95% dos animais de estimação em Portugal estão em risco
Gatos, cães, coelhos e até porquinhos-da-índia, os animais de estimação fazem parte da família, mas quando adoecem, quem cuida do seguro?
Os animais de estimação já não são apenas companheiros: são filhos de quatro patas, confidentes silenciosos, heróis do TikTok e até convidados de honra em casamentos. Em Portugal, esta ligação afetiva é inegável — mais de metade dos lares partilha o seu quotidiano com pelo, patas e ronrons. No entanto, por detrás do carinho e das selfies partilhadas, esconde-se um paradoxo que revela uma negligência estrutural.
Portugal adora animais de estimação, mas não os segura
De acordo com o relatório da HelloSafe, Portugal é um dos países europeus com maior taxa de adoção de animais de estimação, com 54 % dos lares a acolher pelo menos um animal. Cães e gatos dominam o pódio, mas não estão sozinhos: coelhos, aves, hamsters e répteis fazem cada vez mais parte do ecossistema doméstico. Este número coloca-nos em linha com países tradicionalmente reconhecidos pelo seu amor animal, como a Alemanha ou França.
No entanto, quando se trata de segurança e cuidados de saúde, os números caem a pique. Apenas 5 % dos animais de estimação em Portugal estão segurados, um valor quase simbólico quando comparado com os 91 % registados na Suécia, país líder neste segmento. O Reino Unido, com 25 %, ou mesmo a vizinha Espanha, com 15 %, mostram uma preocupação crescente.
E não é por falta de acessibilidade. Em Portugal, o prémio mensal de um seguro animal situa-se entre os 10 € e os 25 € para cães, consoante a raça, idade e cobertura. É um custo equiparável a um jantar fora ou a uma mensalidade de ginásio — mas que pode fazer a diferença entre tratar uma infeção ou recorrer à eutanásia por falta de meios. Ainda assim, a mentalidade de “ele nunca ficou doente” continua a predominar.
O custo da despreocupação
O mercado global dos seguros para animais de estimação já ultrapassou os 9 mil milhões de euros, refletindo um crescimento anual robusto que se estende da América do Norte à Ásia. Esta expansão não é fruto do acaso, mas de uma compreensão crescente de que os cuidados veterinários modernos têm custos elevados e imprevisíveis. Uma simples cirurgia pode facilmente ultrapassar os 800 €.
Em Portugal, este cenário cria uma tensão emocional e financeira. Sem cobertura, muitos tutores são forçados a tomar decisões com base no orçamento, e não no bem-estar do animal. Isto não só agrava o sofrimento, como perpetua um ciclo de abandono e eutanásias evitáveis.
Como explica o barómetro da HelloSafe, “Portugal permanece um mercado emergente”, apesar da adesão sentimental aos animais de estimação. Por cá, falta literacia financeira, campanhas de sensibilização e, sobretudo, uma perceção de que o seguro não é luxo, mas prevenção.
Entre amor e responsabilidade
Num país onde os animais de estimação são tratados como família, é chocante que tão poucos estejam protegidos quando mais precisam. Não se trata apenas de números ou estatísticas secas — trata-se de vidas, de decisões difíceis e de uma cultura que precisa urgentemente de evoluir.
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