Comic Con Portugal 2015 | A dobragem portuguesa de A Viagem de Arlo

 

 

O cinema de animação também esteve presente na Comic Con Portugal 2015 com o painel do filme A Viagem de Arlo, da Pixar, e os convidados Rui Paulo e Maria Camões.

O painel de A Viagem de Arlo da Comic Con Portugal 2015 iniciou-se com a apresentação de vários trailers do filme da Pixar e com imagens inéditas das gravações da dobragem portuguesa, onde foi possível identificar as várias personalidades que dão vida aos diversos personagens deste novo filme de animação.

Em seguida, o moderador do painel, Rui Pedro Tendinha, faz uma excelente introdução onde refere a importância da Pixar no mundo do cinema de animação, especialmente a mudança revolucionária que este estúdio provocou na indústria cinematográfica.

 

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O painel de A Viagem de Arlo contou com a presença de duas personalidades muito conhecidas no universo das dobragens, mas não só. Falamos do ator, dobrador e, no caso deste filme da Pixar, do diretor de dobragem, Rui Paulo, e da atriz e dobradora Maria Camões, responsável por dar vida a uma das personagens do filme.

Mais do que falar sobre A Viagem de Arlo, sobre a sua história e os seus personagens, o tópico mais abordado durante grande parte do painel foi, obviamente, a dobragem. Começamos por refletir acerca da importância dada pela Pixar na escolha das vozes para os seus personagens. Rui Paulo revela ao público que o processo de seleção das vozes não é de maneira nenhuma influenciado pelo mediatismo da pessoa que poderá dobrar a personagem. Na verdade, é exatamente o oposto. O estúdio Pixar escolhe a voz que se encaixa melhor na personagem, mesmo que quem fique com o papel não seja uma vedeta. Rui Paulo refere o caso do filme Wall-E, onde não estiveram envolvidos praticamente nenhuns atores famosos.

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Ainda sobre a eleição das vozes responsáveis por dar vida e alma às personagens da Pixar, o responsável pela direção da dobragem de A Viagem de Arlo explica ao público que é também a Pixar quem escolhe as vozes para a dobragem portuguesa e que a sua tarefa nesta fase como diretor de dobragem é apenas a de sugerir os atores e atrizes possíveis para ficarem encarregues desta tarefa.

 

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Rui Pedro Tendinha faz uma última questão aos dois convidados da Comic Con Portugal acerca do visionamento do produto final e ambos respondem que nunca o viram do princípio ao fim antes de fazerem as dobragens. Para Maria Camões, “não saber o que vem a seguir, ou o que veio antes, torna tudo mais real”, já Rui Paulo afirma “Não gosto que os meus atores vejam o trabalho completo antes” e continua dizendo que dessa maneira não há tendência da parte do ator em preparar-se, visto que já sabe tudo o que acontece na história e em particular ao seu personagem.

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Surge então o momento do público fazer as suas perguntas aos convidados e uma das primeiras questões colocada é, para Rui Paulo, bastante difícil de responder. Trata-se de saber se Rui e Maria preferem fazer teatro, dobragens ou televisão. Rui Paulo confessa que das três opções, a que lhe dá mais prazer é fazer teatro porque é algo que provoca sensações e sentimentos no momento da ação e é partilhado diretamente com o público, contudo o ator continua dizendo que em Portugal é complicado viver do teatro. Assim, ficando com as opções “dobragem” ou “televisão” à escolha, Rui Paulo não hesita em preferir a dobragem, comentando que para fazer dobragens é preciso gostar-se do que se está a fazer, caso contrário é simplesmente impossível realizar bem este trabalho.

A atriz Maria Camões começa a sua resposta revelando ao público sonhos que sempre teve: ser atriz, fazer dobragens e, de alguma forma, conseguir transmitir mensagens. Como hoje em dia a jovem atriz tem a oportunidade de representar e de realizar dobragens, Maria Camões confessa que se sente uma sortuda e acrescenta a possibilidade do seu trabalho ao nível da dobragem chegar mais longe por ser capaz de passar mensagens mais facilmente e a mais pessoas.

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A pergunta seguinte pretendia saber se, em filmes que contêm partes musicais, como acontece nos filmes Disney, o ator que dá voz ao personagem é responsável por cantar no momento musical onde o seu personagem está presente. Maria Camões é a primeira a responder e explica que quando o ator faz as duas coisas bem, acaba por se ele a dobrar as falas e a cantar as músicas, contudo são raros os casos onde acontece isto. Maria adianta ainda que nestas situações o melhor é ficar “cada macaco no seu galho”, deixando a dobragem e a música às pessoas mais indicadas para o efeito, e conseguindo um resultado final o mais satisfatório possível.

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Rui Paulo complementa a resposta da atriz esclarecendo o público que nas dobragens originais o processo funciona da mesma maneira. O diretor da dobragem de A Viagem de Arlo toma ainda a liberdade de expor a sua opinião pessoal acerca do assunto e afirma que para ele “o filme tem de ficar o mais encostado possível ao perfeito”. Deste modo, é preferível deixar um cantor responsável pelas músicas. Rui Paulo continua ainda dizendo que as pessoas têm de sair encantadas do cinema após verem o filme e isso só é possível se a dobragem estiver bem conseguida, tanto a nível de falas como músicas.

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O painel da Comic Con Portugal dedicado ao filme animação da Pixar continua e temos a oportunidade de descobrir algumas curiosidades tanto a respeito do filme A Viagem de Arlo como até dos próprios convidados. Por exemplo, a dobragem de A Viagem de Arlo terá demorado aproximadamente uma semana e meia a ser concluída, se fizermos uma estimativa de 8h por dia de dobragens. Rui Paulo explica ainda ao público do painel que este tempo varia muito com os filmes que estão a ser dobrados. Como A Viagem de Arlo é um filme com mais ação e menos conversa, torna-se mais fácil e rápido, enquanto um filme com menos ação e mais diálogos demorará mais tempo a dobrar.

 

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A certa altura, um elemento do público faz uma pergunta clássica: “Qual foi o personagem que mais gostaram de dobrar?”. A resposta de Maria Camões é imediata: Elsa do filme da Disney, Frozen. Já no caso de Rui Paulo, o ator divide-se entre dois filmes, um da Disney e outro da Dreamworks, e revela que o personagem Mushu do filme Mulan, e o personagem Burro, do filme Shrek, foram os seus favoritos. A resposta de Rui arranca um forte aplauso da plateia.

Tivemos ainda tempo para uma última questão que deixou o público presente no painel da Comic Con Portugal a refletir. Um jovem aproxima-se do microfone e questiona Rui Paulo acerca da sua opinião em relação às dobragens em outros países. Ao nível da animação a resposta é bastante clara para o ator: “Os desenhos animados devem ser dobrados”. Contudo, quando se trata de dobrar, ou não, imagem real, Rui Paulo responde com uma pergunta – “O que é pior? Estragar o som ou a imagem?” – visto que ao colocarmos legendas num filme estamos, de alguma forma, a manchar a obra de arte original e a imagem da película, e lança um desafio ao público:

Vejam um filme com legendas e a seguir vejam o mesmo filme sem legendas. Vão reparar em tanta coisa que não viram antes, porque passaram dois terços do filme a ler as legendas.

 

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Em relação às dobragens na televisão, o convidado da Comic Con Portugal continua o seu raciocínio explicando que “em televisão penso que deve estar tudo dobrado”.

O painel da Comic Con Portugal dedicado ao filme A Viagem Arlo e à dobragem portuguesa do mesmo é concluído por Rui Pedro Tendinha com a menção do próximo projeto da Pixar, À Procura de Dory, que para o moderador será certamente mais um triunfo do estúdio.

A Comic Con Portugal 2015 decorreu no Porto, durante os dias 4, 5 e 6 de dezembro

 

 

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