Olhos de Wakanda – Análise
“Olhos de Wakanda” é a nova série do universo da Marvel e do Pantera Negra. Esta é a análise deste projeto disponível na Disney+.
Estreou no passado dia 1 de agosto a nova série da Marvel: “Olhos de Wakanda” no Disney+. Com apenas quatro episódios, esta prequela do universo de Wakanda, mostra-nos as origens da cidade e evoca-nos magia e nostalgia. Assim, esta é a análise da série, realizada por Todd Harris, que tem dado que falar.
Uma nova visão da Marvel
Esta nova série do Disney+ é uma criação de Todd Harris, ilustrador e artista de storyboard em várias produções do MCU e colaborador próximo de Ryan Coogler. Agora, Harris estreia-se como realizador, assinando os quatro episódios da temporada. Em cada um deles, imprime uma estética visual inegavelmente bela e uma ambição narrativa que se revela gradualmente ao longo dos capítulos.
Antes de mais, é importante destacar o aspecto visual: “Olhos de Wakanda” combina modelos 3D angulares nas personagens. Assim falo numa estética que lembra Star Wars: A Guerra dos Clones, embora mais arredondada.
Uma viagem visual por diferentes civilizações
Ao longo da temporada, esta série da Marvel transporta-nos da Guerra de Troia até à China imperial, passando eventualmente pela Etiópia no virar do século XIX para o século XX. A produção deslumbra com paisagens montanhosas épicas, construções monumentais, cidades muradas, palácios sumptuosos, acampamentos militares à beira-mar. Além disso, as florestas e metais que caracterizam a paisagem única de Wakanda.
Este espectáculo visual não serve apenas para impressionar: ele evoca também um sentimento fundamental, que alimenta a narrativa e impede a série de cair no vazio estético.
Narrativa fragmentada, mas com propósito
Noutro contexto, “Olhos de Wakanda” poderia ser apenas um festim visual com pouca substância narrativa. No entanto, o argumento opta por uma estrutura onde cada episódio explora um período histórico diferente, sempre sob a perspectiva dos Hatut Zeraze (em bom wakandiano, os Cães de Guerra), uma força de elite secreta ao serviço do governo de Wakanda.
Esta escolha dificulta naturalmente o apego emocional a cada personagem, já que sabemos à partida que não voltaremos a vê-los após os créditos. No entanto, a série assume esta limitação e transforma-a numa força: a história não é apenas sobre aquelas pessoas, mas sim sobre algo maior que elas: a própria instituição e a sua missão ao longo dos séculos.
Um retrato épico de dever, sacrifício e identidade
No fundo, “Olhos de Wakanda” examina uma instituição que exige dedicação total e sacrifício absoluto. Trata-se de um projecto nacional que opera nas sombras e que, como tal, paga um preço alto em moeda humana. A narrativa fragmentada e desapegada do tempo presente é, por isso, adequada: a série precisa de um escopo que abranja séculos para mostrar o que muda, e o que permanece igual, dentro da instituição e das pessoas que dela fazem parte.
Ao longo dos episódios, vemos que estas figuras enfrentam dilemas éticos profundos e vivem com culpas e fracturas internas. “Olhos de Wakanda” questiona-nos sobre o que estamos dispostos a fazer por uma nação, por um ideal abstracto de pertença, por um futuro que talvez nunca vejamos. As suas preocupações vivem na linguagem do épico, tal como o seu visual.
Conclusão: o legado da Pantera Negra continua vivo
Em 2025, tal como aconteceu em 2018 com “Pantera Negra“, é refrescante ver uma produção de super-heróis com uma intenção clara e bem definida. “Olhos de Wakanda” demonstra que o universo de Pantera Negra no MCU ainda tem muito para oferecer, tanto em termos visuais como em profundidade temática.