NOS Primavera Sound 2017 | Estes foram os melhores concertos que vimos

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O NOS Primavera Sound já lá vai. Está, portanto, na altura de fazer o balanço do melhor e do pior que vimos ao longo dos três dias que inundaram o Parque da Cidade do Porto de música. 

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À entrada para o primeiro dia, nossas as expectativas estavam no alto, sejamos sinceros. Estavam mais uma vez  reunidas todas as condições para desfrutar de três dias que se anteviam memoráveis (e até S. Pedro ajudou). No final das contas, podemos dizer que já houve edições mais impactantes do NOS Primavera Sound, mas esta terá sempre um lugar especial no nosso coração.

O primeiro dia foi eventualmente o menos corajoso dos três, talvez por força do lineup reduzido aos dois palcos principais. Cigarettes After Sex, que acabaram de editar o seu primeiro LP, foram os primeiros que vimos e não poderíamos ter pedido um melhor kick-off. Talvez a hora do dia (e o sol) não combinasse de forma explosiva com as canções de amor ali entoadas (que são uma espécie de resultado de um ménage de Mazzy Star, Beach House e Slowdive), mas foi bonito e sincero. O primeiro dia havia ainda de nos trazer alguns concertos um tanto ou quanto esquecíveis como os de Rodrigo Leão & Scott Matthew, Arab Strap, Flying Lotus e, de certa forma, Miguel, mas houve ainda espaço para o entusiasmo dos Run The Jewels. De seguida, subiam ao Palco NOS os Justice, que entregarem a fórmula esperada num concerto movimentado mas previsível.

Cigarettes After Sex © Hugo Lima

 

O segundo dia de NOS Primavera Sound ficou, como esperado, uns furos acima do primeiro dia. Bon Iver correspondeu às expectativas, num concerto muito experimental, visualmente apelativo e onde as músicas “antigas” (mesmo que com arranjos em consonância com o  último disco “22, A Million”) foram badaladas. O duo descontraído Whitney (aqui em formato banda) foi outro dos destaques de um dia que consagrou o concerto de Angel Olsen como um dos melhores desta edição. Outros destaques pela positiva foram Hamilton Leithauser e os King Gizzard & The Lizard Wizard, embora não tivéssemos tido a oportunidade de os ver na totalidade. Nicolas Jaar foi apenas simpático.

O último dia fica irremediavelmente marcado pelo concerto experimental de Aphex Twin (um soundcheck pertétuo? Ou uma espécie de Malick incompreendido da música eletrónica?) que originou uma debandada muito antes das portas fecharem. No auge da noite, os Metronomy davam o concerto esperado, sem grandes novidades face às últimas aparições em Portugal, mas também ele muito eficaz, fazendo com que o Parque da Cidade do Porto dançasse efusivamente. À mesma hora, Weyes Blood brilhava no Palco Pitchfork. Elza Soares e Sampha foram destaques no Palo Super Bock. Entre ambos os concertos, no palco ao lado (o NOS), The Growlers desiludiam (e de que maneira) num concerto desinspirado e sem carisma. À mesma hora de Sampha, a japonesa Mitski trazia o diabo no corpo e deus na alma. Usou da sua poderosa voz como libelo, a guitarra como um estandarte e o ritmo como uma arma demolidora, a pontos dos tambores ruírem literalmente sob a batida imperial, quiçá demasiadamente pesada, do seu volumoso baterista. Já os Operators, repuseram os níveis de adrenalina de uma assistência ainda emocionada com a atuação de Weyes Blood. Uma pose a lembrar os Sex Pistols, ajudou Dan Boeckner, ele também guitarrista dos Wolf Parade, a pôr todos a dançar ao som dos seus ritmos frenéticos a lembrar LCD Soundsystem em dia de festa.

Bon Iver © Hugo Lima

O NOS Primavera Sound 2017 terminou. No final, todos puderam tatuar o coração com os nomes das bandas que mais gostaram de ver. Dessa forma, há garantia de que o amor será eterno.

Quanto a nós, temos oito concertos que consideramos pontos altos desta edição. Descobre-os abaixo!

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Cigarettes After Sex

Não foi um concerto ao luar, muito menos hora e meia numa sala fechada. Foi à luz do dia e foi terrivelmente curto… mas soube tão bem. Greg Gonzalez apresentou o seu projeto como um trabalho de banda, mas quem esteve presente no Parque da Cidade do Porto não teve dúvidas em ver com clareza que os Cigarettes After Sex são o seu pequeno embrião. Um set de canções de amor entoadas para os verdadeiros apaixonados ou para aqueles de corações quebrados. “Affection” e “Nothing’s Gonna Hurt You” foram pontos altos de um concerto emotivo e sensível, onde houve ainda espaço para a revelação antecipada de “Sunsetz”, que faz parte do álbum de estreia homónino (lançado no dia seguinte).

Cigarettes After Sex © Hugo Lima




Run The Jewels

Os fãs já sabem as letras de cor e rejubilam a cada verso de protesto. Para quem não era propriamente um fã de Run The Jewels, há um sentimento de conversão à religião do duo americano. Em dia das eleições no Reino Unido, nada mais apropriado do que ouvir música com os holofotes colocados no mundo lá fora, ao mesmo tempo em que se celebrava o entretenimento ali “dentro”. Foi uma festa rija, recheada de momentos dignos de um espetáculo de stand-up e onde El-P e Killer Mike manifestaram o desejo em serem cidadãos do Porto. Sejam bem-vindos!

Run The Jewels © Hugo Lima



Whitney

Chegaram ao Porto vindos de Bolonha e sem dormir devido a um voo às 5h da madrugada. O cansaço não se notou nesta dupla de Chicago nem nos três elementos que os acompanham na tour. Whitney tornaram-se numa das mais carismáticas presenças desta edição do NOS Primavera Sound, seja pela música melódica (e convidativa ao sorriso fácil) ou pela forte interação com o público. Pena que simbiose perfeita entre o country, o folk e o pop que se ouvia em Light Upon The Lake se tenha transformado aqui em arranjos mais pesados que revelam uma certa perda da identidade da banda ao vivo. No entanto, o carisma estava todo lá… e só isso para nós já era suficiente.

Whitney © Hugo Lima



Angel Olsen

Vestido verde alface. Óculos escuros. Acompanhada de uma banda exemplarmente vestida. Guitarra na mão. Mão no microfone. Voz arrasadora. Angel Olsen foi a autora de um dos melhores concertos que pudemos ver no NOS Primavera Sound. O seu country/rock/folk entoado com alma e vigor combinava de forma magistral com o pôr-do-sol de Matosinhos que se estendia pela colina. Rezam as lendas que, quando Angel Olsen cantou “Sister”, de voz desgarrada e emocionante, milhares de pessoas sentiram arrepios pela espinha acima. Rezam ainda as lendas que algumas dessas pessoas até verteram lágrimas. Algo totalmente legítimo, convenhamos. Estaremos a contar os dias até ao nosso próximo encontro com  Mrs. Olsen.

Angel Olsen © Hugo Lima

 




Bon Iver

Era o concerto-chave desta edição e foram poucos os desiludidos. Bon Iver apresentou, como tem sido hábito nesta tour, uma setlist muito focada no novo trabalho 22, A Million (de tal forma que as sete primeiras canções são um perfeito decalque do alinhamento desse terceiro trabalho de estúdio). Não desvalorizando a introdução (visualmente poderosa e surpreendentemente menos contemplativa do que estaríamos à espera), o melhor ficava reservado para a sobremesa. Lá começou com “Perth”, seguiu-se um transmutado “Minnesota WI” (com novo arranjo em consonância com o novo álbum), o pequeno hino “Beach Baby” e quando chegou a “Holocene” já estávamos de coração tão cheio que transbordámos  (de lágrimas, claro). E mal sabíamos que, bem lá no fim, ainda haveria um “Skinny Love” em formato acústico (que podes ver no nosso Facebook). Não poderíamos pedir mais.

Bon Iver © Hugo Lima

 




Sampha

Se por algum motivo Frank Ocean e James Blake decidirem ter um filho, o nome dele só pode ser Sampha. O britânico apresentou no terceiro dia de NOS Primavera Sound o álbum de estreia Process, editado em fevereiro deste ano. A sua calorosa voz transita facilmente entre o soul e ritmos mais eletónicos, mas é em canções como “(No One Knows Me) Like The Piano” ou “Plastic 100ºC” que a sentimos como algo superior a qualquer atributo técnico. A voz de Sampha é um exímio veículo de transmissão de emoções, como talvez há poucos no soul contemporâneo.

Sampha © Hugo Lima




Metronomy

O pop eletrónico dos Metronomy provou que não são necessários grandes artifícios e surpresas para levar uma plateia ao rubro. Para o público do Primavera Sound, bastaram sensivelmente uma dúzia de hits instantâneos para que se desse um contágio de movimentos de anca. “Everything Goes My Way”, com a baterista Ana Prior a trocar de posição com o frontman Joseph Mount, foi um dos pontos altos de um concerto irrequieto, gerador de sorrisos inquebráveis e de declarações de amor ao Porto (“É o sítio mais bonito onde estivemos” – disse Joseph). A passagem dos Metronomy pelo Porto, ainda que previsível, foi também bonita.

Metronomy © Hugo Lima



Weyes Blood

No último dia, enquanto no Palco NOS o espetáculo dos Metronomy imperava, no Pitchfork outros talentos contaminavam de emoção e energia um espaço de grandes tradições. Natalie Mering (Weyes Blood) mostrou com uma  simplicidade quase comovente e uma voz invulgarmente bela e forte, porque razão Front Row Seat to Earth é uma homenagem ao bom gosto, onde baladas melancólicas e evocativas podem coexistir com atmosferas mais experimentalistas e de grande beleza. Pena uma afinação de som deficiente nas primeiras 2 ou 3 músicas. Mesmo assim a estrela do Pitchfork no dia 10.

Weyes Blood

 

 

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