Adolescentes à Deriva: Escolhas Académicas e a Ansiedade do Futuro
Estamos no pico do verão, e para muitos adolescentes, este é tudo menos um momento de leveza. As férias estão carregadas de uma pressão invisível (mas muito real): “O que vou fazer com a minha vida?”.
Se tens um filho, sobrinho ou enteado adolescente, sabes bem do que falo, também os tenho cá em casa! E se és tu esse jovem à deriva num mar de opções, cursos, medos e expectativas… senta-te, respira, este artigo é para ti.
Talvez ninguém te tenha dito isto ainda (ou se disseram, não acreditaste): não é suposto teres tudo decidido agora. E muito menos acreditar que o teu valor depende da faculdade que escolheres. (Spoiler: não depende.)
A pressão começa cedo… e afeta o corpo
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 1 em cada 7 adolescentes (dos 10 aos 19 anos) sofre de um distúrbio mental. Na Europa, esse número sobe para 1 em cada 4! Os gatilhos? Muitos, mas o stress académico está no top da lista.
Estudos demonstram que níveis elevados de stress escolar estão ligados a distúrbios de sono, desequilíbrios hormonais e sintomas depressivos. E sim, o corpo sente tudo isto como se estivesse a viver num episódio interminável de drama adolescente (versão biológica). A ansiedade prolongada ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, mas afinal o que é este palavrão!
Calma, não é uma nova banda indie.
Imagina uma central de alarme interna (como aquelas dos filmes):
- O hipotálamo é o segurança que vê algo estranho e carrega no botão vermelho.
- A hipófise é a assistente que pega no telefone e grita: “ALERTA!”
- As glândulas adrenais (lá em cima dos rins) são os bombeiros que dizem: “Cortisol, entra em ação!”
Resultado? O teu corpo entra em modo “foge ou luta”: o coração dispara, respiração muda e até a digestão entra de férias. Agora imagina esse alarme sempre ligado… O resultado? Stress crónico, insónias, cansaço e desequilíbrios hormonais.
A ilusão da escolha certa
Vivemos na era do ‘podes ser tudo’ mas ninguém nos ensina como escolher entre tudo isso sem explodir. A cultura do sucesso precoce (regada a TikToks de milionários com 19 anos) vende a ideia de que aos 18 já devias ser um génio realizado.
Mas deixa-me dizer-te: essa ideia é tóxica. E irreal. As carreiras mudam. E evoluem contigo. E o que hoje parece uma dúvida, amanhã pode ser uma descoberta. A tua saúde emocional e clareza interior valem mais que qualquer ranking universitário.
O que a série “Sex Education” nos ensina?
Na última temporada, vemos adolescentes cheios de dúvidas, conflitos e expectativas. A pressão para serem alguém, para saberem quem são, para agradar a tudo e todos… tudo ali está. Com empatia, com verdade.
A lição? Todos estamos a aprender. E merecemos espaço para experimentar, falhar e crescer sem sermos esmagados pelas expectativas (nossas ou dos outros).
Estratégias para navegar esta fase com mais saúde (e menos drama)
- Respiração de coerência: pausa, senta-te, inspira por 5 segundos, expira por 5 segundos. Repete por 2 minutos. Faz maravilhas para o teu sistema nervoso.
- Biofeedback e Neurotreino: técnicas que ajudam o teu corpo a sair do modo pânico e entrar em modo presente. Melhoram o foco, reduzem ansiedade e treinam a resiliência.
- Treino de Inteligência Emocional: saber identificar e gerir emoções devia ser matéria obrigatória no secundário. Ajuda a fazer escolhas mais alinhadas com quem realmente és.
- Psicoterapia: falar com alguém neutro, que não vai julgar, é transformador. Psicoterapia é autocuidado com profundidade. E não, não é só para ‘quem está mal’.
- Redefinir sucesso: o sucesso é a capacidade de viver com saúde, propósito e alguma leveza. Mudar de ideias, de curso ou parar não é fraqueza. É coragem e maturidade.
Escolher não é uma sentença. É o início de uma jornada.
E lembra-te: podes sempre mudar, voltar, recomeçar. O importante não é o que escolheste… mas quem estás a tornar-te nesse processo.
Cuida de ti. Informa-te.
E leva esta verdade contigo: a longevidade saudável começa com decisões emocionais conscientes e com sentido de humor, claro!
Sabias que…
Também eu já mudei de curso, fiz duas licenciaturas em áreas distintas, investi em dezenas de formações até encontrar o meu caminho.
Aos 43 anos, posso dizer-te com clareza: Resiliência não é só uma palavra bonita é foco, é coragem, é saber recomeçar com propósito. Por isso, se hoje estás a duvidar do teu rumo, acredita: cada curva tem o seu valor. Cada passo faz parte.
Autoria de Sónia Chagas Ratinho, Especialista em Longevidade Saudável & CEO da EQA Medicina Integrativa. Edição de Ângela Costa.