©DwarfLab

Um Telescópio Inteligente para veres galáxias

O Dwarf 3 é um telescópio inteligente e portátil que, ao fim de cerca de dois meses em que o testei, mudou a forma como encaro este hobby que é a astrofotografia sem necessidade de equipamentos volumosos como telescópios tradicionais e adaptadores de câmara.O Dwarf 3 é incrivelmente poderoso para o seu tamanho e peso.

E sim, o Dwarf 3 dá para fotografar a natureza e até consegue fotografias panorâmicas muito boas, mas é nas fotos às estrelas, nebulosas e galáxias que o Dwarf 3 é realmente impressionante!

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Dwarf 3

Fisicamente, o Dwarf 3 tem um formato retangular e robusto, com dimensões semelhantes a um largo livro de capa dura ou a uma Steam Deck. Pesa pouco menos de 1,4 kg, sólido mas ainda portátil, cabendo facilmente numa mochila pequena. Inclui uma mala de transporte prática e é preciso perceber que na verdade não faz sentido ter algo mais pesado, até porque a única melhoria que se poderia fazer sentido aumentar seria a bateria, o que aumentaria tamanho e peso.

O dispositivo integra um sensor Sony IMX678 Starvis 2, otimizado para imagens em baixa luminosidade, mas também eficaz durante o dia. Dispõe de duas lentes: uma teleobjetiva equivalente a 737mm, menos potente que telescópios tradicionais da mesma faixa de preço, e uma grande-angular, útil para localizar objetos no céu através da aplicação DwarfLab antes de os ampliar com a teleobjetiva. No entanto, a câmara limita-se a 4K de resolução, o que é suficiente para ecrãs grandes, mas algo restritivo para astrofotografia avançada quando comparado com DSLR acopladas a telescópios potentes. A questão no entanto, é simples, é preciso muito mais dinheiro do que o custo do Dwarf 3 para terem algo melhor.

Grande parte do peso provém da bateria interna de 10.000 mAh e dos motores de seguimento. A autonomia varia entre 5 a 7 horas em fotografia e pouco mais de 3 horas em vídeo, chegando a 16 horas em standby. Inclui ainda porta USB-C para alimentação externa ou ligação a computador, estrategicamente colocada na base para não interferir com o movimento do telescópio. Com isto, na verdade para fotografias de alta qualidade, o mais normal é usarem uma exposição de várias horas. Eu foquei-me em tirar uma foto por noite, e a app ajudou imenso a descobrir estrelas, nebulosas ou galáxias, sendo que a galáxia Andromeda foi a primeira que tire uma foto. Tudo isto com o Dwarf 3 a rodar e posicionar-se automaticamente para tirar as fotos.

Portátil e poderoso

A app DwarfLab acompanha o telescópio e oferece várias funções. Home: acesso rápido ao menu de fotografia, agendamento e controlo das luzes integradas.

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Atlas: mapa celeste com constelações, estrelas e objetos astronómicos; pode localizar e seguir automaticamente alvos como nebulosas e mostra o que está visível consoante local e hora. Depois, dentro da app, é só sacar a foto do Dwarf 3 para o smartphone.

A app permite ainda ajustar manualmente tempo de exposição, balanço de brancos, filtros e foco, o que agrada a utilizadores avançados, mas pode ser intimidador para iniciantes. O maior problema encontrado foi a ligação inicial ao telescópio, que embora melhore com atualizações, por vezes exige várias tentativas e pode sofrer quebras ocasionais. Depois de tudo estar a funcionar bem, ainda assusta tudo o que são os conjuntos de variáveis que podemos ir mudando para melhorar as fotos…

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Uma ferramenta essencial são os Astro Darks, imagens negras de referência que reduzem o ruído do sensor ao compor exposições múltiplas. O Dwarf 3 consegue armazenar até 20 conjuntos destes “darks”. Também inclui dois filtros específicos: Astro (ideal para captar estrelas e galáxias, recolhendo mais luz infravermelha) e Dual-band (destinado a nebulosas de emissão).

A configuração exige posicionar o telescópio numa superfície nivelada, orientando-o para norte ou sul, consoante o hemisfério. Depois segue-se a calibração ou o EQ Mode (Equatorial Mode), necessário para evitar rastos de estrelas. Embora no início exija prática, rapidamente se torna intuitivo e recompensador. Mas acreditem, não é um gadget que compram, tiram da caixa e está pronto a funcionar. Demora a perceber-se como tirar partido de tudo o que este telescópio oferece, mas no fim, as imagens são incríveis.

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O Dwarf 3 também se destaca na fotografia lunar e solar. Para a Lua, basta centrar a teleobjetiva e ativar o modo de seguimento automático. Para o Sol, utilizam-se os filtros solares magnéticos incluídos (uma vantagem face ao modelo anterior, que não os trazia). Os resultados em ambos os casos são considerados muito bons, incluindo o registo de manchas solares.

Apesar de não substituir totalmente o equipamento profissional dos astrofotógrafos, o Dwarf 3 consegue agradar tanto a iniciantes como a utilizadores mais experientes. É portátil, relativamente fácil de usar ao fim de umas horas e suficientemente completo para sessões longas ou experiências rápidas. O preço de cerca de 500 euros pode afastar compradores ocasionais, mas é acessível para entusiastas que procuram uma solução intermédia entre câmaras convencionais e telescópios de gama alta. E, volto a dizer, precisam de ir para valores muito mais altos para terem algo melhor em termos de fotografias ao espaço.

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Resumindo, o Dwarf 3 não é um produto barato, mas os amantes de fotografia e espaço irão adorar. É impressionante ver o que o Dwarf 3 consegue captar mesmo num local com alguma poluição de luz urbana. E no fim fica a satisfação, de alguém como eu, que adora o espaço mais do que tudo o resto, em ver fotos mesmo maravilhosas do que existe no nosso universo. Hoje à noite, uma vez mais, lá vou eu tirar mais umas fotos se as nuvens deixarem!


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