A última mensagem do Papa Francisco dá origem a filme de Martin Scorsese
O cinema é inegavelmente a arte mais próxima da alma humana e Martin Scorsese sabe disso melhor do que ninguém.
Eis que, numa conjugação improvável de fé, educação e sétima arte, surge um projeto que promete deixar uma marca indelével no mundo do documentário. Martin Scorsese, o cineasta que nos deu “Taxi Driver“, “Goodfellas” e “Killers of the Flower Moon“, envolveu-se numa colaboração singular com uma figura igualmente icónica, mas de um universo aparentemente distante: o falecido Papa Francisco.
Papa e Martin Scorsese unidos pelo poder das histórias
A notícia, revelada pelo The Hollywood Reporter, chegou semanas após a morte do pontífice, acrescentando inegavelmente um tom de legado e urgência a este trabalho. “Aldeas — A New Story” não é apenas mais um documentário. É um projeto nascido do Scholas Occurrentes, o movimento educativo fundado pelo próprio Papa Francisco, que alia cinema, educação e construção comunitária. O projeto “Aldeas” não é apenas uma coletânea de filmes; é um manifesto audiovisual. Através de curtas-metragens realizadas em diversas comunidades globais, o objetivo era capturar conflitos, sonhos e a essência da jornada humana – tudo sob a visão educativa e espiritual de Francisco. Martin Scorsese viu neste projeto uma missão: “Agora, mais do que nunca, precisamos de falar uns com os outros, ouvir-nos interculturalmente”, afirmou.
O Papa, por sua vez, deixou palavras que agora soam como testamento: “Aldeas é um projeto extremamente poético e construtivo porque vai às raízes do que é a vida humana, a sociabilidade, os conflitos… a essência da jornada de uma vida.” Estas frases, gravadas antes da sua morte, ganham um peso emocional inesperado. O documentário promete mostrar não apenas o processo criativo por trás das curtas, mas também o diálogo entre dois homens que, à sua maneira, moldaram a forma como milhões veem o mundo.
Assim, a equipa criativa é tão eclética quanto o tema: Clare Tavernor e Johnny Shipley na realização, Martin Scorsese na produção, e nomes como Alfonso Gomez-Rejon (de “The Current War”) nos créditos. Uma fusão de talentos que reflete o próprio espírito do projeto – global, colaborativo, urgente.
Por que este documentário importa?
Num mundo cada vez mais fragmentado, onde algoritmos nos isolam em bolhas e a polarização domina o discurso, “Aldeas” surge como um antídoto. Martin Scorsese e Francisco partilhavam uma crença: o cinema como ponte entre culturas. Não se trata de homogeneizar visões, mas de celebrar identidades – algo que o Papa defendia fervorosamente. “Era importante para Francisco que as pessoas trocassem ideias com respeito, preservando a sua identidade cultural”, sublinhou o realizador.
Assim, o timing do anúncio, pós-morte do pontífice, acrescenta camadas à narrativa. Este não é apenas um filme; é um capítulo final não escrito pelo próprio Francisco, mas que carrega o seu DNA visionário. As filmagens decorreram em locais tão diversos como favelas brasileiras, aldeias africanas e bairros europeus, sempre com jovens como protagonistas – a geração que inegavelmente herdará um planeta em crise.
E, claro, há a curiosidade óbvia: como soavam as conversas entre Martin Scorsese, o mestre dos filmes de gangsters, e o Papa, o líder espiritual de 1,3 mil milhões de católicos? O documentário promete revelar esses momentos, numa rara junção de sagrado e profano.
O que esperas deste encontro entre o cinema e a fé? Deixa a tua opinião nos comentários.