Todos os filmes de Paul Thomas Anderson (One Battle After Another), do pior ao melhor
Paul Thomas Anderson é um dos grandes nomes do cinema moderno. Desde os anos 90, o realizador americano tem criado obras intensas e complexas, explorando temas como a solidão, o poder, o amor e a obsessão. Cada filme seu é uma experiência visual e emocional única, marcada por interpretações memoráveis e uma direção ousada. Agora que “One Battle After Another” chegou aos cinemas, é o momento certo para revisitar todos os filmes da sua carreira, do menos marcante ao mais extraordinário.
10- Hard Eight (1996)
O primeiro filme de Paul Thomas Anderson é uma história modesta, mas reveladora do talento que estava a nascer. “Hard Eight” apresenta Sydney, um jogador experiente que decide ajudar um jovem perdido em Las Vegas. Entre cigarros, apostas e redenção, o filme constrói uma relação ambígua e humana.
Embora a narrativa avance com alguma lentidão, há um tom melancólico e uma sensibilidade moral que prenunciam o estilo futuro do realizador. Assim, o elenco, com Philip Baker Hall e John C. Reilly, dá uma força dramática a um enredo que, apesar de simples, já revela uma maturidade invulgar para uma estreia.
9- Inherent Vice (2014)
Em “Inherent Vice”, Anderson mergulha na loucura dos anos 70 com um detetive privado, Doc Sportello, interpretado por Joaquin Phoenix, que tenta resolver um mistério impossível. Adaptado de um romance de Thomas Pynchon, o filme mistura humor absurdo, crime, nostalgia e uma névoa constante de fumo. O resultado é visualmente fascinante, mas também caótico e desafiante.
A narrativa labiríntica pode confundir, e talvez seja essa a intenção: retratar um tempo em que tudo parecia escapar entre os dedos. É uma comédia noir onde o sonho e a realidade se confundem, e onde Anderson experimenta com um estilo mais livre e psicadélico.
8- Licorice Pizza (2021)
Com “Licorice Pizza”, Anderson regressa à Califórnia dos anos 70 para contar uma história de juventude e descoberta. Gary, um adolescente empreendedor, e Alana, uma jovem sem rumo, vivem uma amizade ambígua num mundo cheio de energia e contradições. O filme é leve, divertido e nostálgico, com uma atmosfera de verão interminável.
Contudo, sob a aparência de comédia romântica, esconde-se uma reflexão sobre a passagem do tempo e a inocência perdida. Assim, o ritmo é encantador, e a química entre os protagonistas dá-lhe uma autenticidade rara. É uma carta de amor a uma era e à própria ideia de crescer.
7- Phantom Thread (2017)
“Phantom Thread” é um retrato elegante e inquietante sobre a obsessão e o controlo. Daniel Day-Lewis interpreta Reynolds Woodcock, um costureiro meticuloso cuja vida é virada do avesso por Alma, uma mulher que desafia o seu domínio. Anderson filma este confronto com uma beleza fria e quase gótica.
A história é tanto um romance quanto uma batalha psicológica. Cada detalhe, desde a luz até ao som do tecido, reforça o clima sufocante e sedutor. Assim, o filme fala sobre amor e dependência, poder e vulnerabilidade, revelando um lado mais sombrio e contido do cineasta.
6- The Master (2012)
“The Master” é uma das obras mais complexas de Paul Thomas Anderson. A relação entre Freddie Quell, um veterano instável interpretado por Joaquin Phoenix, e Lancaster Dodd, um carismático líder religioso vivido por Philip Seymour Hoffman, é o centro de um estudo profundo sobre fé e manipulação. A cinematografia é grandiosa e o tom quase hipnótico.
Anderson evita respostas fáceis, preferindo mergulhar no mistério das motivações humanas. O filme é denso e desafiante, mas também magnético. Assim, é sobre homens à procura de sentido num mundo em colapso, e sobre como a necessidade de pertença pode transformar-se em prisão.
5- Punch-Drunk Love (2002)
“Punch-Drunk Love” é, talvez, o filme mais inesperado da carreira de Anderson. Ao escolher Adam Sandler para protagonizar um drama romântico, o realizador criou algo profundamente original. A história de Barry Egan, um homem tímido e emocionalmente frágil que encontra o amor, mistura ternura e caos.
Além disso, a fotografia colorida, a música pulsante e o humor estranho criam uma experiência sensorial única. É um filme sobre vulnerabilidade e libertação, onde a violência emocional se converte em doçura. Pequeno em escala, mas enorme em emoção, é uma das joias mais discretas do seu autor.
4- Boogie Nights (1997)
Em “Boogie Nights”, Anderson recria o auge e a queda da indústria pornográfica dos anos 70 e 80 através da ascensão de Dirk Diggler, interpretado por Mark Wahlberg. O filme é uma epopeia vibrante sobre fama, desejo e decadência. A montagem frenética e a energia do elenco, que inclui Julianne Moore, Burt Reynolds e Philip Seymour Hoffman, fazem desta obra um retrato poderoso da ilusão do sucesso.
Além disso, há humor, tragédia e uma empatia rara por personagens marginalizadas. É o filme que colocou Anderson no mapa e mostrou a sua capacidade de unir espetáculo e humanidade.
3- There Will Be Blood (2007)
“There Will Be Blood” é uma obra monumental sobre ambição e ganância. Daniel Day-Lewis interpreta Daniel Plainview, um homem obcecado pelo petróleo e pelo poder. Anderson filma o deserto americano como um palco bíblico onde se enfrentam fé e corrupção. Cada plano é meticulosamente construído, e a trilha sonora dissonante acentua a sensação de inquietação.
Assim, o filme é uma excelente meditação sobre a alma americana e o preço do progresso. Brutal e hipnótico, é uma das maiores criações do século XXI.
2- One Battle After Another (2025)
O mais recente filme de Paul Thomas Anderson é um retrato poderoso e profundamente atual. Leonardo DiCaprio interpreta Bob, um antigo revolucionário e toxicodependente que vive escondido com a filha, interpretada por Chase Infiniti. Quando o passado regressa e ela é raptada, Bob tenta seguir um plano antigo para salvá-la — mas já não se lembra de todos os passos.
“One Battle After Another” é um épico comovente, hilariante e chocante, que mistura drama, sátira e emoção pura. Anderson cria uma obra intensa e imprevisível, onde o riso e a tragédia coexistem. Assim, visualmente deslumbrante e emocionalmente devastador, é o seu filme mais urgente e, possivelmente, a sua melhor hipótese de conquistar o tão desejado Óscar de Melhor Realizador.
1- Magnolia (1999)
No topo da lista está “Magnolia”, o filme que melhor resume o universo de Paul Thomas Anderson. Várias histórias cruzam-se num mesmo dia em Los Angeles, unidas por culpa, perdão e coincidência. O elenco é excecional, com Tom Cruise, Julianne Moore e Philip Seymour Hoffman em interpretações inesquecíveis. É um filme sobre o caos da vida e a esperança que sobrevive no meio da dor.
Além disso, a chuva de rãs, os longos planos e a música de Aimee Mann tornam-no numa experiência cinematográfica total. Assim, “Magnolia” é emoção pura, e continua a ser, para muitos, o grande momento da carreira de Paul Thomas Anderson.
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