Bloodline | Temporada 1 em análise

 

Bloodline é um conto aterrador de uma família que entra num declínio vertiginoso até chegar a um desfecho completamente arrebatador. Kyle Chandler e Ben Mendelsohn são os grandes motores nesta trama que promete nos deixar num estado de quase desespero, esperando e questionando o que os próximos episódios nos trarão.

 

Se os Clybourne são más pessoas ou apenas fizeram uma coisa má, só mesmo o telespectador o pode julgar. Mas o fascínio por esta família é quase imediato.

 

O regresso de Danny Rayburn (Ben Mendelsohn) a casa despoleta uma série de acontecimentos que nos guiam a um fantástico culminar de temporada. Há muito que Danny Rayburn é um género de patinho feio da família e a maior parte das pessoas não acredita que ele seja capaz de fazer uma mudança para melhor. Esta premissa leva a que vários elementos da sua família questionem se este regresso é mesmo uma boa ideia.

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Nem mesmo a vontade de John Rayburn (Kyle Chandler), uma espécie de referência e pêndulo moral dos Rayburn, irmão de Danny, e uma história quase peculiar que os leva a cultivar um relacionamento muito próximo, parece ter sido suficiente para que este patinho deixasse de ser feio. A personagem de Danny pretende ter uma segunda oportunidade com este regresso a casa mas, enquanto “patinho”, continua à volta da sua cerca sem conseguir encontrar solução para as suas aflições.

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Bloodline quase que é ofuscada pelo brilhantismo egocêntrico que estas duas personagens conseguem trazer para o ecrã. Mas os Rayburn não se cingem somente a Danny e John. Meg Rayburn (Linda Cardellini), uma advogada que presta auxílio judicial ao negócio da família, aparece como personagem bem-sucedida, mas que entra em vários tipos de conflito que incluem um noivo, um relacionamento amoroso que pode dar cabo de tudo, e ainda um oferta para trabalhar em Nova Iorque.

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Kevin Rayburn (Norbert Leo Butz), por seu lado, tem um temperamento difícil e uma relação conflituosa com Danny e com a sua mulher. Tanto Meg como Kevin acrescentam um contraste bem equilibrado com Danny e John.

Um dos elementos do enredo de Bloodline é a tempestade, tempo em que se desenrola um dos acontecimentos mais importantes da temporada, e que pode servir como uma metáfora do caos em que se encontra a família Clayburn.

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Interessante também realçar a voz do narrador, John Clayburn, que nos guia ao longo de vários episódios, revelando vários traços da personalidade de vários membros da família enquanto acrescenta uma dimensão mais sombria a Bloodline. Nesta voz, que é descontinuada ao longo da temporada, são reveladas intenções e motivações por detrás dos acontecimentos naquele dia de tempestade. Através dela podemos ter um guia para o caminho extraordinário que se vai trilhando de episódio para episódio.

 

O enredo “absorve” o espectador de uma maneira impressionante. A trama tem ramificações mais profundas do que inicialmente poderíamos estar à espera mas que só vêm demonstrar a dificuldade em explicar a complexidade das várias personagens sem que isso signifique algo de mau. Exemplo disso é a história que envolve o depoimento à polícia de John, Kevin e Meg, sobre um suposto acidente de carro (que não existiu), que vai encobrir os maus tratos de Robert a Danny, que, por sua vez, servem de encobrimento do acidente de Sara com o barco. Este é o tipo de argumento que Bloodline possui.

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As decisões de Danny, levam-no a envolver-se com Wayne Lowry (Glenn Morshower) criando uma fonte de rendimentos extra que expõe o negócio da família a um fim que pode ser desastroso. As ameaças que Danny faz a Meg, Kevin, John, mostram os vários desequilíbrios da sua personalidade, explorando também várias disfuncionalidades nos relacionamentos entre esta família.

 

Mas há um momento que surge quase de forma inesperada. Um Danny numa fase de completa loucura e num estado de autodestruição que promete levar a sua família de arrasto tem um frente-a-frente com John. Esta cena, no meio da praia, com as personagens praticamente isoladas da civilização tem um significado algo simbólico. Mas, ainda assim, há algo que não funciona. Toda a encenação, todos os jogos para encobrir as verdadeiras motivações de John e Danny, tudo o que os leva a estar naquele local, precisa de um desfecho. E ele veio. John mata Danny. Se foi a melhor opção? É um completo mistério. Aliás como muitas coisas que vão decorrendo ao longo dos episódios.

 

Mas a cena adquire outro simbolismo quando encontramos John dividido entre o alívio, por se ver livre de alguém que ameaçava a família e o negócio, e o sentido de mágoa por as coisas terem tido este desfecho. Kevin e Meg, neste caso em particular, ficam com um papel secundário apesar de terem ajudado John a encobrir este acontecimento. Mas fica a ideia de que o sossego pode não ter chegado para estas personagens.

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Depois do final de temporada de Bloodline fica a sensação de que algo está em suspenso. Afinal o que se segue?

 

Em jeito final, e no meio de todo este drama que decorre em “Bloodline”, podemos assinalar numa nota positiva, o regresso de Kyle Chandler à televisão num papel regular, depois da performance esplendorosa em “Friday Night Lights”.

 

Resta-nos registar também que Bloodline, Kyle Chandler e Ben Mendelsohn com as suas performances podem já ser considerados alguns dos destaques do ano.

 

 


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