ou o de A.M. Lukas), mas que sejamos capazes de permanecer desconfortavelmente atentos e cautelosos.
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