Agent Carter | Primeira temporada em análise

 

A agente Peggy Carter regressou aos ecrãs com “Agent Carter”, uma série recheada de ação, aventura e espionagem, uma combinação de elementos que a tornou numa das entregas mais originais do universo Marvel.

Passada após os acontecimentos do filme “Capitão América – O Primeiro Vingador”, “Agent Carter” mostra-nos Peggy Carter (Hayley Atwell) a adaptar-se à vida após a segunda guerra mundial e o desaparecimento de Steve Rogers, o Capitão América.

Agora em 1946, Peggy trabalha para a S.S.R. (Strategic Scientific Reserve), um ambiente predominantemente masculino onde a agente é tratada pelos colegas como se fosse inferior.

O caso quente da S.S.R. é Howard Stark (Dominic Cooper) -amigo de Peggy e futuro pai de Tony Stark, o Iron Man- acusado de traição por tráfico de armas.

Stark, em fuga, pede a Peggy que ajude a recuperar o armamento roubado e a provar a sua inocência, obrigando a agente a trabalhar às escondidas da S.S.R.

Agent Carter 1

Com apenas 8 episódios, a série não perde tempo a contar a sua história, oferecendo um enredo repleto de ação e com toques a lembrar as antigas séries televisivas de espionagem, acrescentando ainda um pouco de humor à mistura.

Apesar do seu tom leve, “Agent Carter” consegue fazer uma abordagem séria a vários tópicos importantes, e foi nesta crítica social que esta teve alguns dos seus momentos mais memoráveis.

Destaque especial para a forma como a série aborda a temática do stress pós-traumático nos antigos combatentes da segunda guerra mundial, mostrando como isto afeta cada um de modo diferente, fazendo um paralelismo interessante entre uma sociedade que quer esquecer com as pessoas que não o conseguem fazer.

“Agent Carter” também brilha quando lança a discussão dos valores sexistas da altura, e através de um humor mordaz consegue fazer uma crítica não apenas à sociedade tradicionalista de então, como também à de hoje em dia.

Ao abordar estes temas, “Agent Carter” conseguiu ganhar diversos momentos humanos que se tornaram na “alma” da série, podendo-se afirmar que apesar do trama cativante, o seu principal fio condutor foi sem dúvida o seu forte leque de personagens.

À semelhança dos filmes da Marvel em que apareceu, Hayley Atwell volta a assinar uma interpretação brilhante como a agente Peggy Carter.

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Agent Carter 2

Com mais tempo para se mostrar que nos filmes, Atwell apresentou aqui na perfeição uma Peggy a lidar com o luto da perda de Steve Rogers, assim como a sua dificuldade em encontrar espaço numa sociedade que não lhe dá o devido valor devido ao seu género.

A agente Carter esteve também acompanhada por um grande número de personagens que conferiram uma rica textura à série.

Uma delas é Edwin Jarvis (James D’Arcy), o fiel mordomo de Howard Stark, que trouxe a “Agent Carter” alguns dos momentos mais divertidos e mais compassivos da série.

Ao longo dos episódios foi possível observar a evolução de Jarvis como personagem, assim como o crescimento da sua amizade com Peggy, aspetos que foram dois dos vários pontos altos de “Agent Carter”.

Agent Carter 3

Menção especial também para Jack Thompson (Chad Michael Murray), um agente da S.S.R. arrogante e machista com uma evolução notável, que foi protagonista de um dos momentos mais memoráveis de “Agent Carter” ao simplesmente conversar com Peggy acerca dos seus pesadelos vividos em combate.

Com só 8 episódios e tantas personagens de qualidade, houve várias que ficaram a merecer um maior tempo de antena, tais como Angie (Lyndy Fonseca), uma das amigas mais próximas de Peggy, que foi fundamental para explorar a vida da agente fora do mundo de ação e espionagem.

A própria Peggy Carter ficou por vezes esquecida no meio das personagens, e em certos episódios foi relegada para segundo plano em detrimento da história central.

“Agent Carter” pecou também pela comédia em algumas das cenas, aproximando-se de um humor “slapstick” que ocasionalmente destoou do tom habitual dos episódios.

Embora tenha um estatuto de “spin-off” e dar seguimento ao primeiro filme do Capitão América, “Agent Carter” conseguiu estabelecer logo desde o primeiro episódio a sua própria identidade, nunca se deixando arrastar pelos filmes da Marvel.

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Agent Carter 4

Aliás, a série faz um excelente trabalho para com os espectadores não familiarizados com o universo Marvel (da BD ou do cinema), contando a sua história sem que seja preciso ter visto algum dos filmes.

Isto aplica-se inclusive quando “Agent Carter” lida diretamente com aspetos ligados aos filmes, como é o caso das origens do “projeto Black Widow”, por exemplo (em referência a Black Widow, a personagem interpretada por Scarlett Johansson no cinema), integrando-os no seu argumento com naturalidade e independência.

Utilizando os filmes como uma mais-valia e conseguindo estabelecer a sua própria voz, “Agent Carter” ofereceu uma brilhante, mas curta, viagem aos anos 40, provando ser uma excelente adição ao mundo Marvel.

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