Cleo Diára com um reconhecimento em Cannes. ©Terratreme

O Riso e a Faca | Prémios lá fora, por que razão os filmes portugueses demoram tanto a estrear?

Filmes portugueses como “O Riso e a Faca” ganham prémios em Cannes ou participam com sucesso nos grandes festivais internacionais, mas quando é para os vermos em sala…o espectadores têm de esperar. “O Riso e a Faca” e “Entroncamento” são o exemplo mais recente de um cinema premiado que vai chegar tarde e às vezes, já esquecido do público.

Imagine o seguinte: um filme português como “O Riso e a Faca”, vence um prémio importante em Cannes, o nome da protagonista está em todas as notícias, há buzz nas redes sociais… mas o filme não está em lado nenhum. Literalmente.

“O Riso e a Faca”, de Pedro Pinho, com Cleo Diára premiada em Un Certain Regard, só chega às salas em setembro ou outubro, se chegar, porque ainda tem de passar num dos grandes festivais mais provavelmente o DocLisboa 2025.

Entroncamento e O Riso e a Faca
Laura (Ana Vilaça) foge de um passado turbulento. ©Speak/Divulgação

O mesmo já tinha acontecido com “Grand Tour”, de Miguel Gomes. E agora provavelmente também com “O Riso e a Faca” e “Entroncamento”, de Pedro Cabeleira, que continuam sem data de estreia nacional.

É uma espécie de cinema fantasma: falado, elogiado, premiado… “O Riso e a Faca”, mas invisível para o público português. Enquanto isso, “Sirât”, do galego Oliver Laxe, estreou em Espanha logo após Cannes e levou mais de 50 mil pessoas ao cinema numa semana. A diferença? Estratégia. Apoio. Vontade.

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Sirât e O Riso e a Faca
Luis (Sergi López) e o seu filho Esteban (Bruno Núñez) em “Sirât” de Oliver Laxe  © Quim Vives

Quando o capital simbólico se esgota

Em Portugal, entre o prémio e a estreia de “O Riso e a Faca” ou “Entroncamento” vai criar-se um deserto de tempo.. O circuito de festivais parece sagrado, o impulso mediático é desperdiçado, e o capital simbólico esgota-se. Quando finalmente estreiam, os filmes já perderam o comboio do interesse dos potenciais espectadores e depois ainda se queixam da falta de público.

Não é só um problema logístico. É estrutural. Faltam distribuidores com músculo, salas com coragem e políticas públicas com visão. Mas falta também algo mais básico: agir quando ainda há tempo.

Porque estrear um filme premiado como “O Riso e a Faca”, meses de atraso é o equivalente a oferecer champanhe morno: perdeu o gás. Se queremos que o cinema português tenha espectadores, temos de o fazer circular cá dentro com o mesmo orgulho com que o celebramos lá fora.



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